Um banho para lavar a culpa

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Victoria sentia o coração pular, descompassado, em seu pequeno peito. Matheus havia proposto um desafio, sabia ela, tomado pelo sentimento de luxúria e curiosidade que os dois haviam construído um pelo outro ao longo dos dois últimos dias, mas, ela havia, sem dúvida, dobrado a aposta em um valor o qual não tinha a certeza de possuir.

Seu corpo queimava de desejo, mas, se algo saísse do planejado... se os dois fossem pegos, seriam, sem sombra de dúvidas, separados um do outro e, ela, o pai e sua insuportável madrasta, provavelmente passariam os dias que viriam a seguir em algum hotel até o retorno para o Rio de Janeiro. A viagem seria infinitamente mais tensa do que a de vinda, uma vez que o pai lhe prestaria um infindável sermão, não bravo, mas decepcionado, como ele mesmo costumava dizer quando ela, mesmo que raramente, tomava escolhas as quais ele não aprovava.

Olhou pela janela, regozijando-se com a vista privilegiada do enorme tapete gramado aonde algumas cabeças de gado pastavam, morosas, ao sol do início da tarde e suspirou, ainda indecisa.

O barulho de água que vinha do banheiro a fez imaginar o corpo jovem e viril de seu primo a ser ensaboado e aquilo a fez sentir seu sexo já sensível lhe mandar sinais de que estava perdendo tempo.

Seus olhos passearam por todo o local e estacaram sobre o redondel, ao longe, onde Canela bebia a água de uma manjedoura, coberta pela sombra do beiral. Foi assaltada, de repente, pelas lembranças do que havia presenciado e do que havia feito dentro do estábulo e calculou quão próxima havia estado de perder sua preciosa virgindade com Matheus. Quantas vezes havia interrompido um beijo que começava a aquecer seu corpo com algum colega de classe, com medo de se entregar à pessoa errada?

"Um dia você vai se apaixonar por alguém e vai se entregar a essa pessoa. Ou talvez, não. Nem sempre é assim. Nem sempre é com alguém especial" Lembrou das palavras que sua mãe lhe havia dito um par de anos antes. "Mas quando acontece com alguém que você ama, conhece e confia, é muito mais gostoso".

"Ama, conhece e confia". As três palavras dançavam em sua mente, rodopiando ao redor uma da outra, em uma ciranda distorcida, tendo como centro, a imagem do próprio primo, a quem amava, conhecia e confiava com a própria vida desde que passara a se entender como pessoa. Mas era errado. Ela sabia que era errado. "Então por que parece tão certo?" pensou em voz alta.

Um barulho destoante e um tanto animalesco chamou sua atenção em direção à varanda da casa. Ela sorriu, divertida, ao ver a velha dona Rute meneando a cabeça enquanto observava seu marido a roncar, sonoramente, embalado por um sono repentino, sentado à cadeira de balanço. Ela tirou a xepa do palheiro, já apagada, de sua boca e a atirou no cinzeiro de madeira que jazia sobre a mesa. Em seguida, saiu, cantarolando pela estradinha, em direção a uma pequena casinha que ficava mais adiante, ainda dentro do terreno de seu tio.

Um tremor atravessou seu corpo quando um sentimento de urgência a fez, sem tempo a perder, pegar sua toalha de banho e atravessar o corredor em direção à porta do banheiro.

Ela levou a mão à maçaneta, sem decidir se torcia para que a fechadura estive trancada ou não e, então, a torceu. Seu coração, que já estava aos pulos, bateu ainda mais forte contra seu peito quando, com um rangido baixinho, a porta se abriu. Ela olhou em direção ao box, que estava tomado de vapor, encontrando a silhueta do corpo de Matheus que se lavava sem parecer ter percebido sua entrada para lá do vidro embaçado. Ela atravessou o umbral, movendo a folha de madeira devagar e, então, fechou a porta com cuidado para não fazer barulho. Seu estômago se embrulhava violentamente por conta da ansiedade e, quando ela girou a chave, se convenceu de que não havia mais volta. Ela depositou sua toalha e seu par de roupas sobre as de Matheus e se despiu devagar enquanto distinguia o desenho do corpo de seu primo.

O fruto proibido ( Erótico )Onde histórias criam vida. Descubra agora