Fuzil

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*** NOTA DO AUTOR***

Boa noite minhas lindonas e meus lindões.

Primeiramente, quero justificar minha ausência. Como tenho lidado com o lançamento de O pecado original e a divulgação, o tempo para escrever ficou curto. Não se esqueçam de ir lá na minha página na Amazon e adquiri-lo. Se vocês preferirem a versão física, ela já está disponível para impressão sob demanda na Uiclap. Os links para ele estão no link aqui no meu perfil do Wattpado. Já aproveitem e me sigam lá no insta. Espero que gostem do próximo capítulo. Abraços e boa leitura.

*

O som dos disparos ao longe surgiu corriqueiro, sem deixá-lo surpreso, indicando que uma troca de tiros havia se iniciado onde o outro batalhão deveria estar naquele momento. O policial, fardado em preto, ignorou a garota com não mais do que quinze anos que atravessou a ruela correndo, entrando por uma porta feita de folhas de zinco, carregando uma criança que chorava, assustada.

O formato tão conhecido do MD97 em suas mãos lhe trazia uma exagerada sensação de segurança a qual ele tentava espantar a tento de não se tornar indolente. Obrigava-se a se manter alerta e ciente da fragilidade da própria vida, pois, ao longo dos anos sendo parte da organização, havia perdido mais colegas do que gostaria de se recordar. A proximidade entre os casebres que polvilhavam as ruelas e becos inclinados das favelas já não mais lhe causavam a sensação claustrofóbica que costumavam causar nas primeiras vezes que tinha andado por entre eles, mas o mesmo não se podia dizer do homem que estava a seu lado.

O jovem se assustava facilmente, apontando a arma em direção a todo barulho que escutava. Seus passos eram duros e curtos e seus olhos traíam o medo que sentia.

"Talvez ele esteja certo em sentir medo. Um único disparo pode tirar-lhe a vida." Antônio pensou, sem dizer nada.

O cabo Vicentino era novo na organização. Tinham-no designado sob a tutela de Antônio, que por mais que os anos de policial tivessem enchido de experiência, não se sentia apto a ensinar qualquer coisa a qualquer um.

— Mantenha a calma. — Antônio pousou a mão sobre o antebraço do gatilho. — "O medo fere mais profundamente do que espadas" — Ele citou o trecho de um livro que tinha lido havia pouco tempo.

O rapaz o encarou, incrédulo. Nem mesmo o Antônio de alguns anos antes seria capaz de entender como ele havia chegado a tal nível de frieza a ponto de não se abalar no ambiente onde estava.

— Porra, Oliveira! Como é que tu consegue se manter calmo desse jeito subindo o morro, mano? — Vicentino era atarracado e consideravelmente mais baixo do que ele. Tinha uma cabeça redonda e brilhante, raspada com esmero, e ostentava um bigode tão hirsuto e tão negro quanto suas sobrancelhas grossas.

Antônio tinha o semblante leve, mas encarou o parceiro com ar de superioridade.

— Você não foi adestrado para isso, Vicentino? — perguntou, já sabendo a resposta. No batalhão das forças especiais, apenas os mais aptos eram aceitos. Ele sabia das capacidades do mais jovem, mas sabia por experiência própria que razões externas contavam muito para definir a capacidade de um homem em determinado dia.

Vicentino concordou.

— Não passou mais de três meses comendo merda naquele treinamento, porra? — Antônio também tinha passado por aquilo, anos antes.

Ele concordou novamente.

— Quem ministrou o seu treinamento, rapaz? — Antônio o chamava de rapaz quando queria transparecer maturidade.

— Tenente Menezes. — respondeu, respirando fundo.

— Tenente Menezes. — O mais velho repetiu, torcendo a boca em um meio sorriso. — Perto do Menezes, esses caras aqui são bonecas, Vicentino.

O fruto proibido ( Erótico )Onde histórias criam vida. Descubra agora