Bioluminescência

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Matheus a esperou alguns passos adiante. Ele estava mais calado do que de costume, o que fez com que Victoria se lembrasse do que ele havia contado em seu quarto, alguns dias antes, sobre como era mais fácil socializar quando era com ela. Assim, pouco havia dirigido palavras à outra garota.

Com alguns saltinhos apressados, ela se afastou de Dani e se aproximou do primo.

— O que foi, Matheus? — perguntou baixinho para que ninguém mais ouvisse.

Ele franziu a testa, em dúvida. A noite, como era de se esperar, estava fria, porém, agradavelmente calma. Não havia vento e uns poucos grilos corajosos cricrilavam mais ao longe, mas fora isso, o silêncio imperava.

— Como assim?

— Por que está calado desse jeito? — Ela pousou a mão sobre seu peito.

— Eu estou calado? — Se fez de desentendido.

Victoria fez que sim com a cabeça e se aproximou de maneira felina.

Ele deu de ombros sem tirar as mãos dos bolsos. Victoria encostou o queixo no dorso da própria mão que estava pousada no peitoral de Matheus e encarou-o de baixo, de uma maneira que talvez o fizesse se sentir encorajado a falar. Ela sabia do que se tratava, mas talvez, fazê-lo falar sobre aquilo o ajudasse a lidar com o problema.

— Mal falou desde que a Dani apareceu na porta naquela hora.

Ela sentiu o peito do primo subir e descer em um suspiro longo.

— Não é tão simples para mim interagir com outras pessoas. Eu travo. Demoro para conseguir me soltar.

— Mesmo eu estando por perto? — perguntou Victoria, observando-o com olhos pedintes.

Ele torceu a boca, dando de ombros.

— Eu não sei. Não sei se faz tanta diferença. É estranho.

— Mas a gente pode tentar trabalhar isso, não é? — Com uma caricia lenta com a ponta dos dedos, ela percorreu os músculos do seu abdome. — Consegue imaginar quão divertida pode ser essa noite? — Ela mordeu o lábio inferior de uma maneira provocativa, sem deixar de encará-lo. — Eu quero tanto brincar, como fizemos ontem. Fiquei a tarde inteirinha pensando nisso.

Espalmando a mão novamente sobre o peitoral, ela pôde sentir o coração de Matheus bater forte. Aproximou, então, o corpo até que os dois estivessem colados e abocanhou um naco de sua pele por sobre o tecido, mordendo-o sem apertar.

Matheus deixou que um sorriso torcesse a sua boca e levou a mão à sua cintura, puxando-a contra ele. Seus olhos, à escuridão da noite, eram de um negrume ainda mais profundo e ela sentiu-se estremecer quando uma sombra pareceu cruzá-los.

— Existe algo que eu possa negar quando você me olha desse jeito? — Ele aproximou a boca do ouvido de Victoria antes de sussurrar. — Você já está me deixando duro. Vamos encontrar um jeito.

Os dois voltaram a caminhar, passando o resto do caminho um ao lado do outro, trocando provocações, enquanto os gêmeos vinham trocando carícias e brincadeiras com a outra garota mais atrás.

Em dado momento, os cinco se embrenharam por uma trilha ainda mais estreita. Victoria não conhecia aquele caminho, pois tinha subido o morro quase inteiro por outro lado, guiada por Matheus, dias antes. A mata fechada permitia enxergar ainda menos e os fachos de luz da lanterna iluminavam apenas poucos metros adiante. Pouco tempo depois, o som baixo de água corrente substituiu o silêncio.

— Espero que vocês saibam para onde estão nos levando. — Dani comentou, afastando uma folhagem do rosto.

— É noite de lua cheia. Esperem só para ver. — Gabriel quis parecer misterioso, mas Victoria, com sua imaginação fértil, não pôde deixar de tremer ao imaginar os irmãos criando pelos cinzentos por todo o corpo e se transformando em terríveis lobisomens.

O fruto proibido ( Erótico )Onde histórias criam vida. Descubra agora