PA
Caralho. Eu vacilei demais. Que raiva eu tô de mim mesmo. Quando entrei na casa da Jade, encontrei a mesa posta, tudo arrumadinho me esperando. Ela na cama com maquiagem e cabelo arrumados ainda. Acordei ela pra pedir desculpas e o olhar que ela me deu? Um tiro doeria menos. Ela fez a desapegada, mas acabou falando o que estava sentindo e meu coração ficou pequenininho ouvindo o quão ela ficou triste comigo.
- Deja, eu sinto muito. Muito mesmo. Eu vacilei. Real. Tô bolado comigo mesmo, não deveria ter furado contigo e ainda te deixar sem nenhuma mensagem. Eu até tenho justificativa, mas não vou dar, porque eu errei. Por favor, me desculpa. Por favor. Eu prometo que não repito mais isso.
Ela ficou me encarando e dava pra ver no olhar dela que ainda havia muita coisa a ser dita, mas ela lutava contra isso.
- Fala alguma coisa, Deja. Eu preciso saber o que tá passando aí dentro.
- Eu já disse, PA. Tá muito cedo pra eu te cobrar algo ou ficar triste. Tá tudo certo.
- O que você quer dizer com muito cedo?
- Exatamente isso. Ainda é muito cedo, só faz uma semana que você saiu da casa, que a gente conversou, então não acho que seja o momento pra cobrança e pra ficar triste com algo que não deu certo, até porque, coincidentemente, conseguimos nos ver ou ficar juntos quase todos os dias na última semana, mas não vai ser assim daqui pra frente. Então, não me vejo numa posição de exigir algo que não vai funcionar a distância.
Ela construiu uma Abravalandia na minha cabeça como isso de não funcionar a distância.
- A parte de estar cedo, eu discordo porque combinamos de falar um pro outro tudo que nos incomoda, independente se estamos juntos há uma semana ou há um ano. Esperar uma mensagem não é nenhuma cobrança, é o básico e eu falhei com o básico. Por isso te peço desculpas, mas a parte de não funcionar a distância, eu não entendi o que você quis dizer. Você acha que a gente não vai dar certo morando longe? É isso?
- Não PA, não é isso. O que eu quero dizer é, de que adianta eu cobrar uma mensagem sua pra me avisar que não vai chegar a tempo do nosso jantar, se depois de amanhã já não estaremos na mesma cidade para jantarmos juntos. Entende? É algo que não vai adiantar fazer se em 2 dias a realidade é outra.
- Mas o que aconteceu hoje fez você mudar de ideia sobre a gente?
- Não, PA. Não fez, mas para manter a sinceridade como base da nossa relação, eu falei o que falei. Fiquei triste, mas você pediu desculpas, disse que não vai repetir e tá tudo certo agora que eu sei que você está bem.
A Jade existe mesmo? Sai da beirada da cama e me aproximei dela a abraçando e trazendo pro meu colo.
- Você existe? Eu fico me questionando, sabia? Você é perfeita Jade Picon. Perfeita. Prometo nunca mais te deixar triste. A reunião prolongou e o dono da agência nos convidou para jantar e celebrar a assinatura do contrato. Meu celular descarregou e quando cheguei no restaurante percebi que tinha esquecido no carro, enfim, parece um monte de desculpa esfarrapada, mas não é. Visão. Só preciso que você acredite em mim.
Jade estava toda encolhida no meu colo, muito sonolenta e dengosa, e nesses momentos eu percebia o quanto ela era pequenininha. Depositei vários beijinhos na cabeça dela até que ela ergueu o olhar pra mim.
- Eu acredito em você, PA. Promete que nunca vai fazer nada que me faça duvidar de você?
- Prometo. Agora volta a dormir enquanto eu vou tomar banho pra vir deitar com você.
Coloquei a Jade na cama com cuidado e fui pro banheiro. Na volta ela já dormia, eu me encaixei nela e mesmo dormindo ela se agarrou a mim. Em 2 dias eu não teria minha conchinha por um bom tempo e isso estava me inquietando por dentro. Como eu me acostumei tão rápido com a Jade e como eu faria para me desacostumar?