Verdade ou desafio

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Enquanto Gabriel e Matheus se encarregavam de montar e acender a fogueira, a pedido das garotas, Miguel se sentou sobre uma pedra e pôs-se a dedilhar as cordas do seu violão. Fora algumas nuvens esparsas, o céu estava limpo e o clima se tornava cada vez mais leve e descontraído, talvez, tendo os efeitos afrodisíacos do tal cogumelo como tempero.

Victoria e Dani se encarregavam de esvaziar as mochilas e ajeitar as coisas sobre duas toalhas de mesa que tinham trazido. As duas tinham se afeiçoado rapidamente uma à outra e, de quando em quando, lançavam olhares a algum dos garotos, fazendo algum comentário em cochicho e rindo de maneira maliciosa, lançando piscadelas ou lambendo os lábios de maneira sedutora quando eram pegas.

Miguel ainda não tinha se convencido completamente de que tomar a decisão de mostrar a caverna a pessoas de fora tinha sido acertada, por outro lado, gostava suficientemente dos presentes para confiar que nenhum deles contaria a qualquer um sobre o que tinha visto. Ainda assim, para garantir, conversaria com cada um sobre isso em algum momento da noite.

Gabriel parecia estar tranquilo sobre aquilo mas, a bem da verdade, ele sempre estava tranquilo sobre todo e qualquer assunto, o que o descartava como parâmetro na hora de decidir entre o que era certo e o que era errado. Certamente, seu pai, se descobrisse, não aprovaria, uma vez que, em teoria, nem mesmo sabia que os filhos conheciam o segredo daquelas terras e mais do que isso, sempre tinha sido contundente sobre levar estranhos até o manancial. Várias vezes, Miguel se pegara se perguntando se o irmão mais velho sabia de alguma coisa. Se sabia, guardava segredo muito bem.

Gabriel tinha descoberto a porta da caverna antes dele e, depois de muito insistir, convencera-o a explorá-la, surrupiando o molho de chaves que o pai escondia e fazendo uma cópia para si. Eles não sabiam a exata extensão da enorme galeria de túneis que aquele morro escondia, mas sabiam que os tais fungos cresciam em vários outros pontos daquele labirinto subterrâneo e, mesmo depois de muito pesquisar em diversas fontes, não sabia de que espécie se tratava, chegando a cogitar a possibilidade de ser uma espécie puramente endêmica dali, jamais tendo sido catalogada.

As propriedades claramente afrodisíacas vivenciadas pela ingestão do cogumelo eram mais visíveis do que em qualquer outro fungo sobre os quais já tinha lido e lhe afloravam uma enorme curiosidade. Não fosse seu pai tão protetor quanto aquele segredo, certamente teria informado alguém da comunidade científica para que amostras fossem colhidas e estudadas.

Não podia negar que, trazer as garotas até ali tinha sido aceito por ele, em parte, por conta da curiosidade sobre como aquele efeito tão único seria surtido em mulheres. Isso e a ideia de novamente ouvir Dani e Victoria a gemerem, ainda mais entregues do que costumavam ser.

Quando os primeiros gravetos de madeira verde começaram a estalar no fogo, Miguel cantarolou um sertanejo suave, recebendo um olhar de esguelha de Victoria. A garota o encarou, deixando-o sem jeito enquanto sorria de maneira debochada, mas ao ouvi-lo chegar ao refrão, sentou-se sobre uma das toalhas e se divertiu, ouvindo os outros juntarem suas vozes à música.

Quando as últimas notas foram tocadas, Miguel já notava trejeitos excitados nos ouvintes, em especial, nas duas garotas, que, sem perceber, se remexiam e levavam as mãos à própria pele em busca da sensação de toque.

Tendo o que ele mesmo vinha sentindo como parâmetro para concluir que os corpos já estavam aquecidos, trocou um olhar com o irmão, meneando a cabeça apenas levemente e sabendo que ele entenderia.

— Então... — Gabriel ergueu a voz. — Eu quero propor uma brincadeira.

Todos o ficaram observando, curiosos.

— Eu posso imaginar que tipo de brincadeira pretende propor. — Dani se adiantou, rindo e se servindo de um copo de licor, buscando o olhar dos outros.

O fruto proibido ( Erótico )Onde histórias criam vida. Descubra agora