Aquele dia se passou sem que outra chance aparecesse. Victoria não ficou para ouvir os ruídos produzidos pelas gargantas lânguidas da madrasta e de Diego. Não fazia ideia de como amenizar a situação com o primo e, ao entrar em casa, se sentiu aliviada por ele não estar lá. Ela foi direto para o seu quarto, pegou uma muda de roupas e tomou um banho rápido, sentindo o corpo arder em certas partes ao levar a mão para lavá-las. Lembrou-se do quanto havia gostado das situações quentes que tinha protagonizado e, por um momento, se arrependeu por dizer o que tinha dito para Matheus. Seu coração protestara no mesmo momento e não deixou de protestar depois daquilo, pesaroso, apertado dentro de seu peito jovem.
Suas motivações não eram egoístas. Ou, ao menos, assim não as enxergava. Temia por tudo o que podia acontecer, se agarrando a um último fiapo da família que costumava ter. Por mais que lhe fosse dolorido, por menos que Matheus fosse capaz de compreender, resistiria aos seus impulsos e abdicaria de seus prazeres se assim se fizesse necessário para proteger o que restava de sua família.
"Onde eu estava com a cabeça?" pensou, encostando a testa no azulejo do banheiro, enrolada na toalha enquanto enxugava os cabelos.
Depois do banho, Victoria se deitou em sua cama mas não se permitiu cair no sono. O celular vibrou ao seu lado e ela levou a mão a ele para checar uma mensagem que havia recebido.
"Parece que não tenho mais filha, né? Se eu não entrar em contato, você nem lembra que existo" Era sua mãe.
Victoria suspirou, encarando a tela do celular.
"Oie" enviou depois de pouco tempo.
Alguns minutos se passaram antes que a mãe voltasse a digitar.
"Como vão as férias? Muito frio por aí?"
"Aqui está ótimo. É um pouco frio, só. Estou gostando muito." Sabia que, após o relatório, não sobraria tanto assunto.
"Não falei para você que ia gostar? Como está o Matheus?" Aquela era uma pergunta que, após os acontecimentos daquela tarde, exigiria a omissão de parte da resposta.
"Está bem. O tio Antônio também."
"Manda foto deles."
Victoria abriu a sua galeria de fotos, passeando pelas que tinha tirado nos últimos dias. Parou, observando, tristonha, várias em que ela e Matheus estavam juntos. Um sorriso se desenhou em seus lábios ao se demorar em uma em que eles apareciam lado a lado, abraçados e sorrindo para a câmera. Os traços marcantes tornavam óbvias as relações consanguíneas dos dois. Quem os visse pela primeira vez, poderia confundi-los facilmente por irmãos.
Ela selecionou a foto e a enviou junto de uma outra, onde Antônio e Bruno riam enquanto erguiam copos de cerveja. A mensagem foi visualizada em seguida.
"Nossa. Como ele cresceu! Está um gato! Vocês parecem irmãos nessa foto."
Victoria sorriu, revirando os olhos.
"Vocês se deram bem? Como estão se saindo?" A pergunta a fez rir em silêncio.
"Foi estranho no começo, mas logo lembramos de como éramos próximos." E eram mesmo, mas mais próximos ainda tinham estado desde que havia chegado ali.
"Vocês não se desgrudavam. Você chegou a ficar doente quando eles foram embora, lembra?" É claro que se lembrava. Se pegou perguntando se seria da mesma maneira quando fosse voltar para casa e aquilo trouxe à tona uma ansiedade que fez seu estômago se embrulhar.
A pergunta permaneceu sem resposta por alguns momentos enquanto ela encarava a tela do celular em que a foto deles dois aparecia.
"O Antônio parece ter envelhecido bastante." A mãe parecia ter se cansado de esperar pela resposta que não veio.
"É que aqui tem bastante trabalho para fazer. E também, desde quando você não o vê?" Victoria fez os cálculos na cabeça.
"Hm... Desde meados de abril de 2011, quando ele e seu pai discutiram e ele foi embora. Pelo menos, pelo que vejo, os dois fizeram as pazes." Algo naquela mensagem chamou sua atenção.
"Eles discutiram?" Victoria não se lembrava daquilo.
"Sim. Você não se lembra por que era pequena. Mas eles ficaram um bom tempo sem se falar. Foi feio."
"Mãe, você sabe por que eles discutiram?" Victoria voltou a olhar a data na mensagem da mãe, encarando-a como se aquilo fosse fazê-la entender por que o número era tão familiar.
— Meados de abril de dois mil e onze. — leu a mensagem baixinho.
"Olha, filha. Seu pai nunca me disse nada. Como ele fechava a cara quando eu perguntava, acabei parando de tocar no assunto. Acho que tinha a ver com o trabalho do seu tio."
— Meados de abril de dois mil e onze. — Ela abriu novamente a galeria de fotos do celular, selecionando as fotos que tinha tirado do diário de Sara. Varreu com o dedo a tela, empurrando as várias fotos das páginas que continham as letras das músicas e parou sobre a foto que mostrava a página manchada de grafite, contendo a descoberta dela e do primo.
Ela franziu a sobrancelha, lendo o que o grafite tinha revelado. Podia ser apenas uma coincidência.
"Mas e se não for?" pensou.
"Mãe, eu tenho que ir." digitou, apressada.
"Ta bom então, coisinha ocupada. Mais tarde nos falamos. Mande um abraço para o pessoal aí."
"Ok. Te amo." respondeu quando já saía pela porta da cozinha.
— Sarinha13042011. — repassou na memória. — Treze de abril de dois mil e onze. Como isso não veio à minha cabeça antes?
Ela passou pela porteira, olhando para trás a tempo de ver Diego cruzando a cerca que, mais cedo, a própria Sara havia atravessado. Se apressou, escondendo-se por trás de um moirão e esperando. Não demorou até que a madrasta aparecesse, ajeitando a roupa desalinhada.
— O que aconteceu de tão importante com você em abril de dois mil e onze para que a data virasse a senha do seu diário, Sara? — murmurou para si mesma. — Foi quando o Matheus e o tio Antônio se mudaram para cá. Pensa, Victoria, pensa...
Ela suspirou.
— Duas cabeças pensam melhor do que uma. — mordeu o indicador ao pensar em se encontrar com Matheus depois do que tinha acontecido.
Pegou então o celular e abriu o aplicativo de mensagens.
"Oi... Aonde você está?" enviou para o primo, torcendo para que ele não estivesse muito zangado. "Matheus, precisamos conversar."
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O fruto proibido ( Erótico )
Romance🔥🔞🔥 Essa história possui cenas eróticas detalhadamente descritas e não é recomendado a menores de 18 anos. A fruta mais doce geralmente se encontra no galho mais alto. O que é proibido é mais gostoso, mais especial. E é infinitamente mais difícil...