O pomar

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Sara se manteve distante, fingindo desinteresse nas atividades de Diego durante a tarde. Pulou a cerca para o pomar do vizinho e fez seus vídeos, nunca se afastando além do campo de visão. De quando em quando, olhava desconfiada, talvez, torcendo para que Matheus, Victoria e Miguel se apressassem em sair para que ela pudesse se aproximar.

Victoria não tirava os olhos dela. Quase nunca a perdia de vista e, quando, depois de sumir pelo meio de alguns arbustos, ela voltou sem o celular na mão, cutucou Matheus e apontou, discretamente enquanto ela se afastava.

— Ela está se preparando. — Ela sussurrou enquanto amamentava o bezerro com a mamadeira. — Deixou o celular em algum lugar atrás daqueles arbustos.

Matheus sinalizou com a cabeça para Miguel e eles passaram a acelerar o trabalho.

— Quando terminarem isso aí, podem ir. — Diego falou com a voz estrondosa, trocando um olhar discreto com a mulher que estava à distância. — Pode deixar que eu termino aqui, Matheus.

— Tem certeza? Falta bastante coisa ainda, Diego. — Ele fingiu prestatividade.

— Nada. O resto eu termino. Tenho a tarde toda e vocês falam mais do que trabalham.

Matheus o encarou e então, sorriu.

— Então tá. — Deu de ombros. — Vamos, Miguel?

Miguel deixou o que estava fazendo, secando o suor que lhe escorria pela testa e, então, concordou.

— Vamos. Eu preciso desmontar aquela bomba ainda hoje para ver se consigo desemperrá-la.

Diego não pareceu dar ouvidos à encenação. Continuou o que estava fazendo, absorto enquanto acompanhava Sara com o canto dos olhos.

Os três saíram do rancho e se dirigiram para a porteira. Victoria olhou para trás algumas vezes enquanto tanto Diego quanto a madrasta pantomimavam amenidades.

Ao sair da propriedade e das vistas dos dois, se separaram. Enquanto Miguel seguiu pela estrada em direção à propriedade dos Valente, Victoria e o primo seguiram para o lado oposto, em direção às terras do outro vizinho. Olharam para os lados, verificando a presença de olhos inconveniente e, então, passaram por entre os arames farpados.

— Ai! — Victoria choramingou ao perceber o arranhão na panturrilha. — Droga.

— Você está bem? — Perguntou Matheus, preocupado.

— Estou sim. Vamos!

Os dois se embrenharam pelo milharal, tomando cuidado para se manterem abaixo da altura das plantas. Algumas galinhas distraídas se dispersaram, assustadas, quando eles as surpreenderam. Quando o milharal chegou ao fim, Matheus estacou, fazendo sinal para que Victoria parasse.

— O que foi? — ela sussurrou.

O garoto apontou para mais adiante, onde uma velha senhora, encarquilhada e dobrada sob camadas e camadas de idade se esticava para estender algumas peças em um varal de arame. Perto dela, sentando na porta da casa humilde de madeira, um homem com não mais do que cinquenta anos que devia ser seu filho trançava um chicote de couro.

— Se o seu Flor nos pega aqui, é capaz de soltar os cachorros em cima da gente.

— Não era melhor a gente ter só pulado a cerca das terras de vocês, como a Sara fez?

— E correr o risco de ela nos ver? Não, não. Por aqui é mais garantido. O seu Flor só vai ficar até que a dona Helga termine de estender a roupa. Depois ele vai lá para dentro... Ou assim espero.

Victoria suspirou, agoniada. A velha senhora parecia demorar todo o tempo do mundo entre uma toalha e outra e, por conta disso, tiveram de esperar, perdendo preciosos minutos.

O fruto proibido ( Erótico )Onde histórias criam vida. Descubra agora