parte 2

1.4K 121 24
                                    

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Merda

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Merda. Merda. Merda. Merda! Eles estão fechando! Estão literalmente fechando!

— Estamos perdidos. — fecho os olhos percebendo meu corpo paralisado, mesmo ainda encostado na parede do lado de fora do armazém.

— Perdidos? Estamos mais pra "fodidos". — Rafael me corrige, antes de lubrificar os lábios.

— O que quer fazer à respeito?

— A gente procura outro lugar. Talvez no centro de São Paulo? — ele sugere, um pouco receoso.

— Não! O interior é mais libertador. Não quero ficar rodeada de prédios e coisas urbanas. Você quer?

— Sei lá. Tudo lá é uma merda, mas ficar sem teto por aqui também é arriscado. Pode vir um assaltante aleatório da cidade e fazer alguma coisa pior do que só nos roubar. — ele coloca seu pessimismo pra fora.

Eu já me imaginei sendo torturada ou assassinada. Ouvi dizer que na vida real é vinte vezes mais assustador.

— Eu sei. — respiro fundo, antes de começar à caminhar em direção ao carro.

— Onde vai? — ele me segue, confuso.

— É melhor decidir enquanto dirige. Faz bem pra cabeça e tranquiliza. — bato no teto do veículo com a mão fechada, só pra irritar Rafael.

— Desde quando entende dessas coisas? — ele abre a porta do carro e entra.

— Desde que fugimos pro meio do nada só pra não ter que lidar com uma família problemática. — sorrio, e ele revira os olhos, posteriormente me olhando de volta e dando uma piscadinha.

Liguei o rádio e dancei enquanto fotografava meus tênis largados em frente ao vidro principal. Também fotografei Rafael, que fez umas caras engraçadas mas depois se encheu e não quis mais tirar foto. Isso não me impediu de tirá-las, claro. Eu sou persistente e ele adora isso.

Ele me adora e eu adoro ele.

Então, se a gente achar uma casa por aqui, podemos pedir ajuda, fingir que nos perdemos, sei lá. Vão nos deixar ficar por um tempo. — Rafael volta ao assunto.

— É, mas esse "tempo" não garante nada. E olha como a gente se veste, cara! Parecemos um casal de burgueses, então não vão acreditar tão fácil.

— E por acaso burgueses não se perdem? — ele provoca, e eu reviro os olhos. — É uma boa ideia, confesse.

— Eu não vou confessar nada. — dou de ombros, e ele me faz cócegas. — Ai, para! Para! — gargalho enquanto tento tirar a mão dele da minha camiseta.

Isso seria pervertido se não fosse inocente.

— Cíntia, corta essa unha, mano! — ele reclama, checando se os dedos estão inteiros.

— Eu corto, tá? — me ofendo.

— Percebi. — ele debocha, mas para de zoar quando vê um cara de macacão jeans pedindo carona na rua.

— O que tá fazendo? — questiono o loiro, que para o carro em frente ao homem, e coloca a cabeça pra fora da janela.

— Oi, quer uma carona? — Rafael pergunta e o cara responde com um sorriso amarelo.

Bem amarelo.

inside [r.l]Onde histórias criam vida. Descubra agora