Capítulo 37

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Laís ❤️‍🔥

Acordei sentindo os meus olhos arderem por conta da claridade do quarto. Não entendi nada do que estava rolando, onde eu estava e o motivo do meu braço estar todo furado com acessos para as veias.

Minha cabeça doeu quando eu forcei a visão, olhando em volta.

O Flávio estava ali, sentado no sofá de qualquer jeito, e a Vitória dormia com a cabeça em seu colo.

Meu coração errou as batidas ao lembrar do que tinha acontecido.

Arranquei a máscara de oxigênio do meu rosto, quando ele ajeitou a nossa filha ali, e se levantou, vindo na minha direção. Vi que tinha um curativo em seu braço direito.

Neguinho: Coloca isso na cara - resmungou, tirando a máscara de oxigênio da minha mão, e tentando levar até o meu rosto. Tentei bater em sua mão para afastar, mas eu me sentia fraca e só consegui mesmo foi encostar nele - Tu tá bem?

Laís: O que você fez com a minha filha, Flávio? - perguntei, recuperando a memória do que havia acontecido.

Me estiquei na cama pra ter uma visão melhor da Vitória, mas ele me empurrou pra deitar de novo, e eu fiz careta.

Neguinho: Relaxa aí, Laís - mandou ficando bolado - Eu não fiz nada com a nossa filha! Ela só está dormindo. Tu tá bem?

Laís: Cadê o Pedro? - ele desviou o olhar e respirou fundo - Flávio, cadê o meu filho?

Mantive a postura quando ele me encarou com a sua pior cara.

Neguinho: Tu fez com o dedo? - perguntou.

Eu dei de ombros.

Laís: Seria mais útil que você.

Ele riu.

Neguinho: Vai brincando que a gente faz o terceiro.

Não consegui reprimir a cara de nojo, deixando ele ainda mais puto.

Laís: Só se for no seu sonho - resmunguei, me ajeitando na cama - Coloca ela aqui comigo, por favor.

Neguinho: Pedrinho tá com o teu irmão e com o Terror.

Eu desviei o olhar, encarando qualquer ponto daquela quarto que não fosse o meu ex bem na minha frente. Não queria que ele visse qualquer reação minha ao ouvir o vulgo do Guilherme.

Laís: E por que a Toya não está com eles também? Não acho que um hospital é um bom lugar pra criança dormir.

Ele se esticou, sentando na ponta da cama, mas nem me olhava. Ali eu tive certeza de que tinha acontecido alguma coisa.

Neguinho: Teve invasão no morro, Laís. Eu tava conversando com o teu pai os nossos filhos na hora. A gente tentou se esconder, por causa deles.

Laís: Cadê o meu pai? - o cortei, percebendo que até então ele era a única pessoa que não tinha sido citada na nossa conversa.

O Flávio encarou o aparelho que apitou, informando que meus batimentos estavam acelerados. Eu respirei fundo, tentando me acalmar, porque sabia que ele só voltaria a falar quando os batimentos estabilizassem.

Neguinho: Eu estava com a Toya no colo, DG correu com o Pedro pra longe, mas quando me viu o Pedro saiu do esconderijo. Tinha cana atrás, eu não vi. DG saiu pra proteger o nosso filho, pô! - senti minha bochecha molhar, com as primeiras lágrimas caindo pelo meu rosto - Eu tomei um tiro de raspão no braço, não atingiu a Vitória. DG tomou dois tiros no peito, Laís. O Pedro tá bem, sem nenhum arranhão, mas quis estar presente no velório do avô. A Vitória é nova demais, achei que não fosse entender muito bem o que está rolando, e decidi deixar ela com a gente aqui

Eu neguei com a cabeça.

Laís: Tu tá mentindo, né? - ele negou, me olhando - Fala pra mim que tu tá mentindo!

Neguinho: Eu sinto pra caralho! Se pudesse trazer ele de volta só pra não te ver assim tu sabe que eu faria.

Vitória: Mãe? - a voz sonolenta chamou a minha atenção - Você acordou!

Limpei o meu rosto, com a mão e tentei sorrir pra ela, deixando o choro trancado na garganta.

Ela levantou do sofá e se aproximou, contando com a ajuda do Flávio pra colocar ela deitada do meu lado na cama.

Minha filha logo se acomodou, voltando a dormir e eu pude voltar a chorar em silêncio, agarrada com ela.

Eu não amava o Flávio, nem no Brasil, nem na China e nem em qualquer outro lugar do mundo. Mas a gente teve uma história por anos, que envolveu muitos sentimentos. E eu só precisava de um abraço.

Não fazia ideia se ele só queria se aproveitar da situação, quando me puxou pra me abraçar, mas eu deixei levar, retribuindo e deixando que toda a dor se transformasse nas lágrimas que caiam em seu ombro.

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