CAPÍTULO 66

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Maria  Fernanda

Fazia duas semanas que estávamos vivendo esse inferno. Depois daquilo Allana só dormia comigo, e só viviamos grudadas pela casa, Allana não comia nada, ela chorava em silêncio, ela não falava comigo e eu precisava que ela se soltasse por que eu fui assim, não tinha ninguém comigo quando foi eu, e Allana me tem. Eu respeito ela não querer falar sobre isso, então não forço nada eu só ajudo ela do jeito que queria que alguém fizesse comigo quando passei por isso.

O Wilson, o cara que estuprou ela nunca mas tocou nela, mal ficavámos no mesmo comodo por que logo a gente saia.

A gente ficava muito no quarto trancadas, e quando saia eles algemava nossas mãos, Wilson acabou soltando pra mim que foi por que não quer correr o risco de morrer do mesmo jeito do amigo. Então disse pra ele que não iria acontecer e que a dele seria pior. Pelo menos as piadinhas dele depois disso parou e ele mal nos olha. Não sei quando fiquei tão agressiva mas sei que meus filhos me fazem ter essa proteção extrema.

Sai do banheiro e vi Allana do mesmo jeito de sempre, sentada em frente a janela olhando pro nada, eu sei o que passa na cabeça dela. Pelo menos na minha passava ou eu me matando ou matando Digão. Talvez seja isso que ela pensa e por isso tento mostrar sempre que ela não esta sozinha nessa.

 — Eai — Digão entra no quarto — como estão — não foi uma pergunta, ele não se importa e a gente tão pouco faz questão de responder, ele entra no quarto e senta na cama ficando na minha frente, olhar sombrio e eu o encaro não desvio por nada — Papo sério agora, as coisa vão mudar — a gente fica em silêncio ouvindo ele falar — nos vamos mudar de casa, pra um lugar maior e melhor, vou contratar uma mulher pra te ajudar nos bagulho ai de gravidez e ajudar a cuidar da cria — ele olha pra Allana que estava de costas pra nos dois olhando pra janela — Allana vai voltar pra escola, pra melhor escola daqui, e antes que me perguntem estamos em Florianopolis — franzo o cenho, estamos longe pra caralho — vai funcionar normal, Allana na escola, Fernanda em casa cuidando do bebê e eu trabalhando pronto — ouço a Allana rir, ele olha pra ela com a sobrancelha levantada — algum problema Allana?

— Ah não sei, talvez eu ter sido estuprada, humilhada e ainda viver trancada nesse inferno tendo que olhar todos os dias pra cara do infeliz que desgraçou minha vida — ela olha pra trás olhando pro Digão — prefiro morrer do que viver com tu — engulo em seco, não tiro a razão dela.

— Eu te mato, não tenho nenhum problema em fazer isso.

— Você não vai tocar nela — digo olhando pra ele e ele me encara.

— Ela tá pendindo eu faço questão de realizar, fora que seria um peso saindo das minhas costas — Allana da ar de riso e se levanta do chão onde estava sentada.

— Você não se toca mesmo né, o peso aqui é tu já que nos sequestrou e obriga a Nanda a gostar de você, o que tu sabe que é impossivel por que ela ama outra pessoa, não adianta ficar tentando fazer como o Coringa fazia, você não é ele e nunca vai ter o que ele teve, a inveja e nítida na tua cara.

— Garota eu estoro tua cara.

— Por falar a verdade? Não sei desde quando o conhece mais o que eu sei é que em poucos meses fez coisa que tu nunca fez em toda minha vida, e essa aqui — apontou pra mim — viveu um paraíso se for comparar com a vida que viveu com tu.

— Não vou dar ouvidos a uma criança — ele se levanta pra sair do quarto — nos já vamos nos mudar amanhã — ele tranca a porta. 

Allana mostra o dedo do meio pra porta e xinga ele alto, se vira e quebra o copo no chão. Deixo que ela faça, ela precisa soltar o que tá sentindo. 

Acaso ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora