Capítulo 02

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Terror ☠️

Os caras tavam de tiração, não tinha como, pô. Resolveram invadir o bagulho bem quando eu tava na minha folga, dormindo de conchinha com a garota que eu tinha esquecido o nome. Sei lá. Tanto faz. Mas tava gostosinho e maneirinho, não tinha pra que sair correndo do bagulho, só quando o dia amanhecesse. Mas a voz do meu mano VH gritando no radinho me fez despertar no pulo e a garota também. Ela era gatinha até, eu só não lembrava o nome.

Peguei minha roupa no chão, entrando nela de qualquer jeito, junto com a pistola, era o que tinha ali na salinha, ia ter que dar um pulo em casa pra pegar alguma outra que pudesse me dar mais segurança. Prendi a blusa em volta da minha cabeça, porque por mais que o pai fosse bonitão, não dava pra ficar dando pinta na televisão.

A garota me olhou com os olhão esbulhado.

Terror: Milena, né?

- Não... é Duda! - falou como se fosse óbvio.

Terror: Uhum, saquei. Aí mana, da um dez e sai quando os tiros acabarem, jaé?

- Eu quero ir pra casa - choramingou - Me leva, Terror.

Terror: Não rola, e sem drama, nega. Ninguém entra aqui - calcei a sandália - Mas se entrar, diz que tu não tem nada a ver com os bagulho e deu, fica suavona.

A garota me olhou com ódio. Mas ela tava esperando o que? Os mano me apressando pra caramba no bagulho, pude nem escovar os dentes.

Terror: Aí aí aí, VH, onde tu tá? - perguntei no radinho, saindo da salinha na malandragem.

VH: Acordou, filha da puta? - debochou.

Esse moleque era meu irmão de uma vida, papo de alma gêmea e os caralho. Não existia o Terror sem VH e vice-versa. A gente se trombou na vida com uns dezessete anos, dois pivete cheio de marra que se meteram em briga com os outros menorzinho da escola. Os cara tavam fazendo o VH de chacota, falando altos bagulho da irmã dele, lembro como se fosse hoje, eu morava no morro do Pavão com a minha coroa e o VH morava no Pavãozinho, então a gente se trombou na escola nesse bagulho aí. Ele foi tretar com os cara e os mano foram na covardia, papo de cinco contra um. Me meti no meio e não deu outra.

A gente apanhou? Sim! Mas apanhou junto!

Desde então viramos melhores amigos e quando perdi minha mãe pra porra de uma doença que não tinha deixava ela respirar, nos meus dezoito anos, foi o VH e o pai dele, o DG, que me acolheram. Me mudei pro pavãozinho, entrei pros corre do lado do mano, e o meu pai do coração sempre dizia que ele tinha dois braços direitos, eu e o mano. Crescemos juntos nessa, e eu tinha certeza que sairíamos da mesma forma.

Terror: Tava comendo tua mãe - meti serinho, ouvindo a trocação de tiro se tornar mais intensa - Anda porra, tô precisando de armamento, tô na rua onze, com pouca coisa.

VH: Ah, porra, Terror. Tá zoando, né? - a linha ficou muda e eu não respondi - Sobe lá pra casa, mas vai na malandragem, é o primeiro lugar que os cana vão procurar o pai!

Terror: Jaé.

Subi correndo pra casa do mano, que era mais perto do que a minha, e entrei direto pro quarto dele, colocando um fuzil pendurado nas costas e mais duas pistolas na cintura.

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