Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Merda. Merda. Merda. Merda! Eles estão fechando! Estão literalmente fechando!
— Estamos perdidos. — fecho os olhos percebendo meu corpo paralisado, mesmo ainda encostado na parede do lado de fora do armazém.
— Perdidos? Estamos mais pra "fodidos". — Rafael me corrige, antes de lubrificar os lábios.
— O que quer fazer à respeito?
— A gente procura outro lugar. Talvez no centro de São Paulo? — ele sugere, um pouco receoso.
— Não! O interior é mais libertador. Não quero ficar rodeada de prédios e coisas urbanas. Você quer?
— Sei lá. Tudo lá é uma merda, mas ficar sem teto por aqui também é arriscado. Pode vir um assaltante aleatório da cidade e fazer alguma coisa pior do que só nos roubar. — ele coloca seu pessimismo pra fora.
Eu já me imaginei sendo torturada ou assassinada. Ouvi dizer que na vida real é vinte vezes mais assustador.
— Eu sei. — respiro fundo, antes de começar à caminhar em direção ao carro.
— Onde vai? — ele me segue, confuso.
— É melhor decidir enquanto dirige. Faz bem pra cabeça e tranquiliza. — bato no teto do veículo com a mão fechada, só pra irritar Rafael.
— Desde quando entende dessas coisas? — ele abre a porta do carro e entra.
— Desde que fugimos pro meio do nada só pra não ter que lidar com uma família problemática. — sorrio, e ele revira os olhos, posteriormente me olhando de volta e dando uma piscadinha.
Liguei o rádio e dancei enquanto fotografava meus tênis largados em frente ao vidro principal. Também fotografei Rafael, que fez umas caras engraçadas mas depois se encheu e não quis mais tirar foto. Isso não me impediu de tirá-las, claro. Eu sou persistente e ele adora isso.
Ele me adora e eu adoro ele.
— Então, se a gente achar uma casa por aqui, podemos pedir ajuda, fingir que nos perdemos, sei lá. Vão nos deixar ficar por um tempo. — Rafael volta ao assunto.
— É, mas esse "tempo" não garante nada. E olha como a gente se veste, cara! Parecemos um casal de burgueses, então não vão acreditar tão fácil.
— E por acaso burgueses não se perdem? — ele provoca, e eu reviro os olhos. — É uma boa ideia, confesse.
— Eu não vou confessar nada. — dou de ombros, e ele me faz cócegas. — Ai, para! Para! — gargalho enquanto tento tirar a mão dele da minha camiseta.
Isso seria pervertido se não fosse inocente.
— Cíntia, corta essa unha, mano! — ele reclama, checando se os dedos estão inteiros.
— Eu corto, tá? — me ofendo.
— Percebi. — ele debocha, mas para de zoar quando vê um cara de macacão jeans pedindo carona na rua.
— O que tá fazendo? — questiono o loiro, que para o carro em frente ao homem, e coloca a cabeça pra fora da janela.
— Oi, quer uma carona? — Rafael pergunta e o cara responde com um sorriso amarelo.