Capítulo 14

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Laís ❤️‍🔥

Eu não consegui pregar o olho durante a noite. Primeiro, porque estava longe dos meus filhos. Segundo, porque estava com uma dor do caralho nas costas. Terceiro, porque o Vitor estava me deixando muito preocupada.

Levantei da cama quando ainda era noite, por volta de umas cinco e meia da manhã. Vitor ainda estava dormindo igual uma pedra.

O Terror estava sentado no sofá, terminando de calçar o tênis. Estava vestido de preto da cabeça aos pés. Desde o boné, ao sapato. Ele percebeu a minha presença só quando eu pigarreei.

Terror: E aí. VH tá legal?

Laís: Dormindo ainda - falou - Ele sempre gostou de usar umas coisas, mas pra chegar nesse nível, passou do limite né?

Ele assentiu, e eu sentei no braço do sofá, colocando as pernas no acento.

Terror: Não é sempre que ele faz isso. Mas não é a primeira vez. Vacilou demais agora, não tinha necessidade.

Laís: Vocês dois estavam bem nervosos ontem. O que aconteceu?

Terror: VH te conta depois, tenho uns corre pra fazer agora.

Laís: Ta bom.

Ele ficou de pé, colocando a arma na cintura e foi em direção a saída.

Terror: Tranca aqui. Não é bom deixar aberto.

Concordei.

Laís: Tenta sobreviver. Vai ser meio chato não ter ninguém pra estressar.

Ele riu.

Terror: Eu já tava me ligando que era de propósito os bagulho que tu fazia - dei de ombros. As vezes nem era - Se cuida aí. Fé.

O Terror vazou, e eu tranquei a porta e voltei pro quarto, deitando na cama com o Vitor, que resmungou todo e me empurrou quando eu tentei abraçar ele. Fiquei enrolando por um tempo, até conseguir pegar no sono.

Acordei com o meu celular tocando e quando vi a hora, quase caí pra trás. O Flávio estava me ligando, já estava na hora de deixar as crianças comigo.
Quando eu ia atender, ele desligou. Levantei rapidinho e fui até a sala, ouvindo o barulho de alguém batendo na porta... com força demais.

Abri colocando só a cabeça pra fora, mas o Flávio empurrou a porta com força abrindo ela toda, me encarando muito puto.

Laís: Bom dia - fiz careta.

Vitória: Mamãe! - sorri pra minha princesa, me abaixando no chão, pra segurar ela no colo.

Laís: Oi amorzinho, eu tava morrendo de saudade - cheirei o cabelo dela. Olhei para o Pedro, que estava do lado do pai, quietinho e não tinha uma expressão muito boa - E aí, filho. Não vai falar com a sua mãe não?

Neguinho: De quem é o carro, Laís?

Fiquei de pé, segurando a Totoya no colo. Nem estava entendendo do que ele estava falando. Ele me afastou com um braço, sem usar muita força e entrou na casa, voando em direção ao quarto. Tive um segundo pra associar que ele se referia ao carro que o Terror tinha deixado aqui.

Soltei a Totoya no chão, e corri pra o quarto, atrás do Neguinho. As crianças chamavam por nós dois, mas eu fechei a porta, para que eles não vissem a cena.

Neguinho tinha a arma apontada na direção do Vitor, que estava dormindo de barriga pra baixo e deu um chute na perna dele.

Laís: Você é idiota? - gritei, me enfiando entre a mira da arma e o meu irmão - É o Vitor, Flávio!

VH: Ih, qual foi, porra? - perguntou, com a voz carregada de sono. Ele se levantou, empurrando o Flávio, que abaixou a arma na hora - Tá maluco, Neguinho? Qual foi, irmão? Solta a voz.

O Flávio bufou e guardou a arma na cintura.

Neguinho: Qual foi o que, irmão? Não me enche, VH.

VH: Não me enche o caralho! Tu acha que é quem pra invadir a casa da minha irmã assim?

Neguinho: Vacilei, tá? Achei que fosse macho nessa porra, sabia que era tu não.

VH: E se fosse? - peitou ele. Percebi que o meu irmão tinha tocado na ferida do Neguinho, porque ele soltou uma risada sinistra - Tu não ia fazer nada! Laís é solteira e pode dar pro cara que ela quiser, maluco.

Neguinho: Ô, VH, eu vacilei, jaé? Não devia ter apontado a arma pra ti. Mas na moral, mano, não me irrita com essas paradas que não são nem do teu interesse.

Laís: Sai da minha casa - mandei - Se despede das crianças e sai. Não quero te ver na minha frente nem por mais um segundo.

Ouvi a tranca da maçaneta sendo forcada pra baixo, e os dois encararam a mesma coisa. Neguinho abriu a porta, totalmente puto e o Terror estava do outro lado, segurando a Vitória no colo.

Ele estava com cara de quem não estava entendendo nada, olhando pra mim, pro Vitor e pro Flávio. Vitória tinha os olhos vermelhos, e abraçava o pescoço do Terror com força.

O Pedro entrou no quarto correndo, abraçando o pai pela cintura. Flávio retribuiu, mas senti seu olhar me encarando enquanto eu ia tirar a Totoya do colo do outro.

Laís: Chora não, amor - beijei o rosto dela - Já passou!

Vitória: Vocês brigaram, mãe? - sorri, negando com a cabeça.

Laís: Ninguém brigou não. O teu pai só achou que tivesse um ladrão aqui, e na verdade era o dindo dormindo - tentei acalma-lá com uma história mal contada.

Olhei pro Terror, que coçou a cabeça, mas ainda tinha a mesma cara de dúvida estampada.

Terror: Ae, Laís - chamou - Leva as crianças pra tomar um sorvete. Tem a Dona Nice na rua treze, na esquininha. Acho que a gente vai precisar conversar aqui.

Concordei, querendo sair dali o mais rápido possível.

Neguinho estava mais calmo, VH estava puto e o Terror sem entender nada.

Laís: Vem, Pedro. A gente vai tomar um sorvete e depois vamos na casa do seu avô.

Pedro: Deixa eu ficar com o meu pai - pediu.

Encarei o Flávio, pedindo ajuda. Pedro tinha uma paixão pelo pai que me irritava.

Neguinho: Vai lá, molequinho. Daqui a pouco eu te ligo pra gente trocar uma ideia - ele se aproximou, colocando a mão na minha cintura, pra beijar a Vitória. Empurrei a mão dele pra longe, com um tapa - Tchau, princesa.

Vitória: Tchau, pai - se despediu, sem desgrudar de mim.

Sai andando com as crianças pra rua onde o Terror tinha indicado. Totoya estava mais calma e quis ir caminhando ao lado do irmão. Pedi para eles me contarem como havia sido o dia com o Neguinho, e eles foram me falando de várias novidades, mas na verdade eu nem conseguia prestar muita atenção, só esperava que a minha casa continuasse de pé.

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