Capítulo 03

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Levaram o Yan pro hospital ontem, e ainda não liberaram ele. Estou aqui, em frente a casa dele e esperando ele voltar. Só saio daqui depois que ver ele, nem que seja por alguns segundos.

Eu quebrei o óculos dele, acho que quase fiz o garoto ter um traumatismo craniano.

Quase matei o meu melhor amigo. Respirei fundo, e vi a mãe dele chegar com ele no carro, e eu esperei ele descer.

A mãe dele desceu, e logo em seguida foi ele. Ela me olhou torto, e não deixou eu chegar perto.

Doralice : Yan, como você tá? - Levantei do chão num pulo, e fui pra perto dele e logo a biscate da mãe dele empurrou ele pra dentro de casa e trancou ele lá dentro, ficando só eu e ela do lado de fora.

Lisete : Fica longe dele! Quebrou o óculos do moleque inteiro, ele teve que ficar em observação por algumas horas por culpa tua. Não cansa de machucar ele não? - Ele olhava da janela, mas eu sabia que ele não enxergava nada sem os óculos.

Doralice : A gente só tava brincando, eu não fiz por mal. - Quase chorei, e ela riu.

Ela abriu a porta, e entrou fechando a mesma na minha cara.

Mocreia, biscate, quenga, rameira, catraia. É até ofensa chamar ela de puta de esquina.

Senti um ódio invadir meu coração, e eu fui correndo pra casa.

Abri a porta feito um furacão, e fui correndo pro meu quarto.

Dalva : Dora, filha? Foi você que entrou? - Gritou, e eu ignorei.

Minha vontade era de socar a cara de todo mundo, era de sair gritando, que nem maluca.

Ouvi a porta do meu quarto se abrir, e a minha avó entrar. Eu quase nunca chorava, só de raiva. Mas eu sou bem difícil de chorar.

Mas eu sinto, sinto muito.

Perdi meu pai pra um câncer, minha mãe sumiu. Minha avó paterna que me criou. Ela sempre fez de tudo por mim, sempre!

Ela é a única figura materna que eu tenho.

Dalva : Ô minha pequena, foi o Yan? - Eu permaneci com a cara socada no travesseiro, e ela foi chegando perto.

Doralice : Vó, não.. - Senti a mão dela tocar meu braço.

Dalva : Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça,
É ela, menina, que vem e que passa,
Num doce balanço a caminho do mar. - Começou a cantar, e eu ri, tirando minha cara do travesseiro.

Doralice : Isso é golpe baixo. - Ela riu.

Dalva : Deita aqui no colo da vovó. - Se ajeitou na cama, e eu fiz o que ela pediu.

Garota de Ipanema era a música que ela cantava pra mim, desde que eu tinha meses. E essa, se tornou a minha música preferida. Ela me acalma, ainda mais quando é a minha avó que canta.

No timbre suave que ecoava a canção, eu conseguia lembrar do meu pai..

Dalva : Você tava na casa do Yan, e..? - Eu suspirei.

Doralice : Eu quebrei o óculos dele. - Ela respirou fundo. - A mãe dele disse pra eu nunca mais ver ele, e ficar longe. - Ela me olhou, fazendo carinho no meu cabelo.

Dalva : Poxa, meu raio de sol.. Não fica assim! Vocês dois são melhores amigos, ele gosta de você e da sua amizade. Amigos verdadeiros, não vão embora facilmente. - Assenti. - Mas você precisa se controlar, controlar suas emoções. Desse jeito, pode estragar a amizade. - Eu concordei. - Vovó te ama! - Me abraçou. - Se arruma que você vai pra escola. - Concordei.

Doralice. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora