Capítulo 28

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Laís ❤️‍🔥

O plano era todo mundo ficar bem louco, e eu posso dizer que ele foi concluído com muito sucesso.

A Duda sobreviveu, depois de ter morrido no sofá do camarote, e retomou a vida metendo o louco.

Eu fiquei no mesmo ambiente que a Bruna e o Junin por alguns horas, mas poucos segundos foi o suficiente pra eu perceber que eles dividiam o mesmo neurônio. Era incrível como a vibe dos dois era igualzinha, e eu nunca mais ia arriscar um rolê com os dois, porque sinceramente não dava pra acompanhar.

O Vitor ficou sumido a noite inteira, mas eu não podia dizer que senti falta, porque nem conseguia lembrar dele depois de alguns shots de tequila.

Nem dele e nem de ninguém.

O Terror tinha bebido, fumado e cheirado junto com os amigos, e até a Bruna acompanhou. Eles estavam curtindo a onda deles, na maior alegria do mundo.

O foda foi pra dormir. O Junin e o Indio deixaram a gente em casa por volta das sete da manhã. E a Bruna ainda estava ligadona, enquanto eu e a Duda só queríamos dormir.

Levantamos por volta das nove e meia e as meninas foram pra casa delas se arrumar, porque o churrasco no morro ia começar.

Eu me arrumei também. Fazia calor, então optei por um vestido que eu raramente usava. Separei também a roupa das crianças e subi pra casa do meu pai.

Depois de arrumar eles também, nós fomos até a quadra, onde rolava a festa.

Os brinquedos estavam do lado de fora da quadra, na rua mesmo, e a criançada fazia a festa. Tinha carrinho de lanche, algodão doce, pipoca e várias coisas.

Já dentro da quadra, havia uns caras e umas crianças jogando futebol. Meu filho logo se animou pra ir lá no meio, enquanto a Vitória queria ir no pula pula.

Eu estava sozinha com eles, porque meu pai já tinha se dispersado pra conversar com os amigos.

VH: E aí, sujeira - apareceu do meu lado, agarrando o meu ombro.

Fiz careta.

Laís: Tu não tem mais casa? Sumiu ontem o baile todinho e não dormiu em casa.

VH: Vou nem te falar o que tava rolando porque tem criança perto e depois que eu falo tu me bate - ele me largou, enchendo o rosto da Tóya de beijos e depois deu um tapa na cabeça do Pedrinho - Tá moscando, moleque? Vamo jogar, caraí.

Eu devolvi o tapa na cabeça dele.

Laís: Não bate no meu filho, podre.

VH: Ó lá, teu homem - apontou com a cabeça pro Guilherme, que entrava na quadra com o Junin do lado. Nem entendia como eles não estavam mortos de ressaca, porque eu que tinha ficado bem mais tranquilhinha só queria a minha cama - É sério o bagulho? Só vejo os Zé povinho falando de vocês nesse morro.

Deixei a Vitória ir brincar, mas fiquei de olho, porque a movimentação estava grande. E o Pedro correu na nossa frente, em direção a quadra.

Laís: Gente que não tem o que fazer da vida.

VH: Ainda. Me conta aí, pô. Sou teu irmãozão do coração!

Laís: Você é um falso, isso sim. Só quer falar comigo pra saber da fofoca.

VH: É mermo - concordou - Pô, mas é sério. Terror não pega mulher nenhuma na frente de ninguém, o cara faz tudo escondidinho sempre. Ai casou contigo no baile do nada? Entendi nada dessa viagem aí.

Laís: A gente só curtiu juntos. Tá tudo certo - abracei ele pelas costas - Te incomoda?

VH: Eu não. É pra mim que ele corre na madruga.

Laís: Eu sempre soube que vocês tinham um caso - gastei.

VH: Pois é, gata. Mas como ele não pode me assumir, tá tentando contigo, pro negócio continuar na família.

Laís: Saquei.

O Vitor me soltou, ficando de frente pra mim. A essa altura o Pedro já entrava no campo, trocando maior papo com uns caras lá dentro, e a Vitória pulava com uma amiguinha da escola.

VH: Papo sério agora - coçou a cabeça e respirou fundo, fechando o sorriso - O Guilherme é o meu irmão, melhor amigo de uma vida, não troco aquele moleque nem por você.

Eu cruzei os braços e bufei.

Laís: Obrigada - respondi com deboche.

VH: Mas eu já te vi sofrer pra caralho por causa do Neguinho, Laís. E eu não quero ver isso de novo - falou, me olhando no fundo dos olhos. Eu engoli seco e assenti, lembrando do tanto que tinha sofrido com o término - Terror é foda, um cara pra frente. Mas é bandido igual. E tudo bem fácil demais pra gente. Mulher, dinheiro, droga. Tem que ter a cabeça muito boa pra não foder com tudo, pegou a visão?

Laís: Relaxa, eu tô tranquila na minha.

VH: Tô ligado, mas tu tá gostando e o mano também. Tô vendo uns bagulho que eu nunca vi acontecer tanto contigo, quanto com o meu mano, antes - ele empurrou o meu ombro, devagar - Tu nem levava ninguém pra casa. Já chegou no meu ouvido que o Terror dormiu lá.

Laís: Você é fofoqueiro né, cara - tentei descontrair mas ele continuou sério.

VH: Não vou ficar de braço cruzado vendo acontecer os mesmo bagulho que aconteceram no teu passado. Se der merda, eu meto bala no cu daquele arrombado, igual eu devia ter feito com o Neguinho, e a gente se manda pra Grécia com as cria.

Laís: Por que pra Grécia?

Ele deu de ombros.

VH: Acho que lá não vai correr o perigo de tu pegar mais um favelado metido a traficante. Por que tá foda hein, fia. Não tinha um tipinho melhor pra tu?

Eu ri e abracei ele, beijando o seu rosto.

Laís: Te amo, tá? Fica tranquilo que eu sei o que eu tô fazendo. E qualquer coisa te ligo pra gente fugir pra Grécia.

Ele me beijou também, mas depois me empurrou.

VH: Que mané te amo, vai pegar uma cerveja pro teu gato.

Eu neguei.

Laís: Tu só não tem cérebro, mas a mão e a perna ainda tá funcionando - apontei pro barzinho - É só ir ali pedir.

Sai de perto dele, caminhando pra arquibancada da quadra, onde eu podia ver as crianças e o Vitor veio no meu pé, dizendo que eu era a pior irmã do mundo e que preferia que o meu pai nunca tivesse me achado no lixo.

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