Soquei o saco de pancada uma vez, e outra, e outra e outra. Meu coque se desfez tive de parar de socar tirar as luvas que eram um pouco menores em relação as luvas de boxe convencionais e voltar a amarrar meu cabelo.
Austin estava me ignorando, Antony também estava me ignorando basicamente o único irmão que ainda falava comigo era Allan ele me chamou para passar um tempo com ele em Nova Iorque mas por causa da faculdade por hora tive que recusar.
Eu e Austin treinamos juntos desde os meus treze anos quando Allan tinha ido a faculdade e Antony estava resolvendo a vida dele e eu estava passando por uma fase difícil, só tínhamos sobrado nós dois o boxe foi um bom lugar para nós não precisávamos falar nada ficávamos lá socando coisas, era bom. Depois que ele entrou na faculdade tivemos que parar, até que nossa avó morreu e tive de ir morar com Antony.
De vez enquando ele ia até lá e treinavamos agora que estamos perto um do outro parecia certo treinarmos com mais frequência até que estraguei tudo para variar.— Soque direito — Me virei, lá estava ele ainda com cara de poucos amigos como se estivesse me dizendo para não chegar perto. Mesmo sendo ele quem veio até aqui pois sabia que me encontraria aqui. — Você pode fazer bem mais do que isso mostre seu potencial.
Soquei de novo, com mais força com precisão o encaro ele não sorriu mas seu rosto suavizou.
— Me desculpa — nada. Nem uma reação, ou reclamação absolutamente nada.
O silêncio inssurdecedor continuou Austin colocou suas luvas me afastei ele socou o saco de pancada uma e outra vez ele me parecia calmo mas isso não durou muito.
— Estou cansado dessa merda — socou. — Porquê você se importa tanto com ele? — Outro soco. Não respondo, não acho que ele queria que eu respondesse. — Você o prefere, porquê prefere aquele bastardo de merda? — Outro soco.
Segurei o saco de pancada ele parou e me encarou. Ele estava com raiva, irritado, magoado?
— Desculpa.
— Não quero que se desculpe quero um motivo só isso um motivo para o preferir? Para deixar que ele magoe você, jurei que não ia permitir que ninguém magoasse você — Ele suspira alto, exausto — se eu pudesse mudar como você se vê se podesse mostrar a você tudo que merece porra porque se importa, porque o ama me dê um motivo só um.
Eu não o amava, quis dizê-lo mas não o fiz.
Era ruim o suficiente pensar uma coisa dessas, somos irmãos independentemente de qualquer coisa temos de amar nossos irmãos certo?
Oquê sentia em relação a Adam não se comparava ao que eu sentia por Austin, Allan e Antony. Doía ver ele assim magoado doía saber que eu o tinha magoado mas oque eu poderia fazer, eu não tinha escolha.
— Não encare isso dessa form... eu não... me desculpe. — Eu não sabia oque dizer oque sentir. Não, eu sabia sim oquê estava sentindo era culpa uma imensa culpa.
Eu sabia que Austin tinha problemas, todos nós tínhamos Antony e Allan ainda estavam tendo seções de terapia eu e Austin tínhamos parado alguns anos atrás.
Foi uma decisão acertada? Concerteza não.
Nem para mim nem para ele tínhamos questões que precisávamos resolver sabíamos disso, traumas, inseguranças e diferente dos nossos irmãos que decidiram enfrentar e tentar entender seus problemas decidimos afogá-los, ignorá-los e seguir em frente até que não desse mais para o fazer. É, também tínhamos noção de que em algum momento eles nos afogariam que não poderíamos os ignorar para sempre mas esse era um problema para a Ava do futuro.
— Não queria magoar você. — Me sento na lona e tiro as luvas. Ele se manteve distante rígido. Mas ele não está irritado eu tinha certeza de que ele não estava irritado ele está triste e era culpa minha. — Amo você Austin, juro pela minha vida que amo. As vezes pode parecer que não mas juro para você que te amo.
Nada
— Não posso fingir que ele não existe, fingir que não sou culpada por ele ter se tornado oquê é hoje. — A parte racional do meu cérebro sabia muito bem que não fiz nada mas fale isso para meus pensamentos noturnos os que me fazem revirar na cama tarde da noite por horas, eles não entendiam razão ou racionalidade apenas ficavam passando palavras cruéis que me foram ditas a tanto tempo atrás que não devia mais ser relevante mas era. Perdi a conta de quantas vezes virei a noite pensando no que eu poderia ter feito diferente, no quão diferente eu seria se essas coisas que me atormentavam não tivessem acontecido, o quão diferente seria a vida das pessoas ao meu redor se eu não tivesse acontecido.
— Tivemos as mesmas oportunidades, a mesma vida foi uma escolha dele pare de se culpar por algo que estava fora do seu controle — precionei a unha do meu polegar no meu dedo indicador, encarei minhas pernas cruzadas em cima da lona preta. — Antony sugeriu que você voltasse a fazer terapia — o encarei incrédula, ele não moveu um músculo — Acho que...
— Não vá por esse lado, de todos você é o que menos tem moral para me sugerir isso — Seus ombros relaxaram, não de um jeito bom ele jogou a cabeça para trás e suspirou.
— Pelo menos tente, você não tem nada a perder.
— Você vai tentar também?
Nada
— Seria o justo não? O irmão mais velho dando o exemplo e tudo mais — precionei a unha com mais força.
— Não estamos falando sobre mim, eu não sou o problema aqui. — Ri fraco, era o bastante para acabar com essa sugestão.
— Claro eu sou o problema. — Austin resmunga um palavrão e me encara, o encaro de volta.
— Não foi isso que eu quis dizer...
Claro que não foi, eu sabia disso mas como uma pessoa que se sente culpada por muita merda sei oque a culpa é capaz de fazer pessoas que a sentem elas tem mais tendencia a seder.
Perdi a conta de quantas vezes sedi
Era errado o fazer se sentir mal por estar preocupado comigo por se importar mas era a forma mais fácil de me livrar dessa história de voltar a fazer terapia.
— Só quero o seu bem e talvez...
— Se eu voltar às sessões você também volta?
Silêncio
— Foi oque eu pensei, todos temos nosso momento quando eu achar que chegou o momento, quando eu achar que preciso voltar a fazer terapia é exatamente isso que farei não por vocês mas por mim mesma — ele concordou. Eu era uma boa mentirosa.
Ele se levantou e estendeu a mão para me ajudar a levantar também, aceito a ajuda de bom grado assim que estou de pé Austin me abraça seu corpo muito maior do que o meu me ingole, minha cabeça estava encostada no seu peito eu o conseguia ouvir seu coração bater. Austin beija o topo da minha cabeça e me aperta um pouco mais, tornando a tarefa de respirar um pouco difícil mas nada que eu não conseguisse aguentar.
— Ele não merece você.
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Amor e outros problemas
RomanceAva Beatriz Cullman uma caloura do curso de artes visuais em Harvard está aprendendo a viver essa nova fase de sua vida tentando provar para seus irmãos mais velhos de que ela era assim como eles uma pessoa adulta e capaz. No meio de tudo isso ela...