Capítulo 53

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Laís ❤️‍🔥

Apertei o celular nas minhas mãos, engolindo o choro e secando as duas lágrimas que eu me permiti derrubar.

Minha cabeça girava, e eu fechei os olhos tentando controlar a respiração, tudo o que eu não precisava era ter mais uma crise agora. Estava exausta, e ainda tinha recebido essa bomba no colo... sinceramente eu não sabia mais o que poderia piorar.

Me encolhi no canto do sofá, desejando que pelo menos eu tivesse o colo do meu pai pra correr e chorar por horas, mas nem isso eu tinha.

Ouvi o barulho do portão sendo aberto, e depois fechado. Continuei parada, sem nem abrir os olhos. A porta da sala foi aberta, e eu senti o cheiro do perfume do Terror. A porta foi fechada e eu senti o sofá se afundando do meu lado, alguns segundos depois. Sua mão tocou a minha coxa, e eu senti o frio percorrer pela minha espinha, mas afastei a mão dele, abrindo os olhos.

Terror: Nem dormiu ainda, amor? - perguntou, com o cenho franzido - Tu tá chorando?

Ele tentou se aproximar, mas eu estendi a minha mão em sua direção, impedindo que se aproximasse.

Laís: Cadê as crianças?

Terror: Com o Vitor - respondeu, batendo o pé no chão impacientemente - Por que tu tá chorando? Que que eu fiz? Desculpa, pô. Não faço mais. Só não chora, por favor. Tu tá certa, seja lá o que eu fiz. Quer comer o que? Eu compro.

Eu neguei com a cabeça, e limpei mais uma lágrima que ameaçou sair dos meus olhos.

Laís: Você não me contou - desviei o olhar dele, olhando para minhas mãos.

Terror: Não contei o que, linda? - tentou puxar a minha mão, mas eu afastei de novo, e ele ficou ainda mais impaciente - Pô, Laís. Não faz isso comigo.

Laís: O Flávio me ligou. Ele me contou que foi preso a quatro dias - encarei ele - Quatro dias, e eu não sabia de nada. Quatro dias e eu acreditando até o último segundo que ele ia pegar as crianças. Quatro dias que eu tenho que me desdobrar pra inventar uma desculpa que seja boa o suficiente toda vez que eles me perguntam do pai, toda vez que ligam pra ele e o Flávio não atende. Ele me contou que você sabia. Que o Vitor sabia. É claro que ele não atende os filhos, ele está na porra de uma cela!

O Guilherme piscou duas vezes antes de falar qualquer coisa. A cara não era das melhores.

Terror: Tu tá bolada porque eu não te falei, ou porque o Neguinho tá preso? - perguntou.

Laís: Sério que é só isso que realmente importa agora?

Terror: Responde - pediu, com a voz tão baixa que parecia ser sussurrado.

Laís: Por causa dos dois. E por outras coisas também. Cara, eu to cansada!

Terror: Não te contei antes, mas sabia desde o dia que ele foi preso. Quando a gente foi pra praia com os menor e o Vitor me ligou.

Laís: Por que você não me contou? Mesmo se a gente não estivesse junto, acho que o mínimo que deveria ser feito era você ter me falado! Ou o Vitor... eu nem sei quem está mais errado nessa história.

Terror: Não te contei porque passei os quatro dias com um medo do caralho de ouvir o que tô ouvindo da tua boca agora!

Laís: Hum? - ele encarou a televisão, e negou com a cabeça.

Terror: Tu tá bolada porque o Neguinho foi preso, cara. E tu tá comigo. Tu gosta dele ainda e nem sente.

Laís: Não viaja, Guilherme. Como que eu não vou ficar bolada com o pai dos meus filhos preso? O que eu vou falar pra eles agora? Logo agora que começaram a se aproximar! - ele fechou os olhos, ficando encostado ali no sofá, só me ouvindo falar - Eu não gosto do Flávio, se gostasse não estaria com você. Se eu gostasse, era simplesmente muito mais fácil eu ficar com ele!

Terror: Tudo que o cara faz te afeta, pô.

Laís: Não me afeta. Você não sabe quantas vezes eu desejei não ter vínculo nenhum com ele, pra poder sumir e nunca mais precisar olhar pra cara daquele homem. Caralho, mas eu tenho DOIS filhos com ele! - respirei fundo - E se afeta os meus filhos, vai me afetar três vezes mais.

Terror: Uhum. Tu é uma mãe dez.

Laís: Eu te amo, cara - me aproximei dele, que abriu os olhos e ficou me encarando quietinho - Nunca quis me envolver com outra pessoa depois que me separei, mas contigo eu quero muito. E eu tô apaixonada por você. Acho lindo o jeitinho que você cuida de mim e dos meus filhos, e acho que é o que eu mais gosto em você. Mas eu só queria que você confiasse em mim o suficiente pra me contar o que rolou, teria facilitado a minha vida em noventa por cento.

Vi o sorrisinho escapar no canto da sua boca, e deixei um beijo bem ali.

Terror: Tu não vai terminar comigo então?

Laís: Eu não quero terminar. Tu quer?

Terror: Não, maluca - fez careta, abraçando a minha cintura com os braços, e encostando a cabeça no meu peito - Eu não quero te perder.

Laís: Então confia mais em mim, e acredita no que eu falo.

Ele assentiu.

Terror: Ele já sabe da gente. Tá calminho e na paz, mas vai aprontar, tenho certeza - ele afastou a cabeça do meu peito, pra me olhar - Tu precisa confiar em mim também. Tô sentindo que o cara vai tentar a todo custo jogar a gente um contra o outro.

Laís: Eu confio em você - sorri fraquinho.

Guilherme se esticou, me dando um beijo rápido da boca e depois voltando a encostar a cabeça no meu peito.

Terror: Laís? - perguntou, depois de ficar o maior tempão em silêncio. Achei até que tivesse dormido.

Laís: Hum?

Terror: Eu também te amo, pô. Prometo que nada vai separar a gente.

Eu sorri abertamente, apertando ainda mais ele dentro do meu abraço.

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