Anna 🦋
Tava no quarto brincando com a Bia quando ouvir o barulho de tiros e os fogos logo em seguida.
Sair do quarto correndo com ela e já vi a tia Adriana com a mão no coração e respirando fundo.
Azzy: Beleza - Saiu do quarto falando no raidinho - Os verme invadiram o morro - Entrou quarto novamente e saiu com um fuzil.
Eu estava muito nervosa, pensava no Filipe e nos outros meninos o tempo inteiro. Desde que eu vim morar aqui nunca teve uma invasão, nem de polícia, nem dos morros inimigos.
Adriana: Pra onde você vai, Isabela? - Perguntou quando viu a Azzy com o fuzil.
Azzy: Vou ajudar os meninos - Tia Adriana negou com a cabeça.
Adriana: Você não vai sair daqui, já não basta o meu sofrimento em saber que seu irmão tá no meio dessa guerra, você não vai sair daqui - Falou firme.
Azzy: Desculpa mãe, mas essa é a minha vida assim como também é do Filipe. Os meninos estão precisando de mim, eu tenho que ir ajudar.
Adriana: Me escuta pelo menos uma vez na sua vida, não vai - Segurou o braço dela.
Azzy: A mesma oração que você faz para o Filipe eu te peço que faça por mim - Beijou a cabeça da mãe - A gente vai ficar bem, te amo - Abriu a porta e saiu.
Adriana: Isabela, não vai... - Colocou a mão no rosto chorando e eu percebi que ela estava pálida e passando mal.
Corri na cozinha e fiz uma garapa pra ela.
Anna: Toma tia, bebe - Entreguei pra ela que tomou de uma vez.
Adriana: Dói tanto Anna, ver meus dois filhos no meio de uma guerra dessas - Fechei os olhos ouvindo os tiros cada vez mais próximos - Eu imploro a Deus pelas vidas dos dois e dos outros meninos também, mas a vida deles é uma incerteza, eu nunca sei se eles realmente vão voltar vivos pra casa - Abracei ela que estava chorando e acabei chorando junto.
Anna: Se acalma tia, vamos ter fé que nada vai acontecer com eles, todos vão voltar bem e vivos desse confronto - Ela assentiu enxugando as lágrimas.
Adriana: Vou fazer minha oração no quarto, ore por eles também - Se levantou indo para o quarto e eu fui para o quarto da Bia vendo ela toda encolhida no chão e chorando.
Fechei a porta pra abafar o som dos tiros, não aguentava mais ouvir aquilo.
Anna: Porque você tá chorando, meu amor? - Sentei do lado dela.
Bia: Toda vez que esses barulhos começam o meu pai volta pra casa machucado e as vezes ele demora muito tempo pra voltar, eu tenho medo de ficar sem meu papai - Veio pra o meu colo e me abraçou pelo pescoço.
Anna: Oh meu amorzinho, não fica assim, você não vai perder seu pai nunca - Fiquei fazendo cafuné nela que ainda choramingava.
Fiquei ali fazendo uma oração silenciosa mas com muita vontade de chorar, mas eu tinha que ser forte pela Bia.
Peguei meu celular e entrei no grupo de Whatsapp com a Carol, Priscila e Miguel.
Whatsapp on
Anna: Meninas, como vocês estão?
Pri: Eu tô com muito medo, eu nunca tinha visto uma guerra como essa.
Anna: Calma Pri, tenta se acalmar pelo nosso menino.
Carol: Tô trancada no salão com as meninas, os tiros estão quebrando a vidraça.
Anna: Meu Deus.
Mimi: O que tá acontecendo gente?
Anna: A polícia invadiu a rocinha.
Mimi: Senhor amado, vou orar por vocês.
Anna: Obrigada amigo.
Whatsapp off
Desliguei o celular e coloquei a mão no rosto respirando fundo, eu tava tão nervosa que o ar estava pesando e meu coração parecia que ia sair pela boca de tão acelerado que estava.
Olhei pra Bia que estava calada mas mesmo assim muito inquieta.
Anna: Você quer alguma coisa?
Bia: Eu quero água.
Anna: Eu vou buscar pra você - Ia me levantar quando ela pegou no meu braço.
Bia: Não precisa, eu vou - Se levantou e saiu toda tristinha.
Eu já estava acostumada com esses confrontos, no Vidigal só era o que tinha.
Mas dessa vez era diferente, lá estava o homem que eu amo, meus amigos e minha cunhada.
Eles já estão acostumados a esse tipo de coisa mas é como a tia Adriana falou, a vida deles é uma incerteza.
Eles saem de casa todos os dias, mas nunca sabem se voltam.
Abrir a porta do quarto e voltei a ouvir os barulhos de tiro e junto a eles a voz do Filipe gritando.
Ret: BIAAAAAAAAAAA - Meu coração deu um baque e a tia Adriana saiu da área da piscina correndo.
Adriana: Cadê a Beatriz?
Anna: Ela saiu pra beber água mas ela não está aqui - Olhamos pra porta da frente que estava aberta e já bateu o desespero.
Adriana: Ai meu Deus, não - Saiu correndo pra fora e eu fui atrás dela.
Os tiros tinham cessados e a rua estava cheia de gente, de um lado estava o Filipe no chão com um polícial pisando o pescoço dele.
Do outro estava a Dani chorando em cima do corpo do Caveira que estava coberto de sangue.
E do outro estava o corpo da Bia desacordada no chão, a Azzy e a tia Adriana gritavam tentando reanimar ela.
Tinha acontecido um massacre, tinha corpos espalhados por toda parte.
Anna: Amor - Tentei me aproximar do Filipe mas os policiais me seguraram.
Ret: Eu vou ficar bem Anna, cuida da Beatriz por favor.
Xxx: Essa é a tua mulher? Gostosinha até - Me olhou de cima a baixo, nojo.
Ret: Tua mulher vai achar gostoso quando receber tua cabeça numa bandeja filho da puta - Falou antes de ser levado pelos policiais e jogado na mala do carro como um animal.
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Minha Estrella Guia
FanfictionRocinha - Rio de Janeiro 📍 "𝘊𝘰𝘮 𝘦𝘭𝘢 𝘢 𝘷𝘪𝘥𝘢 𝘵𝘦𝘮 𝘮𝘰𝘮𝘦𝘯𝘵𝘰𝘴 𝘪𝘯𝘤𝘳𝘪𝘷𝘦𝘪𝘴, 𝘤𝘰𝘮 𝘦𝘭𝘢 𝘵𝘰𝘥𝘰𝘴 𝘮𝘦𝘶𝘴 𝘴𝘰𝘯𝘩𝘰𝘴 𝘴𝘢𝘰 𝘮𝘢𝘪𝘴 𝘱𝘰𝘴𝘴𝘪𝘷𝘦𝘪𝘴"