parte 13

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KARINE ME RECEBEU CALOROSAMENTE na casa da mãe dela

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KARINE ME RECEBEU CALOROSAMENTE na casa da mãe dela. Nos abraçamos quando ela mal tinha atendido a porta. Agora estamos no quarto que costumava ser dela.

— Lembro que a gente vinha aqui às vezes ver as fotos que você tirava. — ela comenta eufórica, dando um sorriso enorme e segurando minhas mãos.

— Sim. Era bem divertido. — acompanho ela, talvez na mesma empolgação.

— Você tá maravilhosa, Cíntia. Sério, tinha até me esquecido da cor natural do seu cabelo. Ficou lindo assim.

— Brigada, você que tá demais. — devolvo o elogio.

— Eu soube da sua mãe. Sinto muito. — ela diz depois de uma pausa.

— É, eu também. — desvio o olhar. — Sabe a última coisa que ela me disse? "Queime no inferno, Cíntia". — dou risada da minha própria desgraça.

— Ela sempre foi...estranha, né? Acho que isso é o destino fazendo ela pagar por tudo o que te fez.

— Talvez. Mas não quero falar disso. E você? Sentiu mesmo minha falta?

— Claro que senti. — ela me afirma com certeza.

— Duvido. Aposto que conheceu tanta gente legal nos lugares que você já viajou.

— É, mas ninguém tão legal como você. Desculpa por ter sumido por tanto tempo. Minha vida tá tão corrida agora, sabe? Amanhã mesmo eu tenho que ir pro Rio participar de mais um desfile.

— Poxa, já? Parabéns. — dou de ombros, meio sem graça.

— O que acha da gente ir naquela sorveteria nova do bairro? — ela muda de assunto, mais empolgada ainda.

— Num frio desse, Karine? — cruzo os braços.

— Besteira. Isso deixa tudo mais aesthetic. — ela segura minha mão e nós caminhamos até a saída.

— Ai, ai... — gargalho genuinamente, me sentindo bem com esse nosso tempo juntas.

Fomos na sorveteria e eu pedi um milkshake. Karine escolheu dois cascões com três bolas. Ela continua esfomeada.

— Que cara é essa? Ser modelo cansa, tá? — ela brinca, lambendo seu sorvete. — Agora me conta, fotografia é mesmo seu sonho ou se arrependeu?

— É sim. Me sinto completa. Ou quase completa.

— Hmmm. E o seu ex irmão postiço? — ela dá um sorriso malicioso.

— A gente se reencontrou tem um tempo. Estamos...tentando de novo. Mas é difícil. — abaixo a cabeça, tentando esconder minha cara de decepção comigo mesma.

— Por quê?

— Eu tô estranha. Triste. Deprimida. Raivosa. Tantas coisas e ao mesmo tempo nenhuma. É complicado explicar. — movo o canudo pelo meu copo, fazendo linhas de chocolate dentro da bebida.

— Você ama ele?

— Demais. Nunca deixei de amar, Ka. Mas parece que...

— Que o quê?

— Que comigo ele só vai ter problemas. Que eu trago azar pra vida dele. Eu fico lembrando toda hora das coisas que minha mãe e o Luís diziam sobre a gente. Que não éramos bons um pro outro. E-

— Cíntia, para. — ela me interrompe. — Você tem que dar um jeito de deletar essas memórias ruins. Senão elas vão te matar pouco à pouco. Eu recomendo você fazer terapia.

— Terapia? — pergunto, pela primeira vez pensando nessa possibilidade.

— É. Vai ser bom pra você. Vai te ajudar à refletir.

— Não sei, Karine. Eu tenho um certo bloqueio com pessoas novas entrando na minha vida.

— Eu te ajudo. Conheço uma psicóloga muito boa. — ela toca na minha mão, e eu levanto o olhar, voltando à reparar no movimento da rua, já que estamos sentadas numa mesa do lado de fora da sorveteria.

— Valeu. — agradeço e viro a cabeça pro lado rapidamente, porém vejo algo aterrorizante.

Na esquina, perto de um poste, tá ele. O Luís, parado me olhando seriamente. Viro pra frente de novo e respiro fundo, emitindo um som de desespero.

— Cíntia? Tá tudo bem? — quase não ouvi o que Karine disse.

Olhei pra esquina de novo e ele não tá mais lá. Foi uma visão? Eu tô alucinando? Que porra foi essa?

— Karine... — chamo ela, minha voz trêmula. — Eu vi ele. Ali. O...O Luís, Karine, ele... — aponto pra o local e ela presta atenção, confusa.

— Não tem ninguém ali.

— Mas tinha! — se desespero ainda mais.

— Amiga, calma. — ela diz.

— Eu quero ir embora. Vamo embora, por favor! — imploro pra ela, quase chorando de agonia.

— Tá bom. Tá bom. — saímos dali sem ao menos terminarmos nosso sorvete.

Viemos pra o meu apartamento. Rayane não está em casa. Assim que chego, ligo pro loiro e peço pra ele vir rapidamente. Karine e eu esperamos sentadas no sofá, eu tive medo até mesmo de chegar perto da sacada. Não pode ser, ele me achou? Como? Pra quê?

— O que houve? — Rafael pergunta quando Karine atende a porta. — Karine?

— Oi. — ela cumprimenta ele.

— Rafael. — chamo o loiro, ele vem e se ajoelha à minha frente, ficando da mesma altura já que estou sentada no sofá.

— Não me assusta, fala logo. — ele acaricia meu rosto.

— O Luís. Eu vi o Luís. — digo sentindo meu peito palpitar.

— O quê? Onde? — ele põe as mãos nos meus joelhos.

— Eu... — perco as palavras e respiro fundo.

— A gente foi numa sorveteria, e ela disse que viu ele numa esquina, perto de um poste. — Karine explica. — Quando eu olhei não tinha ninguém.

— Mas tinha. Ele tava lá, eu vi! — choro desolada.

— Açaí, calma. Calma! Eu tô aqui. Nada vai te acontecer, entendeu? Nada. Eu tô aqui. — o loiro me abraça forte e distribui beijos pelo meu rosto.

— Você acredita em mim? — pergunto quando olho em seus olhos de novo.

— Claro.

— Nós dois acreditamos. — Karine diz, se aproximando. — O Luís tava preso?

— Pelo que eu sei, sim. — Rafael responde. — Ou ele saiu mais cedo, ou fugiu.

— Mais essa agora. — murmuro, enxugando meu rosto molhado. — Nunca mais vou sair daqui. Eu tô com muito medo, Rafael. Muito mesmo. — meu rosto dói de tantas expressões tristes.

— Pra ser honesto, eu também. — ele diz num tom baixo e melancólico.

— Bom, o que faremos? — Karine pergunta.

— Eu vou perguntar à Madalena. Talvez procurar saber com a polícia. Algo assim.

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