Amor Bandido

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Babi on

Dias depois ...

Eu tô tão feliz em voltar pra casa.

Meu olhar vai direto pro chão da cozinha, o lugar está impecável, nenhuma mancha de sangue.

Victor me ajuda ir até o sofá e me sentar.  Meu corpo está bem menos dolorido. Faz mais de uma semana que fiz o meu transplante.

Mantive contato com todos os meus amigos, menos o Marcos.

A situação entre nós dois ficou bem estranha.

Coringa: eu vou ter que almoçar com a Helen e de tarde tenho que trabalhar. Já passei muito tempo fora.

Babi: tudo bem. Josi vai vir aqui, vai trazer uns arquivos pra eu dar uma olhada.

Coringa: tem certeza que já quer começar a trabalhar ? Talvez você deva ficar só de boa no sofá.

Babi: quero fazer algo, tô ficando agoniada.  Não vou fazer nada demais, só trabalho burocrático.

Coringa: certo. Se precisar me liga - ele beija minha testa - na hora do almoço eu mando alguém entregar uma marmita da dona Danda— ele me dá um selinho - te amo.

Babi: também te amo.

Depois que o Victor saiu não demorou muito pra Josi chegar com os arquivos.

Passamos um bom tempo trabalhando na hora do almoço o Gs apareceu com duas marmitas.

                                        🌪

Coringa on

A gente não almoça  juntos a muito tempo. Tudo voltou a ser estranho.

Eu sabia que o Ivan ia trazer mudanças que eu não queria.

Helen: pra começo de conversa, eu nunca botaria alguém na sua frente. Você se tornou a parte mais importante da minha vida. Você sempre foi muito importante na verdade, mesmo que em pensamento.

Coringa: não parece.

Helen: pedi pro Lucca me por dentro do presídio, porque queria gritar com o Ivan, queria  fazer ele se arrepender do que fez com nós dois, de ter  separado nós dois.

Coringa: o que mudou ? O que ele disse pra fazer você esquecer a sua raiva ?

Helen: não esqueci a minha raiva, só estava direcionando ela para a pessoa errada.

Coringa: hmm?

Helen : ele acreditava que eu tinha ido embora. Era a minha vontade, sair do Complexo e não ter mais a minha mãe no meu pé. Eu ia, só mudei de ideia porque engravidei.

Não tô entendo nada.

Helen: no dia do parto eu chamei pelo seu pai, só que ele não foi. Fiquei só com a minha mãe e minha irmã. Nenhuma delas me apoiava. Então você nasceu, tudo ficou complicado rápido demais. Você teve um ataque cardíaco, eu segurei seu corpo sem vida. Foi horrível.

Hmm...

Helen: eu tava arrasada . Meu bebê estava morto e o seu pai tinha me deixando sozinha. Não discuti com a minha mãe, me mudei pra Santa Catarina sem pensar duas vezes. O começo foi bem difícil, eu tinha pesadelos diretos, me dediquei a  minha  faculdade e ignorei todo o resto. Eu estava devastava, eu amava tanto o meu bebê.... Eu amava tanto o pai do meu bebê ...

Cara, como alguém ama o Ivan ? É o Ivan.

Helen: quando eu entrei naquele presídio eu só sentia ódio pelo seu pai. Então eu não notei que ele também sentia ódio por mim.  Ele me odiava por ter abandonado ele com um bebê recém-nascido.

Helen: seu pai realmente acreditava que eu tinha abandonado vocês dois. Aquela gravidez foi longe de ser planejada, mas eu nunca deixaria você. Ivan sempre foi muito doidinho mas eu sempre amei ele.

Coringa: se não foi ele que mentiu sobre amanhã morte, por quê  não foi atrás de você ?

Helen: por que você não foi atrás da Bárbara nos cinco anos que ela passou fora ?

Coringa: não vamos misturar as coisas, ok? Eu não  sou meu pai e a Bárbara não é você.

Odeio esse tipo de comparação.  Não somos as mesmas pessoas, não temos a mesma história.

Se tivesse uma criança envolvida a história seria bem diferente.

Helen: eu sei que culpar o seu pai é mais fácil, ter alguém como alvo te toda a sua raiva é um tipo de alívio. Eu entendo. Desde que soube que você está vivo é só queria descontar todo o meu ódio no seu pai.  Mas não foi ele.

Coringa: legal a história, pô. Mas tem como ir pro final? Se não foi ele... ?

Helen : você não chegou a conhecer a minha mãe, ela era uma mulher difícil de lidar.  Ela era mil vezes pior que  a Flávia, aquela mulher era ... era horrível.   Quando ela soube da gravidez ficou revoltada, mas nada se compara a quando ela descobriu quem era o pai. Ela surtou e me xingou horrores. Jogando na minha cara que eu tinha destruído minha vida.

Certo. Como eu pensava, Bárbara é a única Passos  que bate bem das ideias.

Helen: seu pai olhou nos meus olhos e disse que não forjou a sua morte.

Coringa: e você acredita ?

Helen: acredito. Acho que foi a minha mãe e a Flávia as responsáveis por isso.

Coringa: e por que não me disse assim que soube?

Helen: fiquei com medo de você fazer algo com a Flávia, isso abalaria seu relacionamento com a Bárbara e é tudo que eu menos quero.

É dias de luta, atrás de dias de guerra .

Helen: eu nunca perdoaria seu pai se tivesse sido ele. Existem limites, não ter criado você é o que mais me machuca, eu faria tudo pra voltar no tempo.

Ela segura a minha mão por cima da mesa.

Helen: eu tô pedindo a oportunidade de ser sua mãe. Não uma mãe de enfeite, uma mãe de verdade.

Muita informação....

Helen: sei que não me ama e entendo isso. Você cresceu com a ideia de que foi rejeitado por mim, e eu sempre amei você, mesmo não tendo você ao meu lado. Só espero que em algum momento você se sinta confortável em corresponder esse sentimento- ela funga - mas se não se sentir, tudo bem. Me contento em saber que você está bem e feliz.