— Alimentou as tilápias? — Antônio checava a caçamba do pequeno e judiado caminhão que havia comprado no ano anterior para auxiliar nos afazeres do campo. — Limpou os filtros ontem?
— Sim, senhor. — Matheus respondeu, obedientemente.
— Já deu comida para os cachorros? Limpou os canis?
— Eu que fiz isso hoje, tio. — Victoria se adiantou, orgulhosa.
O dia ali amanhecia mais cedo. Antes mesmo de o sol mostrar seu primeiro filete alaranjado no horizonte, a dona Rute trazia uma garrafa de café fumegante e se punha a sovar a massa dos pães que preparava quase todos os dias. Batia portas de armário e panelas, cantarolava baixinho, mas não tão baixinho para que não fosse ouvida dos quartos e, quase sempre, servia-lhes de despertador. Matheus tinha a certeza de que ela o fazia de propósito, se sentindo incomodada se as pessoas, ali, dormissem até mais tarde. A bem da verdade, aquilo nunca o incomodara, contudo, lembrava-se de seu pai acordando de mau humor todos os dias até que aprendesse os maneirismos da vida na fazenda. Victoria fizera questão de acordar cedo para ajudar com algum serviço e, depois de muito negar em nome do cavalheirismo, Matheus acabou por aceitar sua ajuda.
Antônio sorriu para a sobrinha.
— Esse crápula está te dando muito trabalho, princesa? — ele fez um afago nos cachos negros, amarrados em um rabo de cavalo.
— Sim! — Victoria respondeu, fingindo um beicinho de choro. Matheus a olhou, incrédulo, e pensou em protestar. — Análogo à escravidão, tio.
Antônio encarou o filho e, por um momento, o garoto pensou que ia receber uma reprimenda. Então, um sorriso breve se abriu entre seus lábios e o homem apenas balançou a cabeça e voltou a checar a firmeza da caçamba de madeira.
— Vou lá buscar trato. Eu preciso que fiquem por aqui, hoje. — pediu, sem olhar para trás. — O César vem aqui de novo para checar o bezerro. Acompanha ele, Matheus. O Diego vai estar na colheita. Da uma atenção pro homem e, depois, ajuda o Diego. — ele olhou de Matheus para Victoria. — Você, fica à vontade, princesa. Se quiser, pode pedir para o Matheus encilhar a Canela para você.
— Obrigada, tio. Mas hoje eu estou toda dolorida nas pernas e no bumbum. — ela fez uma careta de dor quando levou uma mão ao traseiro. — Não sabia que montar deixava o corpo tão dolorido.
Matheus teve a impressão de ver um brilho de malícia atravessar, rapidamente, o rosto da prima.
Antônio abriu a porta do caminhão e girou a chave, dando a partida depois de várias tentativas.
Ele manobrou o veículo, aproximando-o da varanda da casa e, logo, buzinou.
Matheus e Victoria se aproximaram a pé, ouvindo uma discussão se desdobrar do lado de dentro.
— Eu não sei aonde está o seu diário, Sara. Já falei. — a voz de Bruno soava estrondosa. — Não estou nem conseguindo achar a chave do carro. E tinha certeza de tê-la levado para o quarto, junto comigo.
— Então alguém entrou no nosso quarto, por que meu diário também estava lá. — a voz esganiçada de Sara soava ainda mais estridente.
— Vamos logo, Bruno. — Antônio chamou, do caminhão. — Quero voltar antes do almoço.
O pai de Victoria pôs a cabeça para fora da porta e fez sinal com a mão.
— Só deixa eu achar a chave do meu carro para pegar meus óculos. Um minuto. — ele se virou para trás, em direção à namorada. — Sara, eu já falei que não vi esse seu diário desde aquela parada que fizemos logo antes de chegar na cidade. Tem certeza de que não o deixou cair por lá?
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O fruto proibido ( Erótico )
Romance🔥🔞🔥 Essa história possui cenas eróticas detalhadamente descritas e não é recomendado a menores de 18 anos. A fruta mais doce geralmente se encontra no galho mais alto. O que é proibido é mais gostoso, mais especial. E é infinitamente mais difícil...