Laís ❤️🔥
Dormi super tranquila na minha primeira noite de volta ao morro. Até porque, as crianças ficaram atormentando o avô e o Tio até tarde, e no final acabaram dormindo todos juntos na sala, em um amontoado de colchões, então eu nem me preocupei com eles, o que foi maravilhoso.
Eu amava os meus filhos mais que tudo na vida, daria a minha vida por eles, mas não romantizava a loucura que é a maternidade, principalmente tão nova, como foi o meu caso.
O Pedro, meu primeiro filho foi obra do acaso, eu realmente não estava nem cogitando a ideia de engravidar quando ele veio. Eu que achava que amava o Flávio mais do que tudo na vida, e que meu amor por ele era o mais forte, percebi que tudo o que já tinha sentindo era muito pequeno perto das sensações incríveis que o Pedro me proporcionou quando nasceu.
A Vitória foi diferente, eu e o Flávio conversamos sobre um segundo filho, mas com ele assumindo o comando do Cantagalo, decidimos deixar os planos pra algum tempo depois... mas já era tarde demais. Eu já estava grávida. Fiquei morrendo de medo de não dar conta de duas crianças, e nem imaginava como poderia arrumar um espaço no meu coração pra mais um bebê. Mas a verdade é que eu não tinha que arrumar espaço nenhum, a Vitória sempre teve o espaço dela, e eu nem sabia.
Não me arrependia de nenhuma das duas vezes, mas gostaria sim de ter pelo menos me planejado e contado com esse apoio de alguém pra me ajudar com as crianças. Por um tempo quando a Vitória nasceu, eu precisei de ajuda de uma babá, porque não dava conta de cuidar de duas crianças pequenas, sem auxílio nenhum. Mas com o tempo eles foram crescendo e fui conseguindo encaixar o meu superpoder de ser mãe, com a Laís, mesmo que muitas vezes eu esquecesse dela e focasse só na parte "mãe".
Fiquei pensando nisso enquanto olhava os dois dormindo nos colchões, com o Vitor no meio. Os dois usavam cada braço do tio como travesseiro.
DG: Já acordou? - entrou na cozinha sorrindo. Já estava bem melhor do que no dia anterior, mas seu braço continuava enfaixado.
Laís: Oi, pai. Bom dia - me aproximei dele, deixando que beijasse minha cabeça - O senhor tá bem?
DG: Como não vou ficar bem com vocês aqui?
Rolei os olhos, mas não consegui esconder um sorrisinho pequeno. Eu também sentia muita falta da gente juntos.
Laís: As crianças vão pro Flávio hoje - comentei, sentando na cadeira ao lado dele. Eu tinha aproveitado pra arrumar a mesa pro café - É a primeira vez que vou deixar eles irem com o pai sem eu estar por perto.
Meu pai segurou a minha mão, apertando de leve.
DG: Laís, uma hora ia ter que acontecer. Você tem que viver também, filha. O Neguinho é tão responsável pelos filhos quanto você, a função tem que ser dividida - apontou - Quanto tempo eles vão ficar fora?
Laís: Ele vem pegar depois do meio dia, e traz amanhã de manhã - sussurrei baixinho, encarando o leite encima da mesa - Não sei se tô pronta. E se invadirem o morro?
DG: Você é muito doida da cabeça, não dá.
Laís: Pai!
DG: Garota, para de criar caso. Teus filhos vão pra casa do pai, curtir e aproveitar. Só isso. Amanhã eles estão de volta contigo!
Fiquei quietinha, só vendo ele tomar o café. Mas eu estava impossibilitada de colocar qualquer coisa no estômago, de tão nervosa.
Laís: Pai, eu sei que você quer a gente aqui por perto e eu estou mudando completamente a minha vida pra me encaixar aqui de novo. Pedi demissão do trabalho, vou mudar as crianças de escola, mas eu ainda queria ter o meu próprio canto - olhei em volta - O Vitor montou todos esses brinquedos maravilhosos para as crianças e eu tenho certeza que eles vão passar mais tempo aqui do que em qualquer outro lugar. Mas eu queria muito te pedir uma ajudinha pra ter minha casinha. Será que rola?
Fiz minha melhor cara de pidona, e ele riu.
DG: Eu te conheço bem, já esperava por isso - estendeu a chave que estava em seu bolso pra mim - É do teu canto.
Laís: Sério?
DG: É simples. Nada igual ao apartamento que vocês moravam. Não tem piscina e tem só dois quartos, mas foi o que eu consegui liberar por aqui agora. Se pintar alguma coisa melhor pode crer que eu pego pra ti.
Laís: Está ótimo, pai. Até porque a maior parte do tempo a gente vai passar aqui!
DG: Arruma do teu jeito o barraco. Só me avisa a hora que quiser, eu peço pra uns dois moleques te acompanharem.
VH: E a princesa Laís retorna - falou todo debochadinho, entrando na cozinha - Bom dia.
Devolvi o sorriso com deboche, enquanto ele sentava na mesa, e estiquei minha mão na sua direção, pra ele beijar.
Laís: Princesa não, Vitor. Me chama de rainha, por favor!
Ele pegou a minha mão, fingindo que ia beijar, mas me deu um puxão no braço, que eu voei pra cima dele, fazendo nós dois cair no chão e consequentemente acordar as crianças que correram pra ver o que tinha acontecido. Mas estávamos rindo pra caramba, enquanto ele puxava o meu cabelo e eu arranhava qualquer parte da sua pele que meus dedos alcançavam.
Não demorou nada para as crianças começarem a torcer pra mim e deixarem o Vitor bravinho, me soltando e correndo atrás dos pequenos, para pegar.
Eu tinha cansado, não conseguia respirar e nem levantar do chão. Fechei os olhos, ainda deitada no chão frio, tentando organizar a minha respiração.
VH: Aqui.
Abri os olhos, encontrando ele em pé, do meu lado, com a bombinha nas mãos. Usei ela rapidinho e continuei mais um tempo regulando a respiração.
Laís: Como você sabia que eu precisava? - perguntei, ainda deitada.
VH: Tu é fraquinha desde pequena, feia. Não aguentava nem dez segundos de lutinha - zoou - Comprei umas vinte dessa aí. Tudo espalhada pela casa.
Sorri abertamente, me jogando encima dele que já tinha sentado ao meu lado no chão, para abraçar. VH beijou meus cabelos, fazendo um carinho bom com as mãos.
Laís: Até que você não é tão ruim, Vitinho. Se fosse um pouco mais bonito eu podia jurar que você não foi encontrado no lixão!
Ele me empurrou boladão, arrancando a bombinha da minha mão.
VH: Sai fora, doida.
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Inabaláveis
Lãng mạnNa vida você só tem uma escolha. Lutar até o fim pelo certo e pelo que é seu, mesmo que custe a sua vida. Deixar se abalar nunca foi uma opção!