Capítulo 64 - Penúltimo Capítulo.

14.4K 913 140
                                    

Doralice.

4 anos depois...

Eu fiquei 20 dias internada, longe da minha "família". Por incrível que pareça, eu só tive duas costelas fraturadas, e um osso do pé quebrado. Mas fiz fisioterapia, usei a tala e uma bota especialmente pra isso.

Me recuperei bem. O médico disso que por pouco, as fraturas na costela, não afetam meu pulmão. Ele ficou maravilhado com meu caso.

Cheguei no hospital em um estado deplorável. Eu lembro daquele dia, lembro do abuso que sofri...

Aquilo desencadeou muitas coisas em mim, no meu modo de pensar...

Fico feliz em saber que todo mal foi cortado pela raíz, e hoje eu vivo a vida que sempre sonhei.

Dias depois que o KL foi preso, o Medrado sofreu uma tentativa de assassinato. Mas não mataram. Não conseguiram. O Mancini tava perto, e percebeu. O tiro passou de raspão na cabeça dele, mas não fez muito estrago.

Ele realmente botou pra matar. E depois desse dia, o Mancini reforçou a segurança da comunidade.

Naquela época, eu tava grávida do KL. Sim, eu engravidei do estupro. Mas eu perdi.

Ele(a) não estava formado ainda, era só um feto.. Quando recebi a notícia, foi um baque.

O Yan me salvou, e quando voltei do hospital, cuidou de mim direitinho. Tenho muito orgulho do meu menino, do homem que ele é.

Moramos juntos, temos uma boa relação, e quando eu tenho crises, ele fica do meu lado. Me mostra que ele não é igual o KL, e tem toda paciência comigo.

Meu nerd bobão preferido, vai ser sempre meu preferido. Esse moleque tem meu coração, sempre teve.

Mancini : Tem certeza que tu vai? - Vi ele na porta, e eu concordei.

Doralice: Yan, isso vai me libertar. Ele não vai parar, se alguém não parar ele. - Ele concodou.

Mancini: Só tô deixando tu ir naquele buraco, porque sei que tu vai se sentir mais segura. Já liberaram tua entrada, o Coutinho é quem vai te auxiliar lá dentro. Visita íntima, que não tá no sistema da penitenciária. Terminou o serviço, vaza de lá. - Assenti. - Maguin vai te esperar do lado de fora. - Concordei.

Saímos de casa, e fomos em direção ao carro.

Mancini : Dora, toma cuidado! - Me deu um beijo na testa, e eu concordei.

Doralice : A vingança é um prato que se come crú. E eu nem vou mastigar, só vou engolir. - Ele riu, e eu entrei no carro. - Me deseja sorte. - Ele piscou pra mim, e ele arrastou o carro.

[...]

Passamos em frente ao cemitério, e eu pedi que ele parasse o carro.

Maguin : Sério, Dora? É arriscado! - Estacionou o carro, e eu desci.

Doralice: Dois minutos, por favor.. - Pedi com carinho, e ele revirou os olhos. - Já volto! - Entrei no cemitério.

Fui procurar a lápide da minha avó, que morreu faz dois aninhos. Ela fez todo o tratamento, mas infelizmente a diabetes tirou ela de mim.

Eu era a única pessoa que ela lembrava, e eu vivia no hospital com ela.

Ela me olhava com aqueles olhinhos enrugados, e a mão toda fofinha, e dizia que eu era a loirinha marrenta mais porreta que ela já tinha conhecido.

Minha avó cuidou de mim a vida inteira, e nunca me achou diferente. Ao contrário, ela me achava espetacular. Mesmo com todos falando do meu jeito de falar, andar e de me vestir. Ela costumava dizer que eu era única.

O carinho dela, o abraço dela, os conselhos dela fazem tanta falta..

Andei pelo cemitério, e achei a lápide dela.

Eu chorei vendo o nome completo dela, e a data do falecimento.. Me agachei no chão, e coloquei a florzinha que tinha comprado lá.

Doralice : Oi vovó.. - Enxuguei as lágrimas. - Hoje eu tô indo fazer uma coisa que talvez a senhora não se orgulhe muito, mas que é muito necessário. - Ri fraco. - Eu te amo muito, muito, muito! E tenho certeza que seu bisneto também ia lhe amar bastante. - Passei a mão pela minha barriga ainda sem volume. - Sim, vó.. tô grávida, mas o Mancini ainda não sabe. Vou fazer uma surpresa. Se for menina, eu vou colocar o nome dela de Dayse. A senhora amava esse nome, achava muito lindo. - Suspirei.

Fechei os olhos, e um cheiro de rosas veio no meu nariz. Respirei fundo, e abri os olhos.

Doralice : Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça,
É ela, menina, que vem e que passa,
Num doce balanço a caminho do mar. - Ri fraco, cantando pra ela e um vento frio e suave surgiu.

Me levantei, limpei meus joelhos e me benzi. Saí de lá, voltando pro carro.

Maguin: Dois minutos demorado do caralho! - Mandei dedo pra ele, e nós seguimos.

Tô me sentindo leve, muito leve.

Doralice. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora