Capítulo 33

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Terror ☠️

Passou uns quinze minutos que eu estava trancado naquele hospital. E o bagulho tava me incomodando muito, VH sabia bem que eu não curtia ficar trancado em um lugar por muito tempo, mas ele também estava pilhado demais pra me dar qualquer atenção.

Eu parei de andar, e sentei do lado dele, que encarava o chão.

Terror: Vai ficar tudo bem, irmão - apertei o ombro dele.

VH: Vai. Eu sei que vai. Já aconteceu antes, mas não por tanto tempo, e é isso que me preocupa.

Ele tinha me falado que a Laís tinha uns problemas de respiração, e provavelmente por isso que passou mal.

Terror: Tua irmã não vai querer perder a oportunidade de me arrumar confusão pro resto da minha vida - bufei e ele riu fraco - Tu acha que precisa de mim aqui?

VH: Não, cara. Tá tranquilo!

Terror: Vou voltar pro morro. Qualquer bagulho da sinal, tá?

VH: Uhum - assentiu - Vê lá como tá o meu pai e as crianças.

Terror: Deixa comigo - fiz um toque com ele e sai.

Como eu tinha ido com o VH até ali, eu tive que voltar de táxi e ainda ia ter que pagar a maior fortuna. Bagulho era caro pra porra. Mas eu tava cansadã0, só queria ver como estavam as crianças da Laís, o DG e ia pra minha casa descansar e qualquer problema que tivesse que ser resolvido, ficaria pro dia seguinte.

Todos os meus pensamentos foram por água a baixo quando a gente viu os carros da polícia na entrada da favela.

Meu sangue ferveu na hora, e mandei o tiozinho ir pra outro canto, porque estava impossível entrar por ali.

Tentamos pelo morro do Pavão, mas também estava cercado, aquela porra! Já tinha mandado mensagem pra todo mundo, mas ninguém me respondia, e o radinho eu tinha esquecido no carro do Vitor.

Não tive o que fazer, tinha que arriscar entrar pelo Cantagalo, que era o único morro que não estava cercado de polícia ainda. Mas por outro lado, era bem provável que o Neguinho tivesse dado ordens pra tropa meter bala na minha cabeça se me vissem, igual eu tinha feito no meu morro.

Não deu outra, quando eu desci do táxi e entrei no morro já tinha dois com a arma apontada pra mim. Eu só levantei a mãos pra cima e joguei minha arma no chão, e eles me arrastaram pra uma rua mais vazia, enquanto eu tentava pedir pra conversar.

Terror: Se eu quisesse algum bagulho tinha chegado atirando! - respondi, fechando a cara pros moleques que tinham me colocado na parede - Só consigo chegar no meu morro se for entrando por aqui, e eu preciso, porra!

- E o que que a gente ganha com isso? - perguntou um deles, apertando o cano da arma na minha cabeça.

Terror: Teu chefe tá lá no meu morro também! Tão sabendo, né? - apertei os olhos, quando o outro ameaçou atirar, prendendo o dedo no gatilho - Os filhos dele estão lá, e se acontecer alguma coisa comigo, todo mundo tá ciente que é pra colocar a família do Neguinho na jogada.

- Tu joga no time do DG, Terror. Acha que a gente é burro? Tu não ia se queimar com o cara pra atingir o Neguinho.

Terror: E vocês vão arriscar pra ver? - ameacei e eles se entreolharam - Se for pouco, me dá um preço. Eu preciso passar!

- Cinquenta mil.

- Pra cada - falou o outro - E a gente vai contigo. E quando achar o Neguinho, ele vai decidir o que fazer.

Terror: Ah, vai tomar no cu. Cem mil e ainda vão me entregar na mão do Neguinho?

Eu senti a porrada na minha cabeça, me fazendo ficar tonto, e depois eles me empurraram pra uma salinha que tinha ali naquela rua.

Eu surtei.

Sem saber o que estava acontecendo no meu morro.

Sem saber o que estava acontecendo com o DG.

Sem conseguir falar com o VH.

E sem nem saber se eu ia continuar vivo pra contar história.

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