Ferida aberta

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Victoria tinha vindo vê-lo e lhe trouxera o coelho Magoo que ele tinha deixado em sua casa. Ela mesma tinha ficado doente alguns dias antes e ele pensou que o amigo felpudo poderia ajudá-la no processo de cura.

A prima permaneceu com ele durante toda a tarde e só foi embora quando o tio Bruno viera buscá-la. Mal humorado por causa do mal estar, Matheus não se sentia bem o suficiente para manter conversa com a garota que não parava de matraquear. Secretamente, no entanto, apreciava sua presença ao lado da cama, enquanto ela espalhava seus brinquedos pelo chão e brincava sozinha.

A mãe, sempre preocupada, vinha acalentá-lo, constantemente medindo a sua temperatura com um termômetro e lhe trazendo um ou outro medicamento, às vezes, doce e agradável, outras, amargo como a cera que às vezes ficava na ponta do dedo que usava para coçar o ouvido e era esquecida e levada à boca inadvertidamente.

Ele tentava parecer forte perto dela, resistindo às lágrimas quando as pontadas ficavam mais agudas, mas aquilo não parecia convencê-la de que ele estava bem. Seu belo rosto sempre demonstrava preocupação.

— Tem certeza que não quer levá-lo ao médico agora? — O tio perguntou, quando ia saindo pela porta, segurando a filha pela mão.

— Obrigada, Bruno. — Alice respondeu, negando com a cabeça. — Já fomos ontem ao pediatra. Ele receitou esses remédios e disse que deveriam fazer efeito. Se o Teteu não melhorar, à noite, quando o Antônio chegar, o levamos ao hospital. Podem ir se divertir.

— Em cinco dias estaremos de volta. — Bruno tentou tranquilizá-la enquanto Victoria vinha até Matheus e se despedia com um abraço.

— Deveriam ficar por mais tempo. Aproveite as suas férias. — Alice sorriu. — Boa viagem. E cuidado na estrada. Diga à Deise que mandei um abraço.

— Arraial não fica tão longe. — Ele tentou não mostrar entusiasmo.

Eles tinham convidado Matheus a ir junto para aproveitar alguns dias de praia com Victoria, mas doente como estava, não poderia ir.

— São quase cinco horas de viagem e já está escurecendo.

— Chegamos lá à uma da manhã, provavelmente. — Bruno comentou, olhando o relógio. — Já temos tudo pronto. Só dar um banho na Victoria e partir. Despeça-se da sua tia. — Disse, empurrando Victoria em direção à tia.

Victoria correu até Alice e a abraçou apertado, aceitando os beijos que recebia e rindo. Enquanto estava no colo da tia, a garotinha olhou de volta na direção de Matheus e sorriu, um tanto tristonha. Depois, ergueu a mão e se despediu uma última vez antes de partir.

Matheus voltou cabisbaixo em direção à porta do quarto.

— Está com fome, Teteu? — perguntou a mãe.

Matheus ponderou. Sentia a barriga vazia reclamar, mas como tinha vomitado tudo o que comera um par de horas antes, tinha medo de voltar a sentir a terrível sensação que sempre vinha junto com o vômito, então negou com a cabeça, o que fez com que a mãe torcesse a boca.

Ela veio até o garoto e o ergueu, abraçando-o e afagando-o com carinho.

— A mamãe vai cuidar de você, bebê. — falou em uma vozinha fina e brincalhona. Ela beijou seu rosto várias vezes, tentando fazê-lo rir.

Matheus tentou afastar o rosto e limpou a área que ficara molhada depois de tantos beijos.

— Eu não sou um bebê, mãe.

— Não mesmo? — Alice o observou, debochada. — O que você é, então?

— Eu já sou um homem crescido. — Ele soou sério, erguendo o queixo.

O fruto proibido ( Erótico )Onde histórias criam vida. Descubra agora