Recomeço -2 - vinnie hacker

Cap 80

POV VINNIE

- então... -

Antes dela falar, eu já estava nervoso, ansioso e preocupado, nati não estava diferente, ela estava tremendo e com os olhos marejados.

- então, sinto muito mas vc sofreu um aborto expontâneo e perdeu o bebê -

Quando ela disse essas palavras, meu mundo caiu, sempre quis ser pai, e agora que eu estava realizando esse sonho, tudo desmorona.

Nati estava chorando, aperto sua mão fortemente e me levando da cadeira, envolvo ela num abraço.

- a gente pode continuar tentando - falo acariciando seus cabelos.

- só vão ter que esperar vinte semanas para o útero voltar ao normal, e a menstruação leva de quatro a seis semanas para voltar ao normal -

- tá bem - minha noiva limpa as lágrimas e tenta se levantar da maca.

- eu vou deixar vcs dois a sós - a obstetra fala e sai da sala.

- vc tá bem? - essa pergunta foi meio idiota, é óbvio que ela não tá bem.

- eu só quero ir pra casa - ela sai da maca e abre a porta da sala.

Sigo a garota para fora do hospital. Ela caminha muito rápido, queria alcançá-la e entrelaçar nossas mãos, mas ela precisa de um tempo só dela.

Destranco o carro, ela entra no banco do passageiro. Sento no do motorista, coloco o sinto e encaro ela, que estava olhando para a janela.

Não gosto de vê-la assim, mas nesse momento eu também quero espaço, quero ficar sozinho sem ninguém ficar perguntando.

Agora não era nem oito horas da noite, fomos dormir cedo, pq ela fica cansada facilmente por conta dos hormônios, e eu tive uma reunião super chata essa manhã e na noite passada não consegui dormir direito.

Nas terças feiras, minha mãe e eu fazemos ligação, e hj era terça, eu não to com saco para falar com ninguém, mas acho que vai me fazer bem conversar com ela.

O caminho inteiro foi um completo silêncio, não trocamos nenhuma palavra. Chegamos no nosso prédio, estaciono o carro na garagem, a garota não espera nem eu desligar o carro e já sair dele.

Ela entra no elevador e espera eu entrar também. O elevador para quando chegamos no nosso andar, ela é a primeira a sair, a chave estava comigo, como ela não conseguia entrar, teve que ficar me esperando.

Destranco a porta, entramos, jogo a chave em cima do balcão. Ela caminha em direção ao nosso quarto. Vou para lá também, ela estava pegando uma muda de roupas.

- vamos conversar - falo e ela sai do quarto, indo em direção ao banheiro.

Ouço ela trancando a porta do banheiro, me jogo na cama e solto um longo suspiro. Não queria que ficasse esse clima pesado entre nós.

Meu bolso começa a vibrar, tiro meu cll e vejo na tela que era uma ligação de vídeo com minha mãe.

- oi filho -

- oi mãe - falo num tom triste.

- o que foi? - aí como eu queria minha mãe aqui comigo.

- sinto muito mas vc não vai mais ter o seu neto- abaixo a cabeça e permito que sai umas lágrimas.

- pq não? O que aconteceu? Vcs se separaram de novo? -

- não, acabamos de voltar do hospital... - ela não deixa eu terminar.

- a nati morreu ? - sua voz estava com um tom de preocupado e seus olhos marejados.

- não, ela teve um aborto espontâneo -

- sinto muito filho, mas vcs são novos, podem continuar tentando-

- se a gente ainda estiver juntos até lá - falo baixo mas ela deve ter escutado.

- como assim? -

- dez de que descobrimos, ela não fala comigo, me ignora por completo, eu pedi para conversarmos mas ela simplesmente saiu e foi para o banheiro e se trancou lá-

- filho vc tem que intender que era ela quem carregava o bebê, então ela deve se sentir culpada, assim como vc, ela precisa de um tempo -

- tá e o que eu faço, pq eu também perdi o filho mas não estou ignorando ela, eu to tentando conversar para mostrar que ela pode se abrir comigo e que passaremos por isso juntos -

- respeita o tempo dela, quando ela quiser conversar, aí vc vai ouvir e ficar do lado dela, mas por enquanto só respeita o limite que ela criou. Não desista dela, e de tentar conversar e de transmitir segurança para ela -

- tá bem - ficamos um tempo em silêncio e eu pude ouvir nati chorando no banheiro.

- mãe ela tá arrasada, e eu não gosto de vê-la assim -

- sinto muito mas por enquanto é assim que vc vai ver ela na maioria das vezes -

- e se ela não querer mais se casar comigo? -

- filho por enquanto acho melhor vcs cuidarem do psicológico de vcs, e dps se preocupar  com o casamento -

- tá, se eu consegui esperar quatro anos, eu consigo esperar mais alguns meses ou um ano -

- isso aí -

Escuto nati desligando o chuveiro, resolvo desligar a chamada com minha mãe e tentar focar nela, somente nela.

- mãe, eu vou desligar tá bem? Nati saiu do banho -

- tá bem, olha se vc quiser que eu vá ficar um tempo ali, ou querem vir, vcs são bem vindo -

- acho que é melhor não, a gente tá trabalhando agora, e não estamos na época de férias, mas quando pegarmos, aí vamos ali -

- ok, te amo, tchau -

- também te amo, tchau - desligo a chamada e nati entra no quarto.

Ela já estava vestida, só estava com a toalha na cabeça, seus olhos estavam vermelhos e seu rosto inchado. Ela tira a toalha da cabeça e pega um pente.

Caminho até ela, pego o pente da sua mão e penteio seus fios de cabelo.

- quando vc quiser conversar, eu to aqui - ela só concorda.

Término de pentear seu cabelo, ela leva a toalha no banheiro e volta para o quarto. Ela se deita na cama e se encolhe no edredom.

Vou para o banheiro, escovo meus dentes, tranco a casa, apago as luzes e volto para o quarto. Me deito ao seu lado e beijo sua testa. Desligo a luz do quarto e mesmo sabendo que ela queria um tempo, ela também queria um abraço, não só ela.

Me deito de lado e a puxo para o meu peito, ela se aconchega nele, começo a fazer carinho na sua cabeça. Sinto meu abdômen ficar molhando, ela estava chorando de novo.

- boa noite, eu te amo- não esperava ela responder.

- boa noite, também te amo - ela fala com sua voz de choro.

Mesmo preocupado, tentei dormir enquanto que ela chorava, já que minha mãe falou para mim respeitar o tempo dela.