— A teoria é interessante, Vi. — Miguel comentou, tomando um gole de água e observando enquanto Gabriel e Matheus suspendiam tábuas novas para substituir algumas deterioradas no alto do rancho. — Mas não acha que seria muita coincidência?
Depois de apoiar uma das tábuas perpendicularmente entre duas das vigas de eucalipto que compunham a estrutura principal da construção de madeira, Matheus desceu pela escada, secando o suor da testa e indo em direção aos dois. Victoria o encarou por um momento e sorriu hesitantemente quando o primo torceu a boca em um arremedo de sorriso, obviamente, dado a tento de evitar a perda da compostura. Ele a cumprimentou com um meneio de cabeça, mas o olhar traía o fato de que ele ainda carregava ressentimento.
Ele passou direto por ela, seguindo até o garrafão de água que Miguel tinha acabado de trazer e enchendo um copo.
— Sua prima tem uma teoria. — Miguel comentou, casualmente, percebendo certa tensão no ar.
Matheus olhou para ele com o canto dos olhos enquanto sorvia a água, sedento e suado. Quando terminou, com um meneio de cabeça, fez sinal para que continuasse.
— Ela acha que a senha da Sara é uma data.
— Como você já tinha dito, Matheus. — Victoria se apressou.
O garoto deu de ombros e encheu novamente o copo.
— Treze de abril de dois mil e onze. — ela se aproximou de Matheus. — É pouco antes de vocês terem se mudado.
Ele ergueu uma sobrancelha enquanto virava o copo e, depois de terminar de beber, deu de ombros novamente.
— E pouco depois daquilo, Matheus... da sua mãe ter sido...
— Eu sei, Victoria. Eu me lembro da data. — ele depositou o copo sobre a rústica prateleira de madeira. — Não tem um único dia que eu não me lembre.
Ela se encolheu. O tom de voz de Matheus esbanjava certa frieza e irritação. Gabriel os encarou de onde estava, deixando a cabeça pender, inclinada, num semblante repleto de dúvidas.
— Minha mãe disse que o meu pai e o seu pai discutiram feio antes de vocês se mudarem. Que ficaram sem se falar por muito tempo. E ela disse que isso aconteceu lá por meados de abril daquele ano.
— Ah, claro! E você acha que a sua madrasta tem algo a ver com isso. — ele balançou a cabeça em uma negativa. Seu tom de voz era sério e impaciente. — Como se já não fosse suficiente que ela mesma se achasse o centro do universo.
Um silêncio constrangedor pairou sobre o rancho dos Valente enquanto Victoria e Matheus se encaravam, observados pelos gêmeos. Victoria mordiscava o lábio inferior. A mão subiu até o antebraço, como se involuntariamente, ela quisesse criar uma barreira para se defender contra a irritação do primo.
— A vida não é um livro, Victoria. — O tom de voz se ergueu sutilmente e, apesar de não se permitir explodir, Matheus tinha seus sentimentos claramente à flor da pele. — Não é um romance investigativo, não é um suspense e não é uma fantasia. Nem sempre há um mistério para ser resolvido e nem sempre o drama é necessário para a história ir para a frente. E digo mais: Finais felizes não vão existir, exceto se você os fizer acontecer.
— Mas... — começou, hesitante, mas logo foi interrompida.
— Seu pai está sendo traído pela namorada. — Ele se virou e voltou em direção ao que estava fazendo. — Ele não foi o primeiro e nem será o último a tomar um par de chifres. A minha mãe morta não tem nada a ver com isso.
— Matheus... — Os olhos de Victoria brilhavam, umedecidos, enquanto ela esfregava o antebraço freneticamente.
— Agora deixa a gente terminar isso aqui que essas tábuas não vão se pregar sozinhas. — Ele passou por Gabriel sem encará-lo e subiu pela escada.
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O fruto proibido ( Erótico )
Romantik🔥🔞🔥 Essa história possui cenas eróticas detalhadamente descritas e não é recomendado a menores de 18 anos. A fruta mais doce geralmente se encontra no galho mais alto. O que é proibido é mais gostoso, mais especial. E é infinitamente mais difícil...