PA
A verdade é que eu queria viver tudo ao lado da Jade. Das maiores viagens até as coisas mais simples, como ir ao cinema num domingo.
Eu queria aproveitar todos os momentos com ela enquanto estivéssemos na mesma cidade. Eu me perdi em pensamentos até ela me chamar:
- Vamos comer? Ou você quer que eu peça outra coisa pra você? Não gostou da minha ideia?
- Vamos sim. Claro que não, Deja. Vou adorar matar a saudade da carne vegana e experimentar tudo isso. Tá tao bonito.
- Tá, mas fala se não gostar e se ainda estiver com fome, posso fazer uma tapioca mesmo. Você precisa se alimentar bem, com tanto compromisso e voltando a treinar em breve.
- É, ainda não sei se volto tão em breve. Eu precisaria focar 100% nos treinos pra participe do mundial que acontece em menos de 3 meses. E talvez esse tempo seja crucial para consolidar minha carreira além das pistas. Então, estamos realmente decidindo tudo. De qualquer forma, vou me submeter a todos os exames necessários pra ver como está tudo aqui dentro. Já que foram mais de 100 dias sem a alimentação e treino adequados.
- PA, eu acho que você precisa ponderar tudo. Sem perder o foco da sua carreira principal que te fez buscar o restante para poder se manter nela. Entendo que agora é o momento de aproveitar as oportunidades também, mas você precisa ouvir seu pai e seu empresário pra chegarem a um denominador comum.
- Então. Meu pai quer muito que eu volte, mas me deixou à vontade pra escolher. Disse que me apoia. Meu empresário ta lidando com as demandas que aparecem. Estamos avaliando e vivendo um dia de cada vez.
Acabamos de jantar conversando sobre tudo. Ajudei a Jade a arrumar a sua mini cozinha e fomos nós arrumar pra sair. Quando estávamos prontos ela disse que precisava ir no apartamento do Léo antes.
Ele ainda estava no Rio e ela pegou a chave reserva pra entrar. Eu fiquei no corredor. Ela voltou rápido me entregando uma chave.
- Toma. Cê dirige né? Então vamos com o carro do Léo.
- Tem certeza, Jade? O Léo não se importa?
- Só se você arranhar ou bater. Você é bom no volante não é?
- Eu sou bom em tudo, garota. Você já deveria saber disso.
Chegamos na garagem e o carro do Léo era simplesmente uma nave. Eu, em uma nave daquela com a Jade Picon do lado. O Pedro Scooby tava certo. A vida era realmente irada.
A Jade fazia as coisas mais simples parecerem incríveis. Algo tão simples como dirigir até o cinema, trocando ideia e ouvindo música, era especial com a Jade ao lado.
Chegamos ao cinema e eu viajei no tempo lembrando do primeiro cinema do líder que fomos juntos. Na primeira liderança dela na casa. O Scooby me enchendo pra avançar nela o filme inteiro. Eu ri sozinho. E ela me perguntou:
- Quê? Que foi PA?
- Eu estava lembrando do cinema do líder na sua primeira liderança. O Scooby passou o tempo todo me mandando te abraçar, me aproximar de você.
- Ai ai. Se dependesse disso até hoje a gente não tinha se beijado.
- Ih, ó lá de novo isso? Eu já disse.... - Ela não me deixou completar e falou:
- Sim sim. Pipipipopopo não vou levar toco. O que importa agora é que estamos aqui né?
- Visão. Isso que importa.
O filme foi incrível. A sensação de normalidade que a minha vida vinha tomando novamente. Era muito bom.
Paramos num drive-thru pra comermos antes de voltar pra casa. Devolvi o carro do Léo são e salvo à garagem e subimos pro apartamento da Jade. Nos ajeitamos pra dormir e enquanto ela fazia a skin care dela eu aproveitei pra responder algumas mensagens. O celular dela começou a vibrar sem parar e eu fiquei preocupado. Já passava da 1 da manhã. Ligações nesse horário podem significar muita coisa. Avisei a ela.
- Deja, seu celular tá tocando sem parar aqui.
- Vê quem é por favor, PA.
Eu li e imediatamente percebi quem era. Na mesma hora que a ligação caiu chegou uma mensagem que não pude não ler.
- João. E ele mandou mensagem dizendo também que se você não atendesse ele viria até aqui.
A Jade apareceu na porta do banheiro mais branca do que ela era.
Pegou o celular e saiu andando pra sala.
Continua...