Quase tortura

1K 47 37
                                    

Os dias seguintes foram longos e tortuosos. Ver sem que pudesse tocar o alvo de seus mais intensos desejos era, para Matheus, um grande desafio.

Victoria se tornava, na sua visão, cada dia mais adorável. Seu perfume adocicado e a maneira como se movia enquanto faziam o que quer que estivessem fazendo juntos, era quase como um imã, a atraí-lo inexoravelmente. Somente a muito custo, se continha, respeitando uma certa distância e evitando comentários que pudessem desencadear qualquer reação por parte da prima que lhe fosse impossível de resistir.

As noites eram ainda mais angustiantes quando, do outro lado da parede do seu quarto, a menos de um braço esticado de distância, ele a ouvia gemer e se remexer na cama, por vezes, chamando o seu nome baixinho. Vez ou outra, quando teimosamente aproximava o ouvido, podia ouvir o som molhado dos dedos fazendo o papel que caberia a si e se perguntava se deveria ou não, apesar do acordo ao qual haviam chegado, ir até o quarto vizinho para participar da brincadeira, tendo a certeza, conhecendo-a como conhecia, de que Victoria não seria capaz de recusá-lo.

Nem ele, nem ela, tocavam no assunto das experiências que tinham tido. Gabriel, apesar de jogar algumas indiretas e flertes, tanto para Matheus quanto para Victoria nos momentos que estavam juntos, parecia ter aceitado que as devassidões não mais aconteceriam, talvez, convencido pelo irmão, que sempre o encarava com o canto dos olhos quando fazia algum comentário limítrofe.

O mais frustrante de tudo aquilo, no entanto, era perceber os olhares famintos que a garota lhe lançava. Por incontáveis vezes, seus olhos se encontraram, flagrando-se mutuamente apenas para, logo em seguida, serem desviados, contrariando a vontade avassaladora de fazer aquilo que seus jovens corações lhes pediam para que fizessem.

Apesar de compreender e respeitar aquilo que a prima havia estipulado, Matheus não partilhava tão ferrenhamente de seus receios. Sentia-se capaz de enfrentar a fúria do pai e do tio se assim precisasse, além de qualquer tipo de preconceito que, quem quer que fosse, tivesse para atirar neles enquanto casal apaixonado.

Como as atividades na fazenda tinham se intensificado, tanto Antônio quanto Bruno, que solicitamente havia oferecido sua ajuda, se mantiveram ocupados, sem tempo para sair, o que acabou tirando de Sara, as chances que lhe restariam para ter seus momentos de devassidão junto de Diego.

Além das rotinas de todas as manhãs, várias outras que, teoricamente, caberiam ao peão, ficaram a cargo de Matheus, pois, com a época de colheitas a chegar, toda a mão de obra disponível, era canalizada para as plantações. O fato de alguns pares de mãos extra terem sido contratados para suprir a demanda de trabalho, acabava aumentando o fluxo de pessoas indo e vindo e, apesar de aquilo frustrar seus planos contra Sara, servia também como um grande impedimento, fazendo com que, mesmo em seus momentos mais impetuosos, Matheus conseguisse se segurar quanto a Victoria.

Sara, depois de quase uma semana ali e tendo filmado, talvez, tudo o que havia de interessante pelo seu ponto de vista, havia se recolhido ao tédio que a rigorosa rotina do lugar podia oferecer a uma expectadora. De vez em quando, aventurava-se em meio aos homens, filmando-os e fazendo perguntas que, normalmente, eram respondidas de má vontade, então, passava a maior parte do tempo mexendo no próprio celular, sentada em um lugar ou outro, desprovida do entusiasmo inicial.

Naquele dia, Matheus e Victoria tinham se levantado cedo, assim como nos outros dias e, apesar de não ser requisitada a tal, a garota auxiliava o primo nas suas atividades, mesmo as mais laborais.

— Quanto tempo isso demora, Matheus? — Victoria perguntou, olhando para as máquinas alugadas que tosavam o milharal quase rente ao solo, lá adiante.

— Bom, não deve levar muito mais tempo. — respondeu o garoto. — Eles têm que terminar a colheita logo porque está marcando chuva para a outra semana, então é terminar isso e iniciar o próximo plantio.

O fruto proibido ( Erótico )Onde histórias criam vida. Descubra agora