Galope

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Matheus enfiou os pés, calçados em galochas, nos estribos e segurou as rédeas com dedos firmes. Para que seus pés não pendessem, soltos, Victoria apoiou os seus sobre os dele e se segurou no pito, a protuberância posicionada na extremidade dianteira da sela.

- Consegue chegar um pouco para a frente? - Matheus perguntou baixinho. Com seus corpos colados, a sua boca se aproximava perigosamente da orelha de Victoria.

Ela tentou se ajeitar, sentindo os pelos em sua nuca se eriçarem. Por conta do pouco espaço sobre a sela, tudo o que conseguiu foi roçar sua bunda na evidente ereção que o primo ostentava e, claramente, tentava disfarçar. Apesar do jeans grosso que usava, conseguia sentir o calor e o tamanho da virilidade rígida de Matheus. Ele sorvia sonoramente o aroma dos seus cabelos e, de quando em quando, ela se recostava contra o peitoral do primo, descumprindo o acordo que havia feito consigo mesma sobre não mais dar chance para que aquele desejo subisse à superfície.

- Acho que não. - Respondeu, olhando para o lado e encontrando o rosto do garoto e, por pouco, não causando contato entre as duas bocas.

Aquela proximidade aquecia seu corpo quase à incandescência e, apesar da certeza que tinha de que o sentimento de culpa podia, bem como na noite anterior, surgir, destruidor, ela tentava tirar o maior proveito possível da sensação, recostando-se sobre ele e gozando do balanço e dos solavancos que o galope causava.

- Você me acha bonita? - Ela perguntou, surpreendendo ao primo e a si mesma.

O primo engasgou, permanecendo em silêncio por um instante. Ela sentia o olhar confuso sobre sua nuca.

- Por que está perguntando isso?

Ela deu de ombros. Nem mesmo ela conseguia entender por quê vinha fazendo aquelas coisas.

- Você me beijou ontem. - Ela respondeu, como se aquilo devesse servir como resposta.

- Achei que era para esquecer o que tinha acontecido ontem. - Ele soou evasivo. - E que diferença faz se te acho bonita ou não? É minha prima.

- Ontem você não pareceu se importar com o fato de eu ser sua prima. Eu vejo o que causo em você. - Ela remexeu o quadril. - Está sempre duro aqui em baixo.

- É normal ficar duro quando encostam nele. - Ele alteou o tom de voz.

- Já estava duro quando você se deitou na minha cama ontem. Eu vi o que estava fazendo no seu quarto antes de bater na minha porta. - Ela igualou o tom.

Ele pensou por um momento, em silêncio e, quando se lembrou, se exasperou.

- Enxerida! O que você viu? ­- Sua resposta ao constrangimento foi falar ainda mais alto.

- Vi você se tocando através de uma fresta na parede. - Ela se irritava com a maneira como ele tentava se esquivar da pergunta inicial e alteava o tom para igualar ao do primo. - E também vi como me olhava da porta do meu quarto. Duas vezes!

Canela resfolegou. A eguinha parecia impaciente com as vozes que se tornavam cada vez mais altas e exaltadas.

- Deus do céu! Você se acha! - Ele explodiu. - Você é quem chamou meu nome enquanto se tocava na sua cama. Ou acha que não ouvi?

- E você é um bocó, mesmo! ­- Ela golpeou para trás com o cotovelo, acertando as costelas do primo.

- Ai! - Ele choramingou, levando a mão livre até o flanco de Victori e apertando seus dedos sobre sua pele.

- Ahn! - Ela gemeu, atingida por uma onda de calor que atravessou seu corpo ante o toque do primo.

Um silêncio constrangedor se abateu sobre os dois. Ela, constrangida por conta de sua reação, tão espontânea, e ele, por ter avançado o sinal com aquele toque.

- Me desculpe. - Ele baixou o tom.

- Bocó. - Ela soou ressentida, mas, em seu íntimo, desejou que a mão de Matheus se tivesse mantido sobre sua cintura.

Ele permaneceu em silêncio por mais alguns instantes e, então, suspirou.

- Eu te acho linda. - Ele confessou, por fim.

- Hm.

O coração de Victoria bateu forte em seu peito e ela foi tomada por uma estranha sensação de satisfação. Além daquele murmúrio baixinho, nada mais falou, mas um sorriso torceu sua boca pelo resto do caminho. O garoto também permaneceu em silêncio, observando os arredores.

As cadelas os observavam com seus olhinhos repletos de dúvidas enquanto Penumbra, o pastor belga, parecia nem mesmo se importar. Uma nuvem cobriu o sol, fazendo com que Victoria sentisse um calafrio. Ela olhou para os lados. Uma das mãos de seu primo segurava firmemente a rédea, guiando a eguinha em direção ao fim da estradinha de barro, enquanto a outra, pendia, solta ao lado do corpo. Ela a buscou com uma mãozinha tímida. Matheus respondeu àquele toque sereno com um suspiro, permitindo-a que a guiasse aonde bem entendesse.

Devagar e cautelosamente, ela depositou a palma da mão do garoto sobre a sua barriga, fazendo-o lhe envolver em um meio abraço. Seu corpo jovem respondeu àquela proximidade com uma vontade ainda maior de estar próxima dele e ela atirou as costas para trás, em busca de saná-la.

Talvez ela viesse a se arrepender depois, mas tentaria aproveitar ao máximo aquela gostosa sensação enquanto o arrependimento não vinha.

Matheus cutucou as ancas de Canela com os pés, estalando a língua, comando que fez a eguinha iniciar um trote um pouco mais veloz. Matheus levou a mão que segurava a rédea até a mão direita de Victoria e a fez segurá-la.

Os dois se mantinham em silêncio, talvez, receosos de que qualquer palavra dita pudesse trazer de volta a discussão boba que haviam tido momentos antes.

Victoria guiou a eguinha de maneira, à princípio, insegura, mas, quando Matheus envolveu sua mãozinha na dele, ela pareceu relaxar, soltando uma risadinha quando percebeu a eguinha adquirindo alguma velocidade ante os cutucões e estalos de língua de seu primo. As cadelas latiam e corriam, alegres, tentando manter o ritmo do galope. Penumbra ficou para trás, resmungando, ranzinza.

De uma maneira discreta e comedida, ele acariciava sua barriga com o polegar, sorvendo, cada vez mais de perto, o aroma de seus cachos negros. Victoria desejou que aquela cavalgada se estendesse por mais tempo, mas, quando eles se aproximaram de uma larga lagoa, o garoto a fez puxar a rédea devagar, tornando as passadas de Canela mais lentas, até que ela parou, ao lado de um ranchinho.

Os dois continuaram montados enquanto as carícias de Matheus se tornavam mais e mais evidentes, assim como a pressão que ele exercia para a frente com o quadril. Victoria não o apressou, desejando, ela mesma, continuar ali naquele abraço comedido.

- Chegamos. - Ele falou, suspirando e fazendo menção de desmontar.

Victoria segurou a sua mão sob a dela, sobre sua barriga, impedindo-o, em uma súplica silenciosa, para que aquele momento se estendesse. Em resposta àquilo ele a abraçou com os dois braços, enterrando o rosto em seus cabelos e passeando as duas mãos sobre sua barriga, parando-as sob os pequenos seios, fazendo-a gemer baixinho.

O fruto proibido ( Erótico )Onde histórias criam vida. Descubra agora