Laís ❤️🔥Eu não consegui pregar o olho durante a noite. Primeiro, porque estava longe dos meus filhos. Segundo, porque estava com uma dor do caralho nas costas. Terceiro, porque o Vitor estava me deixando muito preocupada.
Levantei da cama quando ainda era noite, por volta de umas cinco e meia da manhã. Vitor ainda estava dormindo igual uma pedra.
O Terror estava sentado no sofá, terminando de calçar o tênis. Estava vestido de preto da cabeça aos pés. Desde o boné, ao sapato. Ele percebeu a minha presença só quando eu pigarreei.
Terror: E aí. VH tá legal?
Laís: Dormindo ainda - falou - Ele sempre gostou de usar umas coisas, mas pra chegar nesse nível, passou do limite né?
Ele assentiu, e eu sentei no braço do sofá, colocando as pernas no acento.
Terror: Não é sempre que ele faz isso. Mas não é a primeira vez. Vacilou demais agora, não tinha necessidade.
Laís: Vocês dois estavam bem nervosos ontem. O que aconteceu?
Terror: VH te conta depois, tenho uns corre pra fazer agora.
Laís: Ta bom.
Ele ficou de pé, colocando a arma na cintura e foi em direção a saída.
Terror: Tranca aqui. Não é bom deixar aberto.
Concordei.
Laís: Tenta sobreviver. Vai ser meio chato não ter ninguém pra estressar.
Ele riu.
Terror: Eu já tava me ligando que era de propósito os bagulho que tu fazia - dei de ombros. As vezes nem era - Se cuida aí. Fé.
O Terror vazou, e eu tranquei a porta e voltei pro quarto, deitando na cama com o Vitor, que resmungou todo e me empurrou quando eu tentei abraçar ele. Fiquei enrolando por um tempo, até conseguir pegar no sono.
Acordei com o meu celular tocando e quando vi a hora, quase caí pra trás. O Flávio estava me ligando, já estava na hora de deixar as crianças comigo.
Quando eu ia atender, ele desligou. Levantei rapidinho e fui até a sala, ouvindo o barulho de alguém batendo na porta... com força demais.Abri colocando só a cabeça pra fora, mas o Flávio empurrou a porta com força abrindo ela toda, me encarando muito puto.
Laís: Bom dia - fiz careta.
Vitória: Mamãe! - sorri pra minha princesa, me abaixando no chão, pra segurar ela no colo.
Laís: Oi amorzinho, eu tava morrendo de saudade - cheirei o cabelo dela. Olhei para o Pedro, que estava do lado do pai, quietinho e não tinha uma expressão muito boa - E aí, filho. Não vai falar com a sua mãe não?
Neguinho: De quem é o carro, Laís?
Fiquei de pé, segurando a Totoya no colo. Nem estava entendendo do que ele estava falando. Ele me afastou com um braço, sem usar muita força e entrou na casa, voando em direção ao quarto. Tive um segundo pra associar que ele se referia ao carro que o Terror tinha deixado aqui.
Soltei a Totoya no chão, e corri pra o quarto, atrás do Neguinho. As crianças chamavam por nós dois, mas eu fechei a porta, para que eles não vissem a cena.
Neguinho tinha a arma apontada na direção do Vitor, que estava dormindo de barriga pra baixo e deu um chute na perna dele.
Laís: Você é idiota? - gritei, me enfiando entre a mira da arma e o meu irmão - É o Vitor, Flávio!
VH: Ih, qual foi, porra? - perguntou, com a voz carregada de sono. Ele se levantou, empurrando o Flávio, que abaixou a arma na hora - Tá maluco, Neguinho? Qual foi, irmão? Solta a voz.
O Flávio bufou e guardou a arma na cintura.
Neguinho: Qual foi o que, irmão? Não me enche, VH.
VH: Não me enche o caralho! Tu acha que é quem pra invadir a casa da minha irmã assim?
Neguinho: Vacilei, tá? Achei que fosse macho nessa porra, sabia que era tu não.
VH: E se fosse? - peitou ele. Percebi que o meu irmão tinha tocado na ferida do Neguinho, porque ele soltou uma risada sinistra - Tu não ia fazer nada! Laís é solteira e pode dar pro cara que ela quiser, maluco.
Neguinho: Ô, VH, eu vacilei, jaé? Não devia ter apontado a arma pra ti. Mas na moral, mano, não me irrita com essas paradas que não são nem do teu interesse.
Laís: Sai da minha casa - mandei - Se despede das crianças e sai. Não quero te ver na minha frente nem por mais um segundo.
Ouvi a tranca da maçaneta sendo forcada pra baixo, e os dois encararam a mesma coisa. Neguinho abriu a porta, totalmente puto e o Terror estava do outro lado, segurando a Vitória no colo.
Ele estava com cara de quem não estava entendendo nada, olhando pra mim, pro Vitor e pro Flávio. Vitória tinha os olhos vermelhos, e abraçava o pescoço do Terror com força.
O Pedro entrou no quarto correndo, abraçando o pai pela cintura. Flávio retribuiu, mas senti seu olhar me encarando enquanto eu ia tirar a Totoya do colo do outro.
Laís: Chora não, amor - beijei o rosto dela - Já passou!
Vitória: Vocês brigaram, mãe? - sorri, negando com a cabeça.
Laís: Ninguém brigou não. O teu pai só achou que tivesse um ladrão aqui, e na verdade era o dindo dormindo - tentei acalma-lá com uma história mal contada.
Olhei pro Terror, que coçou a cabeça, mas ainda tinha a mesma cara de dúvida estampada.
Terror: Ae, Laís - chamou - Leva as crianças pra tomar um sorvete. Tem a Dona Nice na rua treze, na esquininha. Acho que a gente vai precisar conversar aqui.
Concordei, querendo sair dali o mais rápido possível.
Neguinho estava mais calmo, VH estava puto e o Terror sem entender nada.
Laís: Vem, Pedro. A gente vai tomar um sorvete e depois vamos na casa do seu avô.
Pedro: Deixa eu ficar com o meu pai - pediu.
Encarei o Flávio, pedindo ajuda. Pedro tinha uma paixão pelo pai que me irritava.
Neguinho: Vai lá, molequinho. Daqui a pouco eu te ligo pra gente trocar uma ideia - ele se aproximou, colocando a mão na minha cintura, pra beijar a Vitória. Empurrei a mão dele pra longe, com um tapa - Tchau, princesa.
Vitória: Tchau, pai - se despediu, sem desgrudar de mim.
Sai andando com as crianças pra rua onde o Terror tinha indicado. Totoya estava mais calma e quis ir caminhando ao lado do irmão. Pedi para eles me contarem como havia sido o dia com o Neguinho, e eles foram me falando de várias novidades, mas na verdade eu nem conseguia prestar muita atenção, só esperava que a minha casa continuasse de pé.
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Inabaláveis
RomanceNa vida você só tem uma escolha. Lutar até o fim pelo certo e pelo que é seu, mesmo que custe a sua vida. Deixar se abalar nunca foi uma opção!