Capítulo 86

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Dulce Maria

Em toda minha vida jamais pensei que pudesse ser detida. Nem mesmo quando ajudei Zoraida a espancar Otávio e ele acabar parando no hospital com uma assistente social furiosa querendo saber quem foi que fez isso com ele e com o amiguinho dele.

E agora lá estava eu, na delegacia, na sala do delegado, cujo nome era Fábio Freitas, sentada em frente da cadeira dele e ouvindo que seria presa por tráfico de drogas. 

Presa.

Por tráfico de drogas.

Se alguém me falasse isso à dois anos atrás, ia gargalhar horrores, mas agora a última coisa que eu queria era gargalhar dentro daquela sala. 

Dulce: Eu já falei que isso não é meu. - respirei fundo para não surtar.

Fábio: Nunca é, não é verdade? - falou pouco se importando - Todos que estão presos são inocentes. - debochou mexendo no computador.

Dulce: Eu não sou traficante, meu Deus, eu nem consumo álcool, quem dirá drogas! - neguei nervosa - Essas porcarias não são minhas.

Fábio me encarou.

Fábio: A bolsa não é sua?

Dulce: A bolsa é sim, mas essas drogas não são minhas. - levantei ainda com as mãos presas na algema.

O único policial que estava na sala, além do delegado e eu, ficou em alerta.

Fábio: Quer um conselho? Confesse logo, reduzirá sua pena. 

Dulce: Pena? Não sou uma criminosa, quantas vezes tenho que falar isso?

Fábio: Sabe quantas jovens como você já foram presas por tráfico? Inúmeras e acredite, a maioria delas eram de boas famílias. - voltou a encarar o computador - Precisa saber que tem direito a uma ligação e à um advogado e se não puder pagar, o estado arruma um para você. - avisou.

Dulce: Eu estou aqui à mais de duas horas e só agora fala isso? - perguntei irritada - Podia ao menos tirar essas malditas algemas de mim.

Fábio: A delegacia estava cheia, estava resolvendo um caso de assassinato por isso teve que esperar, mas agora podemos sermos rápidos, é só chamar o advogado, você assina uma confissão e acabou.

Dulce: Aí eu vou para atrás das grades sendo uma inocente. - rosnei.

Fábio: Menina, você está me irritando. Já que só a bolsa é sua, como esses entorpecentes foram parar dentro dela? Por mágica? - debochou.

Dulce: Armaram pra mim. E tenho quase certeza que foi aquela mulher que estava comigo.

Só podia ter sido Alexandra.

Ela me chamou para almoçar, ela conseguiu me convencer que queria paz comigo, me chamou para aquela loja e depois que fui arrastada igual uma criminosa até a viatura pelos policiais, ela tinha sumido, quando cheguei na delegacia me levaram para uma sala com outras pessoas que também estavam detidas e esperavam passar pelo delegado.

Fábio: Aquela senhora veio até aqui para dar explicações e foi embora quase agora. Decidimos mante-las separadas, devo confessar que ela é um pouco excêntrica, não parou de falar que ia processar o governo. - riu.

Dulce: E o quê ela falou?

Fábio: Que você era inocente. Que ficou o tempo todo com você e que não estava traficando, mas mesmo com esse álibi, a denúncia anônima informou que tinha uma mulher traficando e encontraram na sua bolsa drogas o suficiente para considerarmos realmente tráfico, ou seja, a denúncia estava certa.

Almas Opostas (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora