Capítulo 31

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Neguinho 💥

Minha vida era maior bagulho doido, papo reto.

Com nove anos de idade eu tive que aprender a me virar sozinho. A filha da puta, que era a minha mãe, arrumou um velho boa pinta na vida e sumiu, me deixando sozinho no morro onde nasci e fui criado.

Eu não tinha irmão, não tinha vó e não sabia nem quem era o meu pai. E foi nesse pique que eu comecei a pular e barraco em barraco no morro do Cantagalo.

Entrei pro crime na tentativa de me manter vivo, quando não tinha nem dez anos nas costas ainda. Até tentei pedir esmola no sinal com uns merorzinho, mas não rendia lucro nenhum além de uns trocado que mal pagava um pão com mortadela.

Foi aí que eu comecei a roubar na praia de Ipanema, fora do morro, porque eu era criança, mas não era burro. Tava bem ligado do que eu podia e não podia fazer ali dentro.

O lucro foi vindo. A polícia não me pegava porque desde pequeno eu corria pra caralho. E nessa forma fui atraindo os olhares de quem sempre acreditou que eu não fosse conseguir sozinho.

Não tinha nem doze quando comecei a fazer os corre, e aí tudo ficou mais tranquilo pra mim. Os caras confiavam no meu potencial, e eu sabia que não podia falhar, até porque eu só dependia disso pra ter o que comer no dia seguinte.

Então, enquanto muitos faziam por status, fama, e por achar maneirinho, eu dava o meu sangue no bagulho, porque não tinha nada a perder.

Foi uns anos depois que eu conheci a Laís. A mulher da minha vida, sem neurose.

A garota era filha do maior dono do PPG, enquanto a outra parte ficava com o Grego, que era dono só do Cantagalo.

Mesmo com pouca idade, eu tinha certeza que tinha conhecido a mulher que eu ia querer passar o restante da minha vida, fiquei maluco por ela e fui retribuído da mesma forma. Ela bateu no peito e disse que ia ficar comigo independente de qualquer caô. Me deu o maior carinho, cuidado e atenção do mundo. Coisa que eu nunca tinha nem provado antes.

Mas no fim das contas eu deixei ela escapar e nem percebi.

Quando eu assumi o comando, deu tudo errado pra gente.

Eu me sentia o cara mais feliz do mundo. Era fiel pra caralho a ela e dava o maior amor pro nosso filho... mas foi só o morro cair no meu colo que tudo mudou. O dinheiro veio fácil, as mulheres mais ainda e a cada dia minha cabeça ficava mais perturbada com tudo que eu via e ouvia.

Não me sentia mais feliz por ter tudo o que ela tinha me dado, porque eu só decepcionava ela.

Enchi o saco que queria mais um filho. Ela me deu. Tudo o que eu pedia a Laís me dava. Tudo! E eu só queria conseguir retribuir um pouco.

Quando ela engravidou da Vitória a nossa vida virou de cabeça pra baixo. Ela me pegou conversando com uma doida na rua, e terminou tudo. E o pior é que eu nem tive o que fazer.

A vontade era de trancar ela em casa até a gente conseguir se entender... mas o DG era doidão pela filha e nunca ia aceitar que eu ou qualquer outra pessoa fizesse algo contra a vontade dela.

Já fazia cinco anos que eu tentava, mas nunca ia perder a esperança de ter a minha mulher e os meus filhos na nossa casa de novo.

Custe o que custar.

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