Jade
Respirei fundo e resolvi jogar todas as cartas na mesa. O que o PA faria com as informações, era com ele.
- Tá, quando eu acabar de falar, o bastão volta pra você e aí você decide o que vai fazer, mas me deixa falar tudo antes, certo?
- Certo.
- A primeira coisa que você precisa saber é que essa conversa aconteceu no dia seguinte a você me dizer que não precisava ficar com alguém para ter algo e eu entendi que você estava deixando claro ali que não teríamos nada além disso.
- Tá de sacanagem, Deja? Não foi isso que eu quis dizer. Eu quis dizer que não era beijo na boca que ia dizer o que a gente tinha, era nossa vibe. Era tudo que a gente tava vivendo junto.
- Como eu ia saber, PA? Você sempre falava cheio de gíria e deixando um monte de frase sem finalizar, deixando um monte de coisa pra eu interpretar sozinha.
- Ah tá. Cé vai meter essa? Então eu tinha que me declarar, pagar de emocionado e levar um toco em rede nacional? Tá de brincadeira!
- Ai PA, que saco essa história de levar toco. Eu vou precisar desenhar né? Com exceção da primeira festa, que realmente era muito cedo e a gente conversou sobre isso, em nenhuma outra festa eu te daria um fora. Eu só não queria que o fato da gente ficar fosse um acontecimento para a casa inteira, mas na festa do Tiago, na Abravalandia eu só faltei te beijar né? Porque até pular no seu pescoço eu pulei.
Ele ia falar algo, eu interrompi:
- Você vai me deixar continuar? - Ele assentiu e eu continuei:
- Então, eu interpretei aquela sua fala como se o que a gente tivesse vivendo fosse algo que exclusivo lá dentro e que você não ia querer nem tentar nada aqui fora além de amizade. Você tem sua bronca, eu tenho a minha. Eu também não ia pagar de emocionada e chegar aqui fora e cair do cavalo. Depois daquela conversa a gente continuou junto e tivemos uma segunda conversa que mais uma vez você deixou pela metade e só aqui fora eu fui entender o que você queria dizer. Minha primeira entrevista com a Rafa, eu não tinha visto nada sobre você, não sabia de nada, então eu meio que mantive o discurso de que não rolaria namoro, até porque pra rolar namoro tem que ser decisão de ambos, né? Eu não podia sair dizendo que a gente tava junto se a gente NUNCA conversou sobre isso lá dentro.
Ele ficava me olhando, acho que tentando captar algo além das palavras, mas eu não me intimidei e continuei:
- Óbvio que nossa conexão foi instantânea. Quando você tiver tempo pra ver os edits que fizeram da nossa história, você vai ver que nós dois, nós dois, viu PA? Ao contrário do que você acha, nós dois demonstramos interesse um no outro desde o primeiro dia. Óbvio que a gente construiu uma amizade antes e talvez por isso nossa relação dentro da casa tenha sido tão leve, mas lá dentro as emoções são muito mais intensas e ao mesmo tempo que eu sabia que estava encantada por você, pelo seu jeito, pela forma como você me tratava, eu ficava na dúvida se tudo era real. Se aqui fora, seria igual, se funcionaria com a gente morando longe um do outro. Era impossível não pontuar tudo isso lá dentro. E aqui fora, eu precisei de uma tarde com a Nina pra realmente entender o que eu estava sentindo, mas ainda assim, eu não podia responder por você.
Continua...