Capítulo 30

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Terror ☠️

Já tinha dado as ordens no radinho, enquanto sai da praça voando encima da moto. A Laís tinha saído não fazia muito tempo, então ela não deveria estar longe.

Mandei os menor fazer a segurança na área da pracinha, porque eu não tinha ideia de qual era o plano do fodido do Neguinho, e muito menos o que ele ia usar pra atingir a gente.

Outros ficaram na contenção, na saída do morro e encima das lajes.

Mas os que eram treinados mesmo eu só tinha dado uma meta: encontrar o Neguinho e meter bala no filho da puta.

Eu tava a mil por hora encima da bmw, procurando qualquer sinal da Laís ou da Vitória, enquanto descia o morro, que foi o último lugar que a Luana tinha dito ver o Neguinho.

Ouvi a voz do VH no rádio, me chamando pra caralho, mas eu nem respondi, virando a esquina pra entrar em mais um beco.

Freei tão rápido que quase caí da moto, quando vi a Laís sentada no chão, com o cotovelo apoiado nos joelhos, e com a cabeça escondida entre as mãos.

Pulei pra fora da moto, e corri pra frente dela, me abaixando. Ela se assustou de início, mas quando viu que era eu pareceu relaxar um pouco.

A mandada não tava nada bonita, na moral.

O rosto tava vermelho pra caralho, todo molhado por causa das lagrimas e o cabelo todo revirado.

Minha mão foi parar no rosto dela, fazendo que olhasse pra mim.

Terror: Tá tudo bem, cara. Fica calma! - pedi.

Ela colocou a mão encima da minha, apertando as unhas na minha pele.

Laís: Gui...Guilherme - falou cheia de dificuldade, me fazendo estranhar pra caralho.

Terror: O que? Que foi? - perguntei, segurando o rosto dela com força, porque ela tava deixando ele pender pra frente - Fala, bandida!

Ela puxou o ar com força, pela boca, umas três vezes, e tirou a mão da minha, pra colocar no próprio peito. Passei os olhos pelo corpo dela, pra ver se tinha algum ferimento que eu não via.

Nando: Achei a Vitória, porra! Ela tá bem! Tá tudo certo! - gritou no radinho.

Tirei o aparelho da minha cintura, apertando.

Terror: Tô com a Laís, mas ela não tá bem. Não sei o que tá rolando - ela deixou a cabeça pender mais uma vez, e eu soltei o rádio, jogando pra longe e levantando - Não apaga não, caralho. Fica acordada!

Mesmo eu gritando altão acho que ela já não me ouvia mais. Porque não deu nem dois segundos e a Laís caiu desmaiada bem ali.

Terror: Ah, porra!

VH: Tu tá aonde, Terror? - gritou no radinho - Ela tá  machucada?

Eu engoli seco, olhando pra garota que estava apagada.

Terror: Traz um carro pro beco da vinte cinco - foi a única coisa que eu consegui dizer, tentando manter a calma, mas acho que eu tava gritando.

A culpa era um bagulho foda. E vendo a Laís ali, daquele jeito, eu só conseguia me culpar por não ter feito o que eu tinha prometido pra ela, e pro DG. Eu tinha deixado a família deles desprotegida e nem sabia o inferno que isso ia causar, mas só de sentir o gosto amargo na garganta eu já tava pagando o preço.

E era caro demais.

VH parou o carro na entrada do beco, atrás da minha moto e eu peguei a Laís no colo, me jogando pra dentro do carro junto com ela.

VH: Que que tá rolando? - perguntou, me olhando pelo retrovisor e acelerando o carro.

DG também tava ali. No banco do passageiro, e encarava a Laís sem demonstrar nenhuma expressão. Acho que ele tava travado de medo.

Terror: Encontrei ela no chão. Mas não tá machucada - apertei o pulso dela, chacoalhando pra ver se acordava - Puta merda, Vitor, ela não acorda.

VH: Ela tá respirando? - gritou, acelerando. Mas eu nem consegui responder - Porra, Guilherme, ela tá respirando??

Terror: Acelera e não faz pergunta difícil - grunhi, apertando as mãos em punho fechado.

O Vitor começou a negar com a cabeça sem parar.

DG: Para o carro - gritou.

A gente encarou o velho sem entender.

Estávamos perto da saída do morro.

VH: Ta maluco?

DG: Para o carro, Vitor, eu tô mandando!

Ele não parou e o DG meteu a mão no volante, fazendo o carro virar e o VH ser obrigado a parar, se não morria os quatro num acidente.

Terror: Que merda tá rolando, DG?

DG: Voa pro hospital. Eu vou matar esse filho da puta.

Olhei através do vidro, vendo o Neguinho parado, encostado em um carro, apontando uma arma pra cabeça do mano LK, que tava parado do lado do Indio e do Junin, que também miravam na cabeça do Neguinho. Mas eles estavam cercado de homens em volta, e se um deles puxasse o gatilho, os três saiam como peneira.

Minha mão coçou pra pegar no gatilho e descarregar o pente naquele filho da puta, e eu até tentei, mas o DG gritou de novo.

DG: Anda, porra! Eu confio em vocês. A Laís tá precisando de vocês!

Ele fechou a porta com força e caminhou pra longe do carro, na direção dos moleques, gritando no radinho que tinha roubado do Vitor, pedindo apoio. O VH me olhou pelo espelho, sem saber o que fazer.

Eu nem sabia dizer quem de nós estava mais nervoso.

Juntei minha mão com a da Laís, sentindo como estava gelada e neguei com a cabeça, olhando pro DG uma última vez.

Terror: Voa daqui, Vitor. Ela tá gelada!

Ele concordou e meteu marcha pro hospital de rico, onde a gente chegou colocando os malote encima da mesa, e tentando fazer todo mundo naquele lugar jurar que ela ia ficar bem, mas tudo o que nos diziam era que fariam o possível.

E eu só conseguia pensar: e se não fosse o suficiente?

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