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Babi on

Victor está dirigindo para o laboratório e esse é o motivo do meu surto.

Nós entramos em um consenso e decidimos vir juntos. Nós não contamos para os nossos pais sobre o exame. Só as meninas e o Mob sabem. Eu prefiro assim.

Coringa: você vai na baile na Rocinha ? Você e as meninas.

Babi: não tô em clima de festa - ele concorda encarando o trânsito- e também é um lugar cheio de estranhos, as meninas tendem a beber demais. Não me parece seguro.

Tem tanta gente ruim no mundo só esperando você abaixar a guarda pra te fazer mal ...

Coringa: eu posso ir se você quiser, sabe pra cuidar de vocês. Vai ter um show foda. O Marcos vai, mas tenho certeza que vai se entupir de cocaína.

Babi: e você não ?

Coringa: não uso, essa porra acelera o coração, não posso...

Babi: vou perguntar se as meninas querem ir. Obrigada por se oferecer.

Coringa: de boa.

Encosto minha cabeça na janela e passo o resto do caminho escutando as baixarias que ele chama de música. Quem em plena 7 da matina escuta música tão pesada ? Uma hora dessas e eu escutando música sobre sexo anal......

Quando chegamos na clínica fomos recebidos encaminhados para fazer o exame. Eu tô com tanto medo desse resultado, nunca tremi tanto na minha vida.

O exame não leva muito tempo, logo somos liberados. Foi pedido urgência em relação ao exame, mas mesmo assim só fica pronto na quarta. É um exame complicado que não pode ser feito às pressas pra não ter erro .  Mas as chances de euzinha ter um infarto até a próxima quarta é alta.

Victor dirigiu até uma padaria pra gente tomar café da manhã. Tava tão nervosa por causa do exame que nem jantei ontem ou tomei café antes de sair de casa.

Coringa: me conta como foi lá em Santa Catarina- encaro ele - o silêncio tá constrangedor e isso vai me fazer surtar e enfiar o garfo na minha garganta.

O drama continua o mesmo. Só que eu estranhamente gosto desse jeitinho  idiota dele.

Babi: no início foi complicado, demorei um tempinho pra me enturmar com a Tai e o Luan.

Coringa: Luan é quem mesmo ?

Babi: um amigo, ele é tatuador.

Coringa: legal. Você tem um amigo tatuador e não é toda tatuada?

Babi: eu tenho uma ....- ela para o garfo no ar e me encara de boca aberta

Coringa: você tem uma tatuagem ? Que porra, por essa eu não esperava. Mostra aí.

Babi: não. É só uma florzinha.

Coringa: quero ver, tô nem aí pra o que é.

Babi: não.

Coringa: por favor.

Babi: você quer que eu abaixe minha calça na frente desse pessoal ? No meio de uma padaria.

Coringa: calma lá, onde tá essa flor Bárbara ?

Babi: na minha virilha- Victor fica me encarando em silêncio.

Coringa: seu amigo que fez ? - concordo.

Babi: foi o meu primeiro porre, enchi a cara e deixei ele me tatuar. Na hora pareceu uma boa ideia.

Coringa: na sua virilha? Você não acha estranho ?

Babi: não. Em um contexto geral a gente se envolvia então ele já viu muito mais que a minha virilha- Victor faz careta.

Coringa: se eu pudesse voltar no tempo eu não teria feito essa pergunta. Agora sei de algo que eu não queria saber. Porra.

Babi: acha estranho eu ter me envolvido com ele ?

Coringa: eu prefiro acreditar na minha fantasia, onde você vai pra lá e não se envolve com ninguém.

Babi: e eu na minha onde você não pega a minha irmã....

Coringa: vamos mudar de assunto. Como anda a clientela ?  Muitos bandidos pra defender?

Babi: bem melhor do que eu esperava. Tô muito contente com os resultados.

Coringa: que bom. Tô orgulhoso de você- ele me encara- você é incrível.

Babi: e você ?- mudo de assunto porque a forma que ele tá me olhando me deixa nervosa- Gostando da vida de chefe ?

Coringa: é legal ter essa moral toda. Mas é uma merda todos os problemas que vem junto com o título de chefe .

Babi: entendo. E seu sono ? Victor faz mal pra saúde ficar tanto tempo assim tendo poucas horas de sono. Se não quiser falar com a Helen pode falar comigo. Eu juro que tudo que você me disser eu vou guardar pra mim, nem com você eu vou conversar sobre.

Coringa: tá preocupada demais linda

A 5 anos atrás Victor vivia me chamando de "linda", eu amava.

Babi: eu já disse que quero os eu bem. Já tentou um remédio pra dormir ? Pode te ajudar

Coringa: eu evito qualquer tipo de medicamento.

Babi: por que ?

Coringa: o meu coração. Eu evito muita coisa por causa dele. Me permito luxo de fumar e beber mas nada além disso.

Babi: seu coração ? - pergunto confusa

Coringa: acho que nunca chegamos a falar sobre isso. Eu tenho Arritmia cardíaca, batimentos irregulares, ele acelera com muita facilidade.

Babi: que ?- por essa eu claramente não esperava.

Coringa: meio estranho né ? Tipo eu vivo do tráfico, sempre na adrenalina.

Babi: nossa, porque nunca me contou ? Descobriu nesses últimos 5 anos?

Coringa: não, é de nascença. Tenho isso a 24 anos.

Babi: você tem um problema no coração o desde que nasceu ?

Coringa: isso ai.

Babi: ah ...

Coringa: ei, não precisa ficar assustada. Tá de boa, é controlado.

Babi: certo.

Coringa: se toca Bárbara, vai me aturar por um bom tempo ainda.- ele ri- você tá bem ?

Babi: tô. Não se preocupa.

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