Capítulo 03

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Laís ❤️‍🔥

Deixei as crianças na escola era perto de oito horas da manhã. Vitória tava toda manhosa pedindo pra eu não ir pro trabalho, porque ela queria ficar comigo. Enquanto o Pedro ficou me atormentando até eu deixar ele encher o Neguinho de mensagem, perguntando se o pai poderia vir passar o dia com ele no sábado.

Quando meus filhos viam o pai, ou a minha família, geralmente era na minha casa ou em algum outro lugar mais reservado e escondido, eu não gostava de ficar levando eles para o morro com medo de ter alguma invasão e a gente acabar não saindo. O Neguinho respeitava essa decisão, mas ficava me enchendo a cabeça que queria os filhos, e a mulher em casa.

As vezes eu desenhava pra ele que a última coisa que eu sou é mulher dele, mas estava demorando uns cinco anos pro cara entender.

Neguinho não me infernizava a vida, ele não era louco de fazer isso, sabe que armaria uma guerra com o meu pai. Mas eu não posso dizer que ele não me atormentava com umas piadinhas e indiretas nada legais. Não deu valor quando tinha e agora quer fazer graça.

Desbloqueei meu celular, procurando as conversas.

Mensagens enviadas ao Flávio e ele não viu.

Mensagens enviadas ao Vitor e ele não viu.

As menagens enviadas ao meu pai nem tinham chego, mas era normal aquele homem deixar o celular desligado.

Bloqueei o celular, colocando no bolso, enquanto corri pra alcançar o táxi que me esperava na porta da escola. Eu ainda tinha um longo dia no hospital onde eu trabalhava estagiando. Era na parte administrativa, mas eu não via a hora de conseguir uma vaga como enfermeira, mas pra isso, precisava de mais algum tempo de curso, sendo que eu estava somente no quarto semestre.

O meu celular tocou no bolso da calça, e o nome do Flávio brilhava no visor. Pensei duas vezes antes de atender, já que quem queria falar com ele era o meu filho, e não eu.

Laís: Alô - atendi seca.

O taxista deu partida no carro, seguindo para o meu trabalho.

Neguinho: Ae, nega. Bom dia! Onde cê tá?

Laís: Teus filhos estão na escola, Flávio. É deles que você tem que saber, certo?

Ele suspirou.

Neguinho: Tu não facilita pra mim, né Laís. Caralho mano - reclamou e eu já tava quase desligando - Tô no hospital. Teu pai levou um tiro de raspão no braço e te quer aqui encima. Tamo levando ele pra casa agora.

Laís: Espera aí, como é que é?

Senti o ar fugir por meus pulmões e eu desliguei o aparelho, gritando pro taxista seguir pra favela. Procurei pela bombinha de asma dentro da bolsa, apertando umas três vezes ela dentro da minha boca. As vezes sentia que não conseguia respirar e só ela conseguia me fazer voltar.

Encostei a cabeça no banco, mas tudo girava, e o motorista dirigia o mais rápido que conseguia. Quando paramos perto do Pavãozinho, o sinal estava fechado. Joguei uma nota pro moço e sai correndo do carro, em direção a entrada do morro.

Os meninos que estavam na contenção eram novinhos, e já me olhavam cheios de maldade. Mas aliviei quando vi o Índio ali também, com um cigarro no bico.

Laís: Ei! - acenei pra ele.

Índio: Porra, Laís! - ele voou na minha direção com um sorriso no rosto, me abraçando com força - Pô, nega. Saudade de tu por aqui!

Laís: Fiquei sabendo do que houve - respondi, ainda ofegante. Eu continuava tonta. Mas pelo menos não tinha desmaiado - Me diz que ele tá bem.

Índio: Vai ficar, papo dez - assenti concordando - Tão levando o coroa pra casa, eu te deixo lá.

Laís: Você tá trabalhando, não precisa. Eu subo.

Uma moto parou bem do nosso lado, e o Terror tirou o capacete da cabeça, apontando com a cabeça pra mim em cumprimento.

Não respondi. Nós não tínhamos intimidade. Ele era melhor amigo do meu irmão, e praticamente um filho pro meu pai, mas nos víamos pouquíssimas vezes porque eu já namorava com o Flávio e praticamente morava com o ele quando o Terror conheceu o Vitor.

Terror: Fui comprar uns bagulho pro teu coroa - falou - Sobe ai, a gente tá indo pro mesmo rumo.

Engoli seco e concordei. Era mais fácil chegar assim.

O Terror me esticou o capacete e eu coloquei, subindo na moto com a sua ajuda.

Acenei pro Índio que deu um tchauzinho pra gente, sorrindo de lado.

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Índio, Caio ⚜️ - 25 anos.

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