Capítulo 59

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Neguinho 💥

Enfiei a minha mão no cabelo dela, puxando com força. Luana apertou os olhos, e tentou me empurrar com a mão, mas eu tava no ódio e não ia baixar a bola pra ela.

Luana: Vai me bater? - perguntou, de olhos fechados.

Neguinho: Cadê tua postura, porra?! - gritei na cara dela.

Luana: Bate, Neguinho! - incentivou me deixando ainda mais transtornado - Bate na única pessoa que ainda aguentava ficar do teu lado!

Neguinho: A gente vai resolver esse caô em casa - soltei o cabelo dela, empurrando ela pro carro, pelo braço. Encarei a Laís antes de me afastar de vez - Logo menos nós se tromba!

Luana: Eu não vou pra casa com você! - bateu o pé no chão.

Puxei ela pelo braço mesmo, na maior agressividade, arrastando ela pra entrar no carro.

Abri a porta e joguei ela lá dentro, trancando. Dei a volta e entrei no banco do motorista, largando a peça no chão.

Vazei dali a duzentos por hora.

Luana ficou quieta no canto dela, com a cabeça encostada no vidro.

Em cinco minutos a gente tava em casa. Ela desceu correndo, e entrou sem falar nada.

Eu respirei fundo, tentando controlar a minha paciência. Não queria explodir com ela.

Entrei em casa na paz, com calma. E logo na cozinha já senti o cheiro das velas. A mesa estava toda arrumada, pra duas pessoas, com balões vermelhos e pétalas de rosa espalhadas por todo canto.

Luana tava no quarto com a porta fechada. Eu subi na boa, abrindo sem nem bater.

Vi ela arrumando uma mala cheia de roupas e me bateu maior nervoso. A cena toda tava se repetindo na minha cabeça.

Ouvia a voz da Laís, gritando, chorando, e repetindo as mesmas coisas que me disse a seis anos atrás antes de ir embora.

Neguinho: Não. De novo não. - falei pra mim mesmo.

Joguei a mala no chão, derrubando todas as roupas que ela tinha colocado ali.

Luana me olhou com o rosto todo vermelho.

Luana: Para de me machucar. Me deixa ir embora.

Neguinho: Não. Não. Porra. Não! - neguei com a cabeça - Tu não vai também.

Luana: Eu tô grávida! - gritou e eu travei no lugar, só deixando com que ela falasse - Eu tô grávida do cara que eu me apaixonei... mas ele ainda está completamente preso no passado.

Eu respirei fundo, colocando as mãos atrás da minha cabeça.

Neguinho: Eu te amo, pô. É contigo que eu quero ficar! - meti sério pra ela - Eu só não sei como fazer isso!

Luana: Eu acredito no seu amor - riu, negando com a cabeça - Pior é que eu acredito, porque vejo como você me olha. Mas ainda é obcecado pela Laís de um jeito que eu não entendo! Você ama ela?

Neguinho: Não. Amei. Amei pra caralho. Perder a Laís foi a maior decepção da minha vida, porra. Mas eu não amo ela - fui sincero - Eu te amo, gata.

Ela sentou na cama, de costas pra mim, e colocou as mãos na cabeça.

Luana: Então porque dói tanto em você ver ela ser feliz com outra pessoa? - perguntou com um fio de voz.

Meu peito tava apertadão.

Eu só fazia merda, na moral.

Neguinho: Porque bate neurose na minha cabeça toda vez. Era pra ser eu ali. Mas eu só vacilei com ela.

Luana: E nesse ciclo você vacilou comigo também, e nem se deu conta.

Neguinho: Não vai embora, por favor. A gente só tem a gente, Luana - me sentei do lado dela na cama - Eu vou mudar. Eu juro. Eu vou mudar e dessa vez é sério!

Luana: Vai mudar pra que? Nem sei mais se faz sentido.

Neguinho: Vou mudar por ti. Pelo nosso filho. Pelos meus filhos.

Luana: Muda por você, cara. Você quer ser assim? Quer afastar todo mundo que fica ao seu redor?

Neguinho: Claro que não! Eu quero ficar aqui, pô. Com vocês. Quero meus menor comigo também.

Luana: Eu amo você. Mas eu não preciso de você.

Neguinho: Mas eu preciso! - bati o pé - Fica comigo aqui, pô. Não vou conseguir sem tu.

Ela respirou fundo.

Luana: Eu tô cansada de acatar os teus vacilos.

Neguinho: Eu prometo que não vou vacilar de novo. Tô sendo purão contigo. Se eu vacilar mais uma vez que seja, Luana, tu pode vazar pra onde tu quiser que eu nem vou me meter.

Ela ficou me olhando por um tempo, enquanto tomava uma decisão.

Luana: Um vacilo, Flávio. Só um. E  se você relar sua mão em mim na violência mais uma vez eu te mato.

Eu concordei com a cabeça, sabendo que ela era doida o suficiente sim pra me matar.

Mas eu não queria vacilar. Não de novo. Não com ela.

Luana tava grávida de um filho meu. Mais um pra conta. E eu tava feliz com isso. Sempre me amarrei nas cria, mas dessa vez eu queria fazer diferente.

Ia dar um tempo do morro. Ia ficar com meus filhos, com a minha mulher. Papo de futuro. Eu ia mudar!

Tava cansado de só vacilar e perder as pessoas mais importantes pra mim por conta disso.

Neguinho: Eu te amo, tá?

Ela me olhou, mas ficou de pé, pegando uma toalha.

Luana: Eu vou tomar um banho. Arruma a sala, ou o quarto de hóspedes, sei lá. Não quero dormir com você.

Neguinho: Mas a casa é minha - murmurei, com a voz baixa.

Luana: Eu te perguntei alguma coisa? - perguntou, prendendo o cabelo no alto da cabeça.

Neguinho: Não - fechei a cara.

Luana: Imaginei. Acho bom você já ir pensando no que falar pra Laís e pro Terror, porque amanhã mesmo você vai procurar eles pra se desculpar pela merda que fez hoje! - meteu a maior moral e depois saiu, em direção ao banheiro.

Eu até tentei entrar, mas ela tinha trancado a porta.

Me contentei em pegar um travesseiro e um cobertor, indo direto pro sofá da sala.

***

Vocês gostam quando eu faço capítulos com o ponto de vista do Neguinho e da Luana? 👀

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