Capítulo 51

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Terror ☠️

Me mandei com os pivete da casa da Laís. Eu tinha acordado e decidido que já passava da hora de contar a merda que o Neguinho fez. Mas a real é que eu não tava nenhum pouco satisfeito com isso.

Eu tava ligado que eles tinham duas crianças, e esse era o laço mais forte entre eles, mas no fundo me deixava bolado saber que o Neguinho interferia na vida da Laís de muitas maneiras, e me fazia duvidar se ela ainda sentia alguma coisa por ele.

Quando cheguei lá, pronto pra contar tudo pra ela, inclusive o que tava me fazendo perder o meu sono, vi que o negócio tava feio. Laís toda descabelada e com a maior cara de quem não tinha dormido nada. Resolvi deixar o papo pra depois e me mandar com eles, pra que ela descansasse um pouco.

A gente comeu um sorvete maneiro no restaurante da dona Nice, e depois fomos pra pracinha, onde tinham vários outros pivetes que eles conheciam. Não demorou nada pra irem brincar e eu fiquei no meu canto, só olhando.

VH: Olha, o super papai veio trazer os filhos pra passear? - debochou, sentando na arquibancada do meu lado.

Eu ri e abracei o pescoço dele.

Terror: Eles gostam bem mais de mim do que do feio do pai deles - bufei.

VH: Mano, de cara tu já deu um PS5 pro moleque é um Rolex rosa pra garota, a competição fica braba mermo. Se tu me der também eu acho que vou gostar mais de ti do que da minha irmã, pô.

Terror: Fazer o que se o pai saber agradar a molecada, né não?! - ele negou com a cabeça e riu - Tu tá limpo?

VH: A sete dias - respondeu orgulhoso.

Terror: Tu é meu orgulho, caralho!

VH: Ta foda, mas a Maria tá me ajudando pra porra com isso.

Terror: Finalmente tá pegando a garota.

VH: Não - rolou os olhos - Agora é ela que não quer.

Terror: Também né fio, vacilo atrás de vacilo - ele me deu um tapão na nuca que a minha cabeça chegou a sair do lugar - Qual foi, porra?

VH: Seu otario, minha irmã tá boladona contigo!

Terror: Tô ciente dos bagulho - fiz careta, passando a mão na nuca, porque tava doendo. Filho da puta tem a maior mão pesada.

VH: Então faz alguma coisa, cuzão. Se não eu vou pegar os três e sumir daqui!

Olhei sério pra ele.

Terror: Deixa as cria pelo menos - brinquei.

VH: Brinca muito, mané. Quero ver se a Laís resolve se mandar de vez.

Terror: Tu tá sabendo de algum bagulho? - minha cabeça já tava cheia de neurose, ele vem e coloca mais essa.

Um caralho que eu deixar aquela mulher ir pra longe de mim.

VH: Eu não. Mas ela tá estranhona até comigo, e a culpa é tua que não contou ainda.

Terror: A culpa é do filho da puta lá, não joga pra mim - resmunguei, olhando para as crianças que brincavam - Ae, irmão.

VH: Fala - me olhou, mas eu continuei olhando pra quadra.

Respirei fundo, criando coragem pra botar pra fora.

Terror: Tu acha que ainda rola algum sentimento pelo Neguinho? Sei lá, pô... que a tua irmã ainda curte ele de alguma forma?

VH: Não - fez careta e negou com a cabeça várias vezes - Não mesmo, cara.

Terror: Tô com isso na cabeça desde que ele foi pego.

VH: Tu tá maluco, né? Só pode.

Terror: Esse desgraçado tá sempre no meio dos nossos bagulho - cruzei os braços, me encostando na arquibancada.

VH: Mano, Laís ficou malzona quando eles terminaram e foi a decisão mais maluca que ela já tomou na vida dela. Tu conhece a minha irmã, cara. Quando coloca alguma coisa na cabeça, ela não volta atrás.

Terror: Ela pode não voltar por orgulho então, mas ainda gosta do outro.

VH: Gosta nada. Ela gosta pra caralho de ti, da de ver de longe. Mas tu tá vacilando - apontou - A garota é cheia das noia na cabeça dela já, desde que separou do Neguinho tem várias paradas pra lidar. Essa insegurança e esse medo. O foda é que tô vendo tu ir pelo mesmo caminho e deixar ela mais noiada ainda, achando que fez alguma coisa de errado, que não tá bom, e um monte de besteira aí.

Terror: Tu acha?

VH: As vezes eu acho que tu se faz de burro, pra não ser invencível o tempo todo - debochou.

Terror: Vai tomar no cu, VH. Tô de brincadeira não!

VH: Tu entrou nessa relação sem nada a perder, mano. Era só tu e Deus. Se desse merda tu ia voltar pra putaria, pra farra e ponto. A Laís não. Ela entrou na relação com dois filhos nas costas.

Terror: Ela namorou alguém depois do Neguinho? - perguntei bolado.

Ele negou e eu agradeci a Deus.

VH: Não, mas isso é coisa que tu tem que conversar com ela, e não comigo. Por isso que eu digo que ela é amarradona na tua. Bateu no peito e assumiu esse relacionamento sem muito caô, mesmos que tenha risco pra caralho de dar merda nessa história.

Terror: Valeu, mano - agradeci me sentindo bem melhor e com mais firmeza no que ela realmente queria.

VH: Que isso, pô. Sempre vou estar aqui pra esfregar a verdade na tua cara, igual tu faz comigo.

Terror: Engraçadão. 

O Pedro e a Vitória correram na nossa direção pra dar oi pro padrinho e depois voltaram a brincar.

O Nando chamou a gente no radinho, porque a Luana tinha voltado da visita e queria falar com a gente sobre o que tinha rolado.

VH ficou me olhando, esperando alguma reação, e eu contei até mil antes de largar tudo e ir pra fora do morro com a minha mulher, meu irmão e as cria.

Meu corpo e mente estavam implorando por uns dias de paz. E parecia que quando mais passava, mais difícil ficava.

Mas era aquele papo. DG nunca me disse que ia ser fácil. Mas sempre me disse que era possível porque eu nunca deixei me abalar, igual ele. Meu maior exemplo nos bagulho!

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