Babi on
A insônia me pegou de jeito e não consigo tomar remédio pra dormir.
Resolvi por um moletom e andar um pouco pelo Complexo. Senti falta desse lugar.
Eu ia passar reto mas acabei parando na frente da famosa casa abandonada. O portão tá trancando com cadeado, tá meio enferrujado, ninguém tá morando aqui ainda.Dou a volta e entro na casa pelo buraco que tem no morro, tem umas plantas que meio que camuflam a passagem.
Que saudades desse lugar, e do que ele representava.
O lugar ainda é o mesmo, tá meio escuro então não dá pra ver direito. Mas o lugar me traz tantas memórias.
Me sento no balanço infantil que tem no quintal, pra minha sorte não quebra. Fecho os olhos deixando o passado me dominar, de repente fica tão real que até o cheiro de maconha eu sinto.
O cheiro da maconha tá real demais. Abro os olhos assustada e encaro o lugar.
Babi: Caralho - encaro o homem sentado no banquinho perto da parede.
Coringa: nunca vou me acostumar com você falando palavrão- ele sopra a fumaça.
Babi: é difícil conviver com a tia Helen, o Luan e a Tainá e não virar um boca suja.
Coringa: percebi. Nunca vi alguém gritar tanto em um jogo como aquela sua amiga- isso me tira uma risada.
Tainá é totalmente ignorante quando se trata de futebol, mas passa o jogo todo gritando como se fosse uma expert.
Coringa: meio tarde pra você tá na rua né ?- encaro ele
Babi: insônia e você ?
Coringa: não tenho conseguido dormir direito desde que sai da prisão.
Babi: imagino. É uma transição difícil - afirmo meus pés no chão e me balanço de leve.- deve ter sido complicado ficar lá por seis meses.
Acho que um dos meus medos é ser presa. Ser posta em uma cela com outro criminoso que pode me matar a qualquer momento, não ter privacidade, ter que ficar com medo de tudo...
Coringa: foi. E sinceramente espero não ter que voltar pra lá. Foi uma experiência de merda - concordo.
Victor se levanta e senta no outro balanço, o ferro que sustenta os balanços rangem.
Babi: isso vai cair ...
Coringa: vai nada, a gente sempre fazia isso.
Babi: a cinco anos atrás e já não era seguro, agora então.... Tá tudo enferrujado - ele me ignora.
Coringa: esse lugar é bem mais legal quando você tá aqui, sem você ... parece estranho.
Viro o rosto pra encarar ele. Victor sempre foi muito bonito, mas agora ele ficou bem mais atraente.
Babi: você se encheu de tatuagens ...
Victor: isso é uma crítica ? - nego
Babi: combina com você. Qual a sua preferida- ele abre e fecha a boca algumas vezes mas não diz nada
Coringa: a lua tá bonita hoje, né ?
Babi : aham...- bom saber que mesmo depois de 5 anos ele continua meio idiota de sempre.
Coringa: sinto falta disso, das nossas bobeiras, de só sentar com você e falar sobre coisas aleatórias durante a madrugada.- sou obrigada a concordar.
Babi: aquela época era tão ruim mas tão boa ao mesmo tempo.
Coringa: você não consegue nem tentar ser minha amiga ?
Babi: você consegue ser meu amigo ? Tipo, ser só meu amigo e deixar tudo o que passamos pra trás ?
Coringa: não. O que torna a nossa relação tão importante é a história envolvida.
Babi: quem sabe daqui a algum tempo a gente consiga. Não quero ser um pessoa horrível, mas me incomoda ver você com ela.
Ele me encara sem dizer nada.
Babi: eu sei que também fui culpada pelo que aconteceu entrar gente. Eu fiquei acomodada com a situação, você se dedicava muito a nós dois. Mas acho um pouco chato você não entender que eu não podia fazer mais por nós, eu era como um passarinho na gaiola que meus pais construíram pra mim. Eu não podia de dar mais nem se eu quisesse.
Não nego minha parcela de culpa. Mas também há uma diferença enorme entre os nosso erros. Eu tinha medo de ser expulsa de casa, meus pais eram extremamente rígidos mas eram a minha família eu dependia deles. Meu erro foi ser medrosa medrosa demais, não tentar me impor mais contra os meus pais. O erro dele foi esperar nossa próxima briga pra transar com alguém, mas especificamente com a minha.
Eu posso ter errado, mas não justifica o que ele fez.
Ele estava bêbado. Mas então qualquer briga resultaria em bebedeira e traição?
"Ah, mas ele terminou com você." Sim umas duas horas antes de pegar ela. E a consideração e o respeito por mim ?
Coringa: era horrível ter você só pela metade.
Babi: era horrível me doar só pela metade. Acha que eu não queria dizer aos quatro ventos que era sua. Eu tinha tanto medo de você me trocar por alguém que podia ser livre e te dar o que você merecia.
Coringa: nunca pensei em trocar você.
Babi: de certa forma me trocou aquela noite, pela Bianca. " ah, você estava bêbado" mas estava tão bêbado ao ponto de não ver o quão horrível seria transar com a minha irmã.
Coringa: a gente brigou e eu fui ao bar com o Marcos enchi a cara. No dia seguinte eu acordei com uma sensação horrível de culpa e com um chupão no pescoço e é tudo que eu me lembro.
Babi: se arrepende ?
Coringa: meu Deus Bárbara. Não tem um dia na minha vida que eu não me arrependa daquela porra.
Babi: mas hoje ela é sua mulher ....
Ele não diz nada só fica me encarando.
Babi: Marcos é como um irmão pra você. Se fosse ao contrário- dou um sorriso amarelo- você nunca mais olharia na minha. Tenho certeza disso.
A gente se encara em silêncio.
Ele vai falar algo quando a barra de ferro que suporta os balanços rompe nos deixando cair com tudo no chão.
Coringa: merda....
Babi: eu disse que ia cair - isso tira uma risada dele
Viro o rosto pra ele, Victor já tá me encarando.
Babi: mesmo com toda merda essa merda entre a gente eu nunca desejei seu mal. Óbvio que falei muito mal de você. Mas sempre quis que você tivesse tudo que sempre desejou, que você fosse feliz. E meu pensamento não mudou ainda.
Coringa: quer que eu tenha tudo que sempre desejei ? - concordo- ah, Bárbara.... Só tem uma coisa que eu sempre desejei mais do que tudo.
Babi: Victor.... - repreendo
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Amor Bandido
FanfictionBárbara é filha do pastor do Complexo do Alemão, Victor sempre foi apaixonado por ela. Mas óbvio que a família dela nunca permitiria que ela se envolvesse com um criminoso. " se tu bobear um dia vira minha mulher" " se você for embora desse Complexo...