Doralice. (CONCLUÍDO)

Capítulo 10

Doralice : Tá me deixando assustada, bobão. - Ri fraco, dando um soco leve no peito dele e ele continuava sério. - Fala, moleque! - Falei alto, e ele concordou.

Yan : Tô vazando da Babilônia. - Passou a mão pelo nariz, meio impaciente.

Fiquei paralisada, olhando pra ele. Não consigo me estabilizar, nem ao menos abrir minha boca.

Doralice: Co.. como? - Ele assentiu.

Yan : Isso mermo, Dora! Tô indo embora. - Repetiu ainda sem paciência.

Doralice: Mas.. qual o motivo? - Ele queria chorar, mas segurou o choro.

Yan : O noiado do meu padrasto tem família em outro morro, e a minha mãe pra satisfazer as vontades dele, vai embora pra lá. Puta que pariu! - Abaixei a cabeça. - Ela tá fazendo isso também porquê não gosta de ti, e quer fazer de tudo pra me afastar.

Doralice: É, eu também não gosto dela. - Ele riu. - Yan, não.. E a gente? - Ele pegou na minha mão, e olhou firme nos meus olhos.

Yan : Eu vou voltar, Dora. - Segurou na minha nuca. - Eu vou voltar! Só não sei quando, nem quanto tempo vai demorar. Mas eu volto, e a gente vai viver longe de todo esse impasse. - Uma lágrima escorreu pelo meu rosto. - Tu me espera, cocotinha? - Eu assenti, e ele enxugou minhas lágrimas. - Vou tentar te mandar SMS, ou te ligo por qualquer orelhão.

Doralice: Vai me ligar mesmo? - Ele concordou. - Vai vir me visitar?

Yan : Eu vou dar meu jeito, tá ligado? - Olhei pra ele.

Doralice: Promete, Yan!

Yan : Eu vou tentar de tudo pra ficar te vendo, sacou? - Me deu um selinho. - Tu vai me esperar? - Concordei. - Promessas são promessas.

Doralice: Alguma vez já quebrei alguma promessa nossa, nerd idiota? - Ele riu.

Yan : Esse papel de nerd já não combina mais comigo. - Eu ri, mas ainda queria chorar. - Chora não, meu raio de sol. Minha loirinha do estilo diferente.

Doralice: Eu não quero que tu vá. Eu vou sentir tanta saudades ds você. - Abracei ele forte, e comecei a chorar lembrando dos nossos momentos.

Yan : Não chora, que eu também vou. - Ouvi a voz dele embargada. - Ei, eu te amo! - Ele segurou no meu rosto, e deu beijinhos por ele inteiro.

Doralice: Eu.. eu também te amo. - Nunca tinha falado isso pra ele, em anos de amizade.

Mas agora é o momento pra se falar isso.

Yan : Eu tenho que ir, se não a minha mãe vai meter o louco e sair que nem maluca pela favela. - Eu concordei. - Eu volto, eu volto! - Me abraçou mais uma vez, e dessa vez mais forte.

Doralice: Yan, toma! - Dei a ele um colar que minha avó tinha me dado com meu apelido "Dora".

Yan : Sério? Tu não larga esse colar por nada. - Eu ri. - Toma! - Me deu o anel que ele usava, mas não tinha nenhum significado. Não que ele tenha me contado.

Doralice: Não me esquece! - Ele negou, dando um beijo no colar.

Fiquei acompanhando ele ir embora, e uma dor imensa invadiu. É como se meu coração tivesse se quebrado em mil pedacinhos.

Fiquei do alto do morro, sentada na pedra de sempre e olhando o céu.

Eu chorei em silêncio. Mas não por muito tempo.

Marina : Dora, trouxe lanchinho pra nossa larica, gata! - Escutei a voz da Marina, e enxuguei minhas lágrimas.

Ela chegou mais perto, e notou que eu estava chorando.

Marina : Ei, quê que rolou? - Olhei pra ela, e comecei a chorar de novo.

Contei tudo que tinha acontecido pra ela, e ela me ouvia atentamente.

Marina : Poxa, eu sinto muito! - Me abraçou. - Eu te ajudo a ir ver ele nesse morro que ele foi, não se preocupa.

Ela me abraçou forte, conversou comigo e tentou me distrair.

Kelly : Teu cachorrinho nerd se mandou, tu viu? - Olhei pra trás, e notei a sonsa ali, junto com as 2 patetas. - Meu pai e meu irmão mandou ele e a família dele ralar.

Marina : Vai metendo o pé, capeta! Ninguém quer saber.

Dora : Teu pai? Quê que teu pai tem haver com isso? Se manca!

Kelly : Ele não te contou? - Ela riu. - Padrasto dele é um viciado de merda, e não tinha como pagar. Pra não morrer, ele se mandou. Mas não se preocupa, ele pode fugir a vontade. Quando meu pai descobrir, vai ser papum. - Fez sinal de arma. - Ou não. Se ele pagar tudo certinho. Espero que o Yan arrume uma garotinha mais bonita pra ele namorar no outro morro. Você já tá saturada, e com esse estilo de macho fêmea piora a situação.

Doralice: As vezes tu é tão desnecessária, garota! As vezes não, sempre! Não tem um dia pra tu não parar de pertubar minha paciência. - Ela negou.

Kelly: O Yan merece coisa melhor. - Minha vontade era de socar a cara dela, mas eu não podia mais me envolver briga com essa asinha.

Marina : Se controla, garota! Deixa ela. - Ela saiu desfilando, e eu respirei fundo.

Doralice: E se ele encontrar, em? E se tudo que ela falar, for verdade? - Ela negou.

Marina: Não deixa as palavras dela te envenenar não, Dora! Ele te ama. - Assenti.