Capítulo 36

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Neguinho 💥

Eu tinha metido a maior marra dentro daquele hospital. Se não me deixassem sair, eu ia estourar a cabeça de cada um que se colocasse na minha frente.

Eu tinha visto os tiros atingirem o DG e tava ligado que ele não ia sobreviver com dois tiros no peito.

Dos meus filhos eu nem sabia, e na real era tudo o que me importava. Eu só rezava pra que nada tivesse acontecido com eles, ver o avô morrer e o pai levar um tiro já seria tomento pra caralho.

Na sala de espera, eu vi o VH pilhadão, gritando pra caralho no radinho.

Vi meus caras ali também.

E por último vi o Pedro fazendo carinho no cabelo da Vitória, que assistia desenho no celular de alguém ali.

Ela tinha se machucado com a minha queda. Um curativo na cabeça e outro no joelho.

Eles me viram e correram pra me abraçar. Eu retribui da mesma forma, apertando firme pra caralho, querendo gritar com a dor no meu braço.

Neguinho: Cadê a mãe de vocês? - perguntei, olhando em volta.

Pedro: Ela não chegou ainda. Meu dindo disse que ela foi no hospital, tomar remédio - me olhou, pedindo que eu confirmasse.

Não comprei aquela história mal contada.

VH me olhou pelo canto do olho, mas não disse nada, e voltou a gritar no radinho.

O Formiga, cria meu, chegou perto da gente, dizendo que queria falar comigo. Deixei meus filhos ali, e me afastei um pouco com ele.

Neguinho: Manda, pô. O que aconteceu com a Laís?

Formiga: O papo que deram pros teus pivete é meio que isso. Ela passou mal e foi pro hospital - ele pegou um papel na mão, que tinha uma parada escrita - Crise de asma. Foi isso que deu na tua mulher.

Neguinho: E ela tá bem? - perguntei marolando. Laís tinha esses bagulho desde que nasceu e eu acompanhei algumas crises, principalmente durante a gravidez. Foram algumas noites sem dormir.

Formiga: Ta, mano. Mas foi tempo demais, tem que ficar em observação e essas paradas. Colocamos dois dos nossos lá, qualquer bagulho eles acionam.

Neguinho: É isso. Vou te dar um agrado maneiro!

Formiga: Tem mais um bagulho, chefe - estiquei o pescoço pra ele, que se aproximou mais, falando baixo - Teu cunhado aí tá doido procurando o Terror, mas ele tá lá no nosso morro.

Neguinho: Como assim, moleque?

Formiga: Ele tentou passar pra cá, pelo Cantagalo, tá ligado, os cana tavam em tudo quanto é lado. O homem chegou lá, rendido, pô. De arma na cintura e nem tentou lutar, só queria passar mesmo.

Eu concordei e fiz um toque com ele, me aproximando do Vitor.

Neguinho: Tô ligado que tu ainda tá puto porque eu ia ter matar, mas eu só queria dizer que sinto pra caralho pelo DG, irmão. O homem era brabo e sempre teve o meu respeito e admiração - coloquei a minha mão no ombro dele - Independente de qualquer caô nós é família, e tu pode contar comigo pra qualquer bagulho.

Ele concordou com a cabeça.

VH: Valeu.

Neguinho: Tu tá procurando teu aliado, né? - ele estreitou os olhos, me encarando - Ele se meteu lá no morro e os moleques pegaram. O fodido tá bem, fica tranquilo.

VH: Então solta ele, caralho! - gritou.

Neguinho: Sossega, pô! - falei boladão, encarando meus filhos pelo canto do olho - Os cana tão tentando pacificar essa porra de qualquer jeito, e vão conseguir porque a gente tá cada vez mais fraco!

VH: Solta o Terror, Neguinho. Eu não vou ter pena nenhuma em meter bala no teu cu aqui mesmo!

Neguinho: Teu pai não desacatou o que o Terror falou porque confiava no cara, mas tu sabe que a gente separado só tem a perder, VH! - ele respirou fundo, ainda me encarando - Eu solto. Mas eu quero manter a aliança. PPG é uma coisa só e tem que ser sempre assim! Lucrei mal pra uma porra na última semana e tô ligado que o de vocês só manteve pelos bailes que rolaram aqui.

VH: Para de enrolar, cara!

Neguinho: Vou soltar o moleque e a gente vai voltar a ser uma coisa só. Se tiver bagulho pra ser resolvido a gente resolve depois. Nós só vai conseguir continuar no topo se estiver junto agora! - apontei pra ele.

O VH pensou um pouco, encarando o chão. Eu sabia que tinha entrado na mente dele, e sabia que estava certo.

A polícia estava com essa palhaçada de pacificação e não tinha a menor condição de a gente ficar brigando entre si agora. Se tivesse qualquer bagulho pra ser resolvido, tinha que ficar pra depois, porque agora era a hora certa de se juntar com os aliados.

VH: Solta ele. A gente tá junto de novo. Tu tem a minha palavra!

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