Capítulo 39

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Terror ☠️

Era manhã de terça-feira quando eu encarei a vida de peito e percebi que eu tinha muito b.o pra resolver.

Dois dias depois da morte do DG.

Bruna me lembrou que ainda tinha que dar um jeito na Luana, e por mim a gente passava, mas a decisão não era minha.

Eu fui até a casa da Laís, encima da minha moto, e estacionei ali na frente. Nando e Junin estavam ali, encostados no muro e eu me aproximei deles.

Terror: Tudo certo aqui?

Depois de tudo o que aconteceu, eu coloquei de vez o Nando e Junin na cola da Laís e das crianças. Assim como mesmo deixando o VH na dele, tinha mano pra todo canto fazendo a segurança do meu parceiro e me avisando de cada passo.

Eu não ia decepcionar o DG, nem que me custasse a vida.

Nando: Neguinho tá aí dentro - falou, fazendo careta.

Eu cruzei os braços e respirei fundo. Não tava no clima pra me estressar. E agora que tínhamos voltado a ser aliados, ele tinha toda a liberdade do mundo pra circular no morro de novo.

Junin: Ele sabe que agora a patroa tá contigo?

Terror: Não tem ninguém junto aqui - rebati - Tu não chama ela de patroa, pô. Sabe que a garota odeia.

Junin: Ah, Terror. No fundo ela gosta! - gastou e eu neguei.

Me despedi deles e bati na porta da casa, quem abriu foi a Laís, com a maior cara de tédio do mundo. Nem sorriu quando me viu. E eu já estiquei o pescoço pra ver onde o fodido lá estava.

Terror: Oi pra tu também.

Laís: Tira o Flávio daqui, pelo amor de Deus - sussurrou no meu ouvido, me abraçando. Eu continuei com as mãos paradas, sem encostar nela. A garota percebeu e se afastou rindo - Estás bem?

Terror: Uhum. E tu? - perguntei entrando.

Ela fechou a porta e assentiu.

Laís: Indo - fez bico.

Pedro: Tio! - apareceu na sala correndo, e pulou no meu colo, me abraçando.

Terror: E aí, irmão. Suave?

Vi o Neguinho sair do quarto das crianças, com a Vitória do lado. Ela também correu pra me abraçar, e ele continuou parado na porta, só olhando.

Toya: Hoje eu vou voltar pra escola, tio.

Terror: Pô, maneirão. Vai ficar espertona!

Neguinho: E aí, Terror - esticou o pescoço e eu retribui.

Terror: E aí - respondi seco.

Pedro continuava agarrado na minha perna, e a Laís tinha segurado a Vitória no colo, pra arrumar um laço no cabelo dela.

Neguinho: Ta querendo algum bagulho aqui?

Terror: É. Mas nada que te envolva, se fosse eu tinha ido te procurar na tua casa.

Laís pigarreou e a gente olhou pra ela.

Laís: Pronto, Flávio. Pode levar eles já.

Ele negou.

Neguinho: Vou sair daqui quando ele sair também.

Terror: Ih, olá. Acha que manda!

Laís: Então sai os dois. Pronto - resmungou irritada.

Terror: Preciso falar contigo, Laís.

Neguinho: Então fala, pô. Tem ninguém te impedindo.

Eu coloquei a mão na cabeça, respirando fundo.

Terror: Minha paciência não tá dez, Neguinho. Não testa! - avisei.

Laís: Caralho, que saco hein! - ela largou a Vitória no chão e me empurrou pra fora da casa, mas saiu junto comigo - O que foi?

Terror: Fala direito, abaixa a voz aí - apontei e ela bateu no meu dedo - Que que esse merda tá fazendo aqui?

Laís: Vai levar os filhos na escola - rolou os olhos - Super paizão!

Terror: Junin ou o Nando tá aí, pô. Eles podem levar pra tu.

Laís: Cara, eu também não posso dizer não pra tudo. Flávio tá se aproximando mais das crianças agora, elas sentem falta e depois de tudo o que aconteceu andam preocupadas com pai - despejou tudo de uma vez, dava pra ver que estava bolada - Eu até vou levar eles num psicólogo amanhã. Viram o avô morrer na frente deles, isso mexeu muito com eles.

Eu fiquei quieto. Assunto era de família e eu não tinha que me meter. Mas tava puto.

Laís: O que você quer falar comigo? - perguntou, com a voz mais calma.

Terror: Luana tá na salinha ainda, não tomei nenhuma decisão do que fazer com ela, porque a escolha é tua.

Ela fez careta.

Laís: Não sei. Escolhe você.

Terror: Por mim já tá escolhido, eu passo ela em um minuto.

Laís: Não precisa matar a garota também - deu de ombros - Sei lá, Guilherme. Solta ela.

Terror: Sério?

Laís: Quem começou o rolo todo foi o Flávio e não ela.

Eu assenti, mas não concordei.

Terror: Vou resolver esse caô - falei mas continuei parado, Laís franziu o cenho - Que?

Laís: Vai resolver ou vai ficar aí parado?

Terror: Vou resolver depois que o filho da puta for embora.

Ela riu e continuou ali do meu lado, quietinha e sem nem me encostar. Depois gritou que as crianças tinham hora pra chegar na escola e o doidão lá criou vergonha na cara e se mandou, mas ficou me encarando, enquanto eu montava na minha moto pra ir resolver o b.o da Luana.

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