Pondo o plano em prática

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As suposições se mostraram certeiras quando, logo que um dos peões contratados fechou a porteira atrás do caminhão, Sara parou o que estava fazendo.

A mulher vestia uma saia de pregas preta e uma jaqueta de moletom estampada, aberta até abaixo do peito. Por baixo, parecia vestir apenas uma blusa leve. Seus cabelos negros pendiam soltos, escorrendo lisos em uma cascata sedosa que ia até o meio das costas.

Victoria e Matheus observaram, escondidos, ela sorrir e saltitar em direção ao milharal. A viram mexer no celular algumas vezes e até mesmo levá-lo ao ouvido. Passou a cerca e se embrenhou por entre a vegetação alta, sendo seguida pelos dois, que se mantiveram a uma distância segura.

- O Miguel já está com o celular na mão, né? - perguntou Victoria. - Não vamos ter muito tempo. Ele tem que estar preparado.

- Não se preocupe. Ele disse que está esperando.

Sara caminhava animada e, depois que achou ter saído da zona de visão de quem quer que a estivesse a observar, parou até mesmo de olhar por sobre o próprio ombro.

Matheus e Victoria a seguiram cautelosamente, de longe, esgueirando-se pela vegetação alta, evitando andar pela mesma trilha pela qual seu alvo caminhava.

À altura de uma pequena clareira em meio ao milharal, ela estacou. Olhou em volta, analisando os arredores e, depois, posicionou sua bolsinha sobre uma pedra. Pegou de dentro dela o seu celular e manuseou-o por algum tempo, com um sorriso estampado no rosto. Colocou-o cuidadosamente em pé dentro da bolsinha e depois, cobriu-a com algumas folhas. Se afastou, então, sem tirar os olhos do que havia feito e, quando se deu por satisfeita de que estava tudo bem escondido, deu as costas e seguiu seu caminho em direção aonde Diego estava a conversar com um outro funcionário contratado.

- Bom, eu vou ficar de olho neles. - disse Matheus enquanto contornava a clareira. - Você cuida do celular.

Victoria anuiu, se aproximando por trás da bolsinha com cuidado. Pegou o celular de Sara e tocou a tela para pausar a filmagem, tomando cuidado para movimentar apenas minimamente o aparelho.

Pegou então o seu próprio celular e abriu o aplicativo de mensagens. Agradeceu internamente pelo sinal de telefonia chegar até ali, ainda que fraco, e escreveu uma mensagem para Miguel, como tinha sido combinado.

"Estou com o celular dela na mão"

O status de Miguel mudou de Online para Digitando brevemente e, em poucos segundos, a réplica chegou para ela.

"Logo o SMS com o código de segurança deve chegar para você."

Victoria sentia suas mãos suarem, ansiosa. Enquanto esperava, decidiu que era uma boa ideia passear pelas pastas de imagens e vídeos da madrasta. Sentiu-se estar cruzando uma linha que, em qualquer outra situação, consideraria condenável, mas silenciou o rompante de consciência e continuou o que estava fazendo, usando o desgosto que nutria por Sara como um tapete para baixo do qual varreria a sua própria sujeira.

Havia uma quantidade absurda de selfies e vídeos curtos de Sara e, mesmo após rolar a barra de rolagem para baixo, nada do que encontrou era minimamente suspeito.

A notificação de SMS apareceu no topo da tela e, assim que abriu a mensagem, Victoria enviou o código para Miguel. A partir dali, seria uma questão de espera.

"Não se esqueça de apagar seus rastros" Miguel respondeu, quase que instantaneamente.

Victoria apagou o SMS e já ia posicionando o celular de volta na bolsinha para retomar a filmagem quando uma outra notificação apareceu no topo da tela. Clicou no ícone que aparecia e o aplicativo Dear Diary se abriu.

O número um aparecia na aba de notificações e ela clicou para ver o aviso que dizia que a conta de Sara havia sido aberta em um outro dispositivo. Deletou também aquele aviso e, curiosa, navegou pela interface do aplicativo.

Uma pasta de mídias de imagens, vídeos e áudios se abriu e a garota soltou o ar dos pulmões ao descobrir uma imensa quantidade de fotos e vídeos em que Sara se mostrava para a câmera em pouca ou nenhuma roupa, em posições muito reveladoras. Rolou a barra de rolagem para baixo, chegando nos últimos arquivos, onde estavam os vídeos em que ela estava acompanhada de Diego e abriu um deles que datava de três dias antes. Victoria se perguntou como teria sido possível, uma vez que Diego estivera muito ocupado nos dias anteriores, mas logo essa resposta foi sanada. O cenário ao redor dos dois era o familiar estábulo, onde a eguinha Canela aparecia ao fundo, aparentemente adormecida, mas a iluminação era parca, indicando que eles tinham aproveitado a madrugada, quando todos estavam dormindo para se encontrar às escondidas. Pouco conseguia distinguir, exceto pelos movimentos repetitivos e as respirações ofegantes dos dois.

Passando o dedo pelos arquivos seguintes, percebeu um que lhe chamou a atenção, datado de alguns dias antes daquele. Abriu o vídeo que mostrava uma ampla filmagem de um pasto verde em um dia ensolarado. Miudinha, ao longe, Victoria pôde reconhecer a residência dos Valente. A pessoa que segurava o celular, sem dúvidas Sara, parecia estar escondida atrás do tronco de uma árvore qualquer.

O cenário lhe parecia extremamente familiar e seus sentidos se aguçaram, deixando-a angustiada e ansiosa.

O coração de Victoria saltou em seu peito quando ela foi capaz de relacionar a data do vídeo ao cenário que ele mostrava. Suas pernas tremeram, ameaçando ceder e ela deixou sua boca pender, aberta, desprovida de reação.

"Não pode ser. Isso não!" Pensou, levando uma mão à boca.

Mesmo de longe foi capaz de perceber os cachos de seus próprios cabelos tocando o tronco da árvore enquanto o primo a empalava de maneira ávida. O vídeo completo tinha um total de doze minutos e o primeiro deles mostrava o momento em que ela esticava a mão para chamar o garoto que estava mais adiante. Reconheceu instantaneamente as formas de Gabriel.

"Ela filmou tudo! Não, não, não."

Sua primeira reação foi levar a mão até as configurações para apagar o vídeo, mas , emum rompante de racionalidade, desistiu, como se ela mesma se avisasse de que, além de aquela provavelmente não ser a única cópia, aquilo podia delatar toda a trama que vinha planejando.

Um sobressalto desencadeado por um farfalhar na beira da clareira quase a fez derrubar o aparelho no chão.

Matheus se aproximou, exasperado e com os olhos arregalados. Ele fazia sinal com a mão para que Victoria se apressasse.

- Eles estão vindo. - sussurrou ao passar por ela.

Sem muito pensar, ela fechou o Dear Diary, abriu novamente a filmagem pausada e voltou a posicionar o aparelho dentro da bolsinha de Sara, com a câmera voltada para onde estivera momentos antes. Com cuidado, voltou a filmar e os dois saíram dali apressados.

Não demorou muito para que Sara chegasse, rindo, seguida por Diego.

O fruto proibido ( Erótico )Onde histórias criam vida. Descubra agora