Capítulo 05

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VH 🌪

Quando a Laís saiu de casa, dizendo que ia buscar as coisas dela, meu mano Terror saiu também. Deixando meu coroa, eu e o Neguinho sozinhos. Papo reto é que eu nem sabia qual de nós três tava mais nervoso com os bagulho que estava acontecendo, mas chutava que era o velho.

Neguinho tava boladão e preocupado com os filhos, mas eu conseguia ver na cara dele que tava com segundas intenções pra pegar a minha irmã de volta.

Coitado. Só se eu morrer.

História dos dois foi mó chatona e foi o que afastou a Laís e meus pivete de mim e do nosso pai. Depois do que ela viu do lado do Neguinho, colocou na cabeça que aquela não era a vida que ela queria pros menor dela. Mas foda-se, irmão. Os menorzinho eram sangue do meu sangue, meus afilhados e as miniatura de gente mais maneira que eu já tinha conhecido na vida, não tava mais sustentando o papo dela de deixar eles longe do morro. Por isso dei maior apoio pro pai quando ele decidiu trazer a Laís de volta, nem que fosse a força.

Neguinho: Eu vou indo - falou, com o celular na mão e um cigarro no bico - Qualquer bagulho chama. Tenho uns esquema pra resolver aí.

Concordei fazendo um toque com ele, e o mano vazou.

Sai do lado do meu pai, me jogando no sofá onde o Neguinho estava sentado antes.

VH: Que cara é essa, maluco?

DG: Tá me dando dor de cabeça só de pensar no quanto tua irmã vai falar no meu ouvido.

Eu ri.

VH: Boto fé que vai mesmo, hein - apontei - Não mandei fazer filha doida. Tinha que fazer uma bonita que nem eu.

Ele me encarou serinho e revirou o olho.

DG: Não sei onde foi que eu errei com vocês - zoou, ligando a televisão em qualquer bagulho que eu nem dei bola.

Eu me considerava um moleque bom... coração gigante e pá, mas depois que entrei pro crime algumas coisas tiveram que mudar. Eu não podia sair confiando em todo mundo que conhecia na rua, isso foi um bagulho que aprendi quebrando a cara. Tinha uns mano que tavam contigo pra tudo, fechamento maneiro, mas outros que só te usavam pra subir... e por ser filho do chefe, eu lidei com muito disso. Ainda lido, se pá.

Mas um bagulho que nunca mudou em todos os meus anos de vida foi o olhar que eu tinha pro coroa. Nossa relação era dez, coisa de outra vida. Lembro de quando ele entrou pros corre, Laís internada no hospital, sem conseguir nem respirar, e ele ralando pra caralho pra conseguir tirar o nosso, pagar o tratamento da minha irmã e ainda colocar comida na mesa, dividir a atenção dos filhos e tudo isso sozinho.

Tinha maior sonho da vida de ser pai, e queria que um filho meu me olhasse do mesmo jeito que eu olhava pro meu coroa.

DG: Eu sei que eu tô bonitão, mas não fica me olhando assim não. Já te falei que eu gosto de mulher.

VH: Uhum. Mas não pega ninguém - gastei.

Ele atirou uma almofada na minha cara, mas tava fraco, porque o braço estava amarrado, então eu consegui desviar no sapatinho. Ainda teria que ficar por uma semana com aquele negócio no braço, pra não ter consequências. Mas como ele adorava um drama, eu não duvidava nada que fosse usar por um mês.

DG: Já consegui fazer tua irmã vir pro morro. Tu arrumou os quartos lá encima pros meus netos?

VH: Tudo eu nessa porra - bufei - Claro, mandei arrumar. Tá de tiração que vou ficar arrumando a casa pra receber a chata da Laís. Gastei maior grana!

DG: Agora só falta tu e o Terror pegarem o meu lugar pra eu poder me aposentar, né não? - lançou a indireta.

Pistolei na hora.

VH: Ih, doidão. Começa com esses teus bagulho não. Tu ainda vai ficar na frente desses morro por uma cota.

DG: Vou nada, caraí. Agora vou curtir a vida com os meus netos!

VH: Tá bom, DG - levantei boladão, indo pro meu quarto no segundo andar - Sem papo pra tu hoje.

Eu queria pra caralho aquele posto, tanto quanto o Terror queria, mas não gostava quando o DG vinha com essas historinha, porque aí já partia pro drama que tava velho e que ia morrer.

Como tava sem paciência, fiquei no meu quarto bolando um, enquanto agitava com os mano que chegavam na minha casa com várias parada que eu tinha comprado. Piscina de bolinha, pula pula, tobogã pra cair na piscina, pista de skate e um castelo rosa que era a cor favorita da Totoya.

Tava tudo nos trinque pra receber minha galera.

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