Capítulo 12

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Dulce Maria


Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo, por que eu? Aquelas mãos horrosas me tocando, sussurrando que ia acabar comigo, aqueles beijos e mordidas que me davam ânsia de vômito. Parecia que era um filme, e eu era a protagonista.

Nunca tive muito medo na vida, e quando eu tinha, acreditava que no final tudo iria ficar bem. O que infelizmente não ocorreu naquela hora, a única coisa que pensava era que minha vida iria acabar, assim que ele coloca-se suas malditas mãos em mim, e não seria só ele, como também a quadrilha toda. Meu Deus!

Enquanto ele me torturava na frente de todos, mantia os meus olhos fechados para não ver a humilhação que ele me fazia sofrer. Ele falava como se eu fosse uma carne suculenta.

Uma maldita carne suculenta!

Meu Deus!

Meia hora depois, ele saiu da direção do banco carregando várias bolsas enormes e pesadas contendo dinheiro. Os outros saíram para fora e quando achei que ele iria embora também, ele voltou e o que eu mais temia aconteceu, ele iria me levar e destruir minha vida. Implorei desesperada, me debatia, agora com mais medo do que iria acontecer depois, do que com a maldita metralhadora. 

Quando pensei que fosse o fim. Ouvi uma voz firme, grossa mandando ele me soltar. O chefe da quadrilha apertou meu pescoço quase me sufocando e debochadamente começou a falar com a cara atrás dele.

Quando de repente ele me solta e com o empurrão dele, caio no chão. Abri os meus olhos vendo a briga deles, um por cima do outro, socando o outro, tudo parecia câmera lenta e ouvi um disparo e depois outro...o ladrão saiu de cima dele e andou até a saída, mas antes falou alguma coisa pra ele e saiu sem olhar para atrás e sem...mim.

Minha única reação foi me aproximar dele, do homem desacordado no chão. E com os dedos da minha mão, coloquei eles em volta de seu pescoço para ver se ainda estava vivo.

E estava.

Já se podia ver o porço de sangue em sua volta. 

As pessoas agora mais calmas, mais ainda nervosas, se aproximaram devagar e ficaram em minha volta e ao do homem que me salvou e agora estava morrendo. Ele está perdendo tanto sangue, poderá ter um hemorragia fatal e...já era.

Dulce: CHAMEM UMA AMBULÂNCIA...- gritei e com força que jamais pensei ter rasguei um grande pedaço da sua blusa e amarrei com certa força, em torno dos ferimentos de sua costela.  

Destanquei o sangue, e isso era bom. 

Ttt: Chamei a ambulância.- um homem avisou olhando para minhas mãos, braços e blusas cheias de sangue.

Iii: Cadê a polícia? - olhou em volta.

Messias: Ele ainda está vivo? - o gerente me olhou com medo.

Dulce: Sim...por enquanto - suspirei vendo mais uma vez seu pulso e estava fraco.

Meu Deus!

Se ele morrer, vou ser a culpada, por favor, fique bem.

Me sentei no chão e coloquei sua cabeça em meu colo, acaraciei seus cabelos e rosto tentando engolir em seco. Ele me salvou, agora ele precisa se salvar.

Não sei por quanto tempo fiquei olhando para seu rosto e o acariciando, só consegui ver os policiais fardados chegando com os paramédicos e me puxarem para poderem fazer os primeiros socorros.

O coloram em uma maca emprovisada e o levaram para a ambulância.

Policial: Quem fez o estanque nele? - perguntou em geral mais tinha os olhos em mim.

Talvez pelo sangue em mim.

Dulce: Eu. - murmurei vendo o levantarem para entrar na ambulância.

Meu coração acelerou, minha boca ficou seca.

Policial: Muito bem. - olhou em volta - Não tinha mais ninguém com ele?

Messias: Não. Ele veio sozinho.

Dulce: Eu vou com ele.- falei antes do policial abrir a boca. E começei a andar em direção a ambulância.

O paramédico tentou me barrar, mas o policial disse que eu era única que estava com ele, então não tiveram como me impedir, entrei na ambulância vendo a cena dele no canto deitado sendo atendido por um dos três paramédicos. Me sentei em um dos pequenos bancos e vi pela janela ao meu lado, as pessoas olharam para o carro enquanto ele se afastava.

 
[...]

Parecia que estávamos indo para o Reino tão, tão distante. Nunca pensei que ir para um hospital poderia demorar tanto. Os paramédicos já tinham feito todos os procedimento e agora me faziam milhares de perguntas sobre o assalto e o cara que estava desacordado.

Eu desconversava ia para o assunto do assalto, eles também me examinaram e eu estava fisicamente bem, mas psicologicamente...

Um dos paramédicos, Bruno levantou para conversar com o motorista e eu sentei no banco que ele estava sentado antes. Fixei os olhos nos tubos presos no rapaz com aparência pálida, muito pálida.

Dulce: Qual  é a gravidade dele? -perguntei para o Henrique ao meu lado que mexia na máquina que levava oxigênio para ele, um dos paramédicos ali.

Henrique: Você faz medicina? - me olhou.

Dulce: Não...ainda, mas consigo entender um pouco dos quadros em geral - falei sem deixar de fitar aquele homem.

Henrique: Bom, você estancou o sangue, o que ajudou muito, mas as duas balas estão preguinadas na costela direita, o que precisará de cirurgia de remoção das balas. Aplicamos aqui, uma cartela inteira de morfina, para não fazer-lo sentir muita dor, caso ele acorde por alguns segundos, o quadro dele é crítico - negou com a cabeça - Seja o que Deus quiser!

Meu Deus! Por favor! Por favor! Por favor! Que ele fique bom. Por favor! Suspirei e meio que automaticamente toquei em sua mão gelada. Acaraciei sua palma.

Quis chorar vendo ele nesse estado. Meu peito ardeu, minha vista ficou embaraçada e minha garganta seca. Quando uma gota caiu em sua mão, percebi que estava chorando.

Limpei rapidamente as lágrima que insistia cair em meu rosto.

Senti uma leve pressão em minha mão, e percebi que a fria mão dele estava se movendo lentamente. Ergui os olhos para encará-lo e o vi abrir suas pálpebras muito lentamente. Quando finalmente conseguiu fixar os olhos em alguma coisa, foi em mim, nos encaramos. E eu ainda segurava sua mão, ainda mais apertado do que antes. Muito mais apertado.

Ccc: V...c...o...c..e...- murmurou com dificuldades por causa do tubo em sua boca.

Dulce: Shhhe...- pedi - Estou aqui e não vou sair do seu lado - prometi usando a minha outra mão, para acariciar o seus cabelos bagunçados.

Ccc:L..i...g...a...m....e...u....ce...lular - falou me olhando fixamente.

Desviei o olhar e procurei com os olhos o celular dele, que estava em cima de umas outras máquinas voltei a encará-lo, e ele estava no mesmo jeito, me olhando sem piscar.

Encarei seus olhos lindos, cor de mel que quase me fez suspirar e aos poucos, foi se fechando e ele apagou de vez em meio ao meus toques e carinho.

Dulce: Vai ficar tudo bem...- murmurei ainda o acariciando - Tudo bem...

Almas Opostas (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora