Capítulo 07

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Doralice: Pronto, entregue. - Fiquei de longe, pra mãe dele não me ver. - Até mais tarde, chorão! - Ele mandou dedo.

Yan : Vai catar coquinho, Dora! - Ele riu, e eu também.

Ele veio pra me abraçar, e eu retribui. Não gosto de abraços, mas ele merece um.

Fiquei olhando ele entrar de longe, e virei pra ir na feira. Assim que virei, vi o Kyan atrás de mim parecendo um poste.

Eu me assustei e ele notou.

Kyan : Sou lindo, mas não dá pra assustar. - Riu, chegando perto de mim.

Doralice: O que você acha que tá fazendo em, moleque? Rala daqui. - Sai de perto dele, e continuei andando.

Kyan : Eu sei o que tu fez com a minha irmã, sacas? Sorte tua que eu ainda não mandei o papo pro meu pai, e pedi pra ela manter segredo. Eu que quis resolver teu b.o, tendeu? - Eu parei de andar, e fiquei paralisada no meio da rua. - Tua avó ta na mira, fica esperta! - Senti a voz dele baixinha no meu ouvido, eu senti meu corpo estremecer e ele foi passando a mão pelo meu ombro. - Não acho que tu pareça macho fêmea. Tu é bem gatinha pra isso. - Ele pegou no meu rosto, e eu tirei a mão dele.

Doralice: Fica longe, Kyan! Bem longe. - Eu sai de perto dele quase correndo, com uma vontade enorme de chorar.

Fui correndo pra feira, e quase nem percebi o tempo passar.

Dalva: Oi princesa da vó! - Abriu um sorriso enorme, e eu abracei ela forte. - Nossa, o que eu fiz pra merecer um abraço tão gostoso assim? - Eu não consegui responder, e só continuei abraçada.

Eu sei que ela achou estranho, eu quase não abraço ela. E eu chegar assim do nada, é bem suspeito.

Dalva : Olha aqui pra mim, Dorinha! - Ela agachou na minha frente. - O que foi? - Neguei. - Não minta! É feio.

Doralice: O Kyan, vó.. O Kyan. - Ela suspirou.

Dalva : Descobriu que tu bateu na irmã dele, não foi? - Concordei. - Calma! - Me abraçou. - Vovó ta aqui!

***

Eu ajudei ela nas coisas da feira, e nós viemos pra casa. Confesso que sinto bastante medo deles. Do pai dele, principalmente.

Apesar de nós morarmos na Babilônia, eu não costumo ver o tráfico de drogas explícito. Claro que existe, eu já vi algumas vezes.

Fiquei no meu quarto, olhando pra janela e admirando as estrelas. Cansada de esperar o Yan aparecer.

Sai do meu quarto, fui até a garagem e peguei minha bicicleta. Ouvi a porta da garagem abrir, e a minha avó entrar.

Dalva : Dora, vai pra onde? - Cruzou os braços.

Doralice: Vou dar uma volta de bicicleta, ué. - Ela negou. - Por favor, vó! Eu não demoro. - Ela olhou no relógio que tava no braço dela. - Nove e meia em casa! Se passar, já sabe. - Assenti, e sai da garagem indo pra frente da casa do Yan.

Ouvi a mãe dele gritar, e uma barulheira ecoar pela favela.

Lisete : Yan Gabriel, você não vai sair! - A porta abriu, e o Yan saiu feito furacão da casa dele.

Yan : Vamo, feiosa! Rápido. - Ele saiu com um sorriso enorme no rosto, e nós pedalamos rápido.

E mesmo assim, eu consegui ouvir a mãe dele me xingando muito. Incrível como qualquer coisa que ele faz, ela põe a culpa em mim.

Doralice. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora