A garota desceu do ônibus escolar e caminhou apressada em direção à entrada da casa. Precisou, como fazia todos os dias, forçar a maçaneta para desemperrá-la. A porta rangeu alto quando o fundo arrastou sobre o piso. O semicírculo desenhado sobre a cerâmica mostrava o desgaste do trajeto que a pesada folha de madeira fazia ao ser empurrada, dia após dia.
Ela descalçou os tênis e os depositou, com esmero, ao lado dos outros calçados muito maiores, pertencentes ao pai e ao irmão. Calçou, então, sua pantufa e atravessou a cozinha apressadamente, depositando a mochila pesada sobre um aparador. Ao ouvir o pai tossir, encheu um copo com água se dirigiu para o quarto.
Ela bateu três vezes antes de entrar. O pai ainda tossia de uma maneira doentia em uma de suas crises, o que sempre a preocupava.
O homem deitado na cama tinha uma aparência cansada. Duas olheiras escuras se formavam sob os olhos, inchados de cansaço. Ele tirou a mão que segurava um lenço da frente da boca e a escondeu. A garota sabia o porquê.
— Oi pai. — Ela o cumprimentou, seguindo em sua direção e o entregando o copo com água. — Cheguei.
O homem levou as mãos descarnadas em direção ao copo e o trouxe até a boca com esforço evidente, como se estivesse pesado demais para ele. Depois de beber alguns goles, ele depositou o objeto meio cheio sobre o aparador de cabeceira e então sorriu para a filha.
— Obrigado, Sarinha. — Ele a puxou para um abraço. — Como foi a aula hoje?
Estava tão magro, que a garota podia sentir seus ossos espetarem por sob a pele mais fria do que deveria ser. Ele sempre perguntava como tinham sido suas aulas. Entretinha-se com as histórias, às vezes repetitivas, que Sara lhe contava. Mesmo os causos mais corriqueiros pareciam prender completamente sua atenção, o que fazia com que a garota amasse passar o tempo contando suas histórias para o pai.
Nem sempre tinha sido daquele jeito. No ano anterior, o pai fora um homem forte e saudável. A mãe os havia deixado quando Sara ainda usava fraldas e, à partir dali, ele havia cuidado dela e do irmão da melhor maneira que conseguira. Ainda que nunca tivessem sido ricos, nunca deixara faltar aquilo que ela e o irmão precisavam para viver. De alguns meses para cá, no entanto, caíra de cama e definhara, vítima de uma doença aparentemente incurável.
— Fui eleita novamente como líder de turma. — contou-lhe, com orgulho, vendo o brilho aparecer nos olhos do pai. — É a terceira vez seguida.
A boca fina e enrugada se torceu em um sorriso. Covas profundas eram visíveis nas bochechas magras, mas sua alegria, naquele momento, parecia genuína.
— Estou tão orgulhoso de você.
Ela suspirou, contente com aquele agrado.
— O senhor comeu alguma coisa agora à tarde? — Ela perguntou, abaixando-se para recolher o prato vazio que jazia ao lado da cama.
O homem fez uma careta, como se lembrasse de uma dor que estava sentindo.
— Não, filhota. — A boca se torceu. — Meu estômago não tem me ajudado muito.
Sara sabia que o tratamento exigia muito do corpo do pai, mas agarrava-se à esperança de que depois de todo aquele sacrifício, logo ele poderia voltar a viver uma vida normal.
— Senhor Mauro Nakamura. — ralhou. — Você sabe muito bem que não pode deixar de comer. — A expressão se abrandou logo em seguida. — Precisa se manter forte.
Mauro suspirou.
— Eu sei, eu sei. Não precisa me chamar pelo nome completo. — Ele se virou e pôs os pés para fora da cama. — Me ajude a ir até a cozinha.
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O fruto proibido ( Erótico )
Romance🔥🔞🔥 Essa história possui cenas eróticas detalhadamente descritas e não é recomendado a menores de 18 anos. A fruta mais doce geralmente se encontra no galho mais alto. O que é proibido é mais gostoso, mais especial. E é infinitamente mais difícil...