Capítulo 46

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Terror ☠️

Pedro: Mas por que vai sair só a gente? - perguntou, me olhando, antes de entrar no carro.

Terror: Tu quer sair ou não quer, mano? - ele entrou no carro mas ainda estava com uma cara feia - Chatão, só faz pergunta difícil. Parece até ser filho da tua mãe.

Pedro: Mas eu sou filho da minha mãe.

Terror: Coitado de tu.

Laís entrou no carro me olhando com aquela cara de vaca debochada.

Laís: Se você me odeia, problema é seu. O meu filho me ama.

Eu dei de ombros, ligando o carro.

Terror: Uhum. Mas é pra mim e pro teu irmão que ele vem correr quando tu tá brigando com o moleque.

A Vitória começou a tagarelar sem parar e a gente nem teve espaço pra falar mais nada naquele carro. Saímos do morro pra ir em um restaurante de riquinho na pista. Eu nem ligava pra esses bagulho, mas era um fato de que se os cana brotassem, eles não ia fazer b.o em um restaurante de rico... mas se fosse de classe média, baixa, podia até rolar trocação de tiro que não iam nem ligar.

A gente comeu na maior paz, e depois foi pra praia.

Sentei na areia com a Laís, ela ficou no meio das minhas pernas, encostada no meu peito, vendo os filhos brincando ali perto. Acendi um balão, e fiquei marolando ali, só ouvindo o barulho do mar.

Tava o maior clima gostosinho, mas eles iam ter aula no dia seguinte, e a Laís ia ter que trabalhar também. Eu não podia ficar dando bobeira por aí, então quando terminei de queimar o meu, a gente já tava chamando os molequinho pra vazar.

Laís: Deve ter areia até dentro do ouvido de vocês - reclamou, ajudando a Toya a se limpar, ainda ali na areia.

Vitória: A gente pode vir amanhã de novo? - perguntou me olhando.

Terror: Outro dia nós passa o dia todo na praia, jaé?

Pedro: Por que o meu pai não pode vir junto?

Terror: Porque eu nem gosto do teu pai - Laís me deu um socão na barriga e eu quase morri - Aí, porra. Era brincadeira!

Pedro: A gente nunca saiu assim com o meu pai. Vocês são namorados?

Eu ia gastar o moleque dizendo que só tava comendo a mãe dele, mas eu nem conseguia falar com medo de levar outro soco.

Vitória: Ah, eu quero! Assim você sempre pode sair com a gente, tio.

Laís: Calminha aí, galera. Uma coisa de cada vez! - pediu ficando de pé. Mas eu continuei sentado no chão, querendo arrastar a desgraçada pelos cabelos - Primeiro, sim, eu e o Terror estamos juntos. Se vocês não gostarem disso de alguma forma, quero que me falem agora.

Encarei ela bolado.

Terror: Por que? Tu vai fazer o que, mandada?

Vitória: Se vocês namorarem, o papai do céu pode mandar uma irmã pra mim? Eu tenho várias bonecas pra dividir.

Terror: Até da, Totoya. Mas tá em falta umas doida lá no céu e ele só manda molequinho - falei, marolando na ideia.

Ela fez careta.

Laís: Fiquei sabendo que tá faltando bebê mesmo, independente se é menino ou menina, então não vai rolar irmãzinha nenhuma. Você que se contente com o Pedro.

Vitória: Ta tudo bem. Eu espero.

Terror: E tu cara? Tá quietão aí - fiquei de pé, chegando perto do Pedro - Eu sou muito mais gato que o feio do teu pai, pô.

Laís: Guilherme! - ignorei ela.

Pedro: Eu gosto de você, Terror. Só achei que um dia a gente fosse ser igual a família dos meus amigos.

Terror: Para de caô. Eu te dei um PS5!

Levei um chutão na perna, da doida.

Laís: Se liga, cara!

Terror: Qual foi, P.A? Eu nem tinha família e esses bagulho tudo. Família é quem a gente escolhe pra estar do lado, irmão - ele ficou me olhando - Tu já falou aí que gosta de mim. Também gosto de ti. Gosto da Tóya também. Só não gosto muito da tua mãe, mas tudo bem, a gente tolera.

Laís: Idiota - sussurrou.

Pedro riu e a Vitória também.

Pedro: Tu me chamou de P.A.

Eu dei um sorrisão pro meu amigão.

Terror: Gostou? Já até arrumei teu vulgo, menor.

Pedro: Tipo, meu vô era DG. Meu dindo é VH. E eu sou PA. Gostei! - sorriu, me apertando em um abraço - Eu só quero que a minha mãe fique feliz. Mas eu ainda sou o homem da vida dela.

A dona já ia começar a me encher, mas eu fiz sinal pra ela ficar quietinha. Agora que tava amolecendo o menorzinho ela não ia me encher a cabeça com os papo de que o filho não vai entrar pro crime. Mas é claro que vai!

Eles saíram correndo na direção do carro e eu fui atrás, agarrado no pescoço da minha mulher, que tava toda quietinha, mas tinha um sorrisinho no canto da boca.

Ela ajudou a Vitória a se prender no cinto de segurança, e eu só tava segurando a porta, quando o meu telefone tocou, anunciando o número do irmão da Laís.

Me afastei na hora, pra atender.

Terror: Se tu tiver drogado, eu vou enfiar bala no teu cu!

VH: Relaxa, porra. Eu ainda tô limpo.

Terror: E vai continuar.

VH: E vou continuar!

Laís já tinha entrado no carro, e estava só me olhando dali, com a maior cara de desconfiada.

Terror: Qual o B.O?

VH: Formiga me ligou agora. Os cana pegaram o Neguinho. Tô na boca, voa pra cá.

Eu respirei fundo e desliguei o celular, passando a mão no rosto e encarando o mar pela última vez antes de entrar no carro.

Era porrada atrás de porrada, e eu já tava cansado pra caramba.

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