Capítulo 32

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Neguinho 💥

Ainda consegui ver o DG saindo boladão do carro, e gritando alguma coisa pro Vitor, que dirigiu igual um maluco pra fora do morro.

A minha tropa apontou a arma pro DG, quando ele avançou na nossa direção, mas ninguém atirou.

DG: Qual foi, Neguinho. Pra que tudo isso? - perguntou, entrando no centro da roda e ficando cara a cara comigo.

Neguinho: Eu só vim ver minhas cria, já que tua filha nem se dá ao trabalho de me responder.

Ele negou com a cabeça, cruzando os braços.

DG: Tu veio ver teus filhos? - eu concordei - E pra que tudo isso? Pra que toda essa gente?

Neguinho: Proteção, DG. Tu tá ligado que a gente não é mais aliado e que o papo, que o projeto de traficante que tu colocou no comando do teu morro, me deu foi sério. E na moral, eu tô pouco me fodendo, esses b.o a gente resolve depois. Mas eu quero ver a minha família!

DG: Não vou deixar tu chegar perto dos meus netos cercado dos teus homens. Pra começar, manda abaixar as armas.

Eu respirei fundo e fiz um sinal com a cabeça, para que eles abaixassem. Fiquei encarando os cria do DG, porque eles ainda apontavam as armas na minha direção.

Neguinho: E aí, vale só pra um lado?

DG: Abaixa - mandou e os caras obedeceram. Ele me encarou sério, chegando mais perto - Eu sempre tive ciente que tu ia arrumar dor de cabeça pra caralho na vida da Laís, mas não achei que fosse tanta.

Neguinho: Laís não aceita o destino dela e a culpa é minha?

DG: Já te dei o papo de que quem manda na vida da minha filha é só ela mesmo! - apontou o dedo na minha direção - Pô, bagulho feião! Dia de festa no morro, todo mundo curtindo e tu vem criar caso aqui, Neguinho.

Neguinho: Não vim aqui pra ouvir lição de moral, DG. Só quero ver meus filhos - respondi, curto e grosso. Já tava ficando sem paciência, mesmo que respeitasse pra caralho aquele velho.

Ele negou com a cabeça mais uma vez e encarou um dos menor que vivia com eles.

DG: Manda tua tropa ir embora, que eu mando as crianças descerem.

Eu ri.

Neguinho: Não sou otario!

DG: Então volta outra hora - falou, dando as costas.

Neguinho: Qual foi, DG? Tu vai negar voz mermo? Eu posso ter feito merda com a tua filha, mas nunca vacilei com os meus filhos! E nem tu e nem ninguém tem o direito de meter marra e me privar de ver eles!

DG: É, mas eles estão no morro agora. E se o Terror disse que dessa linha tu não passa... então dessa linha tu não passa! - bateu o pé - Manda os homem embora que eu trago as crianças aqui.

Caralho, tava atormentadão da cabeça. Tinha tido o maior sonho ruim com a Vitória, depois de me drogar pra caramba, e foi real demais. Eu só precisava ver eles pra ter certeza que estavam bem e a filha da puta da Laís tava ignorando todas as minhas mensagens.

Eu acabei cedendo ao pedido do DG, pedindo que só cinco dos meus ficassem, e os outros três carros voltassem pra casa. DG só trouxe meus filhos depois que eles foram embora.

A Vitória correu pro meu colo, me abraçando e eu apertei muito ela, respirando aliviado. Pedro ficou de canto, só olhando. Estranhei de cara, era geralmente ele que ficava mais feliz de me ver.

Neguinho: Que foi? Não vai falar com o teu pai? - perguntei.

Ele deu de ombros e se aproximou, me abraçando. Eu continuei segurando a Vitória no colo.

Pedro: Vô, cadê a mãe? O dindo? E o Terror?

O DG não respondeu, só deu um sorriso fraco pro neto e eu saquei que tinha alguma parada acontecendo.

Neguinho: Manda o papo, DG.

Ele ia abrir a boca pra falar. Mas assustou pra caralho quando ouviu o barulho da sirene tocando de longe e os rojão fazendo o chão tremer.

O DG xingou, puxando o Pedro pra perto dele, e eu arranquei a arma da minha cintura, mas continuei com a Vitória no colo. 

A gente correu pra dentro da favela, enquanto os caras iam atirando em tudo o que viam. Minha filha chorava pra caralho no meu colo e a essa atura eu já não conseguia ver ou ouvir o DG e o Pedro.

Tava tudo uma loucura.

Gritaria, as viatura subindo, e o barulho de tiro que não parava.

Entrei em um beco, procurando o Pedro  que estava  junto com o avô e mais dois caras, se escondendo entre as paredes das construções.

O meu filho veio correndo na minha direção quando me viu, e a única coisa que eu ouvi foi o grito do DG, enquanto ele se metia no meio do beco, deixando de se esconder.

A arma na mão dele era apontada pra trás de mim, e antes que eu pudesse virar eu ouvi os quatro disparos.

E depois a ardência fodida no meu ombro, fazendo com que eu perdesse completamente os sentidos.

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