Capítulo 18

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Laís ❤️‍🔥

A semana passou voando e quando eu vi já era sexta feira. Eu tinha começado a fazer o processo de seleção pra trabalhar no postinho do morro, mas eles estavam com as vagas preenchidas, então me avisaram que provavelmente demoraria algum tempo até me darem uma resposta. Eu tinha o dinheiro da saída do meu antigo trabalho, então ficaria bem por mais algumas semanas.

As crianças haviam começado na nova escola na terça-feira, por conta da distância foi impossível deixar com que eles estudassem na mesma escola de antes. A Totoya estava amando tudo, as novas amizades, a nova professora. O Pedro estava mais complicado de se adaptar, talvez por ser mais velho. Mas a minha intuição dizia ser outra coisa.

Desde que voltou da casa do pai, o Pedro estava diferente comigo. Quieto, e de volta e meia pegava ele me encarando. Tentei chamar pra conversar, mas não rolou. Ele fugia do assunto, dizia que estava tudo bem.

Vitória: Mãe, eu tô bonita?

Laís: Linda! - beijei a cabeça dela - E muito cheirosinha.

O Pedro estava sentado no sofá, jogando videogame.

Vitória: Vou escolher um brinquedo pra levar, posso?

Concordei e ela correu pro quarto que dividia com o irmão.

Eu sentei do lado do meu filho no sofá. Ele estava todo arrumadinho pra ir pra escola, só esperando a Totoya.

Laís: E aí, cara. Não vai me contar o que está acontecendo? - ele continuou jogando, e nem me olhou - Eu estou conversando com você.

O videogame foi pausado, e ele soltou o controle, me olhando.

Pedro: Queria ver o meu pai.

Laís: Você falou com ele por ligação ontem.

Pedro: É mas eu queria brincar com ele.

Laís: Eu brinco com você, filho.

Pedro: Não é a mesma coisa, mãe! - falou mais alto. Quando ele percebeu, encolheu os ombros e desviou o olhar de mim - Desculpa. Eu não queria gritar.

Laís: Sempre foi só a gente. Você já ficou mais tempo longe do Flávio, Pedrinho. O que mudou agora? - perguntei, tentando entender. Mas na verdade eu só queria chorar.

Eu morria de medo de não ser o suficiente pra eles.

Pedro: Por que a gente não pode morar com o meu pai? Ele disse que a gente podia.

Laís: Seu pai e eu não estamos juntos.

Pedro: Mas ele fala que você é a mulher dele.

Eu fiz careta.

Laís: Eu sou sua mulher, garoto. Nenhum outro homem vai poder dizer que eu sou dele, porque você sempre vai ter a mamaezinha aqui quando quiser! - brinquei - Sou metade sua, e metade da dona Vitória, só isso!

Ele riu.

Pedro: Eu divido com o meu pai.

Respirei fundo, buscando as palavras certas.

Laís: Pedro, você é novo demais pra entender certas coisas, mas eu e o seu pai não estávamos felizes juntos. Você prefere ver nós dois juntos, ou felizes?

Pedro: Felizes! - falou, como se fosse óbvio.

Laís: Então... aceita isso. Nós seremos felizes, mas não estaremos juntos como um casal.

Ele fez uma careta.

Pedro: Então você nunca vai namorar?

Laís: Só se você me prometer que nunca vai namorar - apontei. Mas ele fez um biquinho - Como assim? Que cara é essa?

Pedro: Como eu vou explicar pra elas que eu não posso namorar?

Engoli seco, sentindo minha cabeça e meu peito doer.

Laís: Elas?

Pedro: O dindo fala que eu vou ser o rei delas e que quando eu crescer todas vão me querer.

Laís: Mas você só vai me querer, né?

Pedro: Sei não, mãe... eu vou ser grande.

Laís: Você é um safado! - fiz cosquinha nele que se contorceu de rir no sofá. Totoya chegou na sala, e sentou encima das minhas costas, querendo entrar na brincadeira - Promete que da próxima vez que estiver alguma coisa te incomodando você vai conversar comigo?

Ele abraçou o meu pescoço, e me deu um beijo na bochecha.

Pedro: Prometo.

Laís: Te amo - beijei o rosto dele, e puxei a Vitória, que caiu deitada do lado do irmão - Amo vocês dois.

Vitória: Te amo, mamãe.

Pedro: Eu te amo mais.

Eles me abraçaram com força e eu aproveitei os minutos ali agarrada com eles, nem ligando se iam chegar atrasados na escola.

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