Chiswick – Isabelle
Izzy estava sentada no trono, a coroa pesada escorregava de sua cabeça quando ela se virava para o irmão que estava sentado ao seu lado.
As pernas de Izzy não alcançavam o chão, então o pai a pegou e a desceu. Alec, como sempre sem medo de cair, pulou do trono e se juntou a irmã. Robert se ajoelhou no chão e Izzy e Alec colocaram a coroa em sua cabeça. Essa coroação já havia acontecido dezenas de vezes.
Robert ergueu as mãos em garras para os filhos que tentam correr, mas são pelos pelo pai que os enche de cócegas. Eles se debatem até estarem sem forças deitados enquanto a coroa rolava pelo chão. Mas Robert ainda continuava ali, ainda abraçava os filhos como se eles fossem a coisa mais preciosa de sua vida.
Vozes ao longe acordaram Izzy. Ainda sonolenta ela viu Maryse dormindo ao seu lado com Max ainda no colo. Parado na porta estava Alec, ele tinha aberto apenas um frecha da porta e estava conversando com alguém.
Izzy se levantou com cuidado para não acordar a mãe e o irmão, então foi até Alec. Ela reconheceu as vozes antes mesmo de ver quem era.
—Eu sou tão burra.—A voz família de Aline vazou para o quarto. Izzy viu quando Aline passou por Alec e a abraçou, as duas quase indo ao chão.—Eu sinto tanto não ter estado aqui.—Izzy nunca tinha visto Aline tão sentimental, mas era bom ver esse lado dela agora.
—Você está aqui agora.—tranquilizou Izzy.—É isso que importa.—Aline abraçou Izzy denovo e por cima do ombro da amiga, Izzy pode ver Alec e Jace ainda na porta as encarando.
Faltavam poucas horas para que o dia amanhecesse e Izzy, Alec, Jace, Michael, Patrick, Aline, Clary e Benedict estavam na sala de Robert.
—Vasculhamos todo o castelo e os arredores.—dizia Michael.—Ainda a patrulhas protegendo o castelo, mas nenhuma movimentação estranha.
—É pior do que imaginamos.—disse Patrick.
—O traidor está aqui dentro.—concluiu Alec e um silêncio se estendeu pelo cômodo. Izzy olhou para Aline uma passo atrás de si encostada na parede.
—Não sabemos disso.— Um ódio por Benedict cresceu dentro dela.
A porta se abriu rapidamente e todos os olhares se viraram. Um guarda entrou apressado. Ele fez uma referência e esperou até que Alec assentir para disser:
—Achamos alguma coisa.—O guarda se virou e logo todos estavam o seguindo.
Izzy sabia aonde aqueles corredores levavam. Ela olhou para trás e os guardas os acompanhavam. Mais alguns passos e eles estavam nas masmorras no castelo, as grades enferujadas das celas visíveis pela fraca luz da única tocha no local.
Havia um homem dentro da cela. Ele estava de joelhos e quando levantou o rosto estava com cortes nos lábios e acima da sobrancelha. Sangue escorria dos cortes.
Izzy o reconheceu pelos olhos verdes que eram raros na corte. Ele era novo na corte, havia ganhado terras e títulos de seu antigo Senhor depois dos serviços de duas gerações de sua família. Ele não tinha mais que 30 anos e parecia assustado, apesar de tentar de tudo para parecer que não.
—Encontramos esse homem tentado pular um dos muros do castelo, e quando questionado, ele confessou ter matado o rei envenenado.
Izzy sentiu um baque em seu peito, ela cambaleou para trás um passo e sentiu quando Aline enroscou a mão na sua. Alec ficou rígido ao seu lado, mas não se moveu.
—Você confessa ter assassinado seu rei?—perguntou Alec com a voz que o pai usaria.
—Ele era fraco. Estava colocando nosso país em perigo por causa dessa puta.—O homem cuspiu e se Clary não tivesse se afastado teria acertado em seu vestido. Um dos soldados socou o homem no estomago. A expressão de dor tomou conta do rosto do homem, mas logo sumiu.
—Torture–o e descubra se mais alguém ou algum reino está envolvido.—Alec se virou para Michael.—Quero resposta até ao amanhecer.
Alec se virou e saiu da sala sem olhar para ninguém. Clary permaneceu olhando para o chão. Aline, Jace e Izzy se entreolharam.
—Terá uma morte dolorosa e agonizando, e estarei na primeira fila para assistir.—rosnou Izzy antes de sair da sala, os outros a acompanhando.
Michael e Partick ficaram na sala para começar a tortura. Izzy conseguia ouvir as perguntas que faziam e os gritos de dor do prisioneiro. Benedict simplesmente sumiu das sombras dos corredores mal iluminados.
—Eu posso te acompanhar até seus posentos, se quiser.—Ofereceu Jace a Clary, mas ela olhou para Izzy.
—Obrigada, mas eu acompanho nossa princesa.—disse Izzy ao amigo. Jace deu um pequeno aceno de cabeça e saiu pelos corredores com Aline ao seu lado, a amiga a oferecendo um olhar solidário ainda de partir.
Em silêncio, Clary e Izzy começaram a andar pelos corredores.
—Obrigada por ficar com Max, por cuidar dele.—disse Izzy quebrando o silêncio.
—Eu gosto dele.—Clary deu um pequeno sorriso.—Eu quero ajudar no que puder, vocês são minha família agora. Você é minha família.—As duas estavam paradas olhando um para outra. Izzy via a verdade das palavras de Clary refletida em seus olhos e percebeu, por um momento, que Clary também era sua família e que ela ajudaria no que pudesse. Izzy se assustou quando Clary deu um passo para frente, mas ela não se moveu. Os olhos das duas ainda fixo um no outro.
—Você acha que é verdade? Oque aquele homem falou?—Os olhos de Clary dançavam pelo rosto de Izzy.
—Nenhuma palavra. Ele estava errado em tudo que disse.— Clary iria dar outro passo, chegar mais perto do que elas jamais estiveram, não com Izzy tão sóbria.
—Clary?—Clary se afastou um passo ajeitando o vestido e desviando o olhar de Izzy. Ela parecia desconfortável.
—Emma!—disse ela a amiga.
—Fomos mandadas para o quarto, mas quando eu fui te procurar sua mãe disse que você não estava lá. —Emma estava ao lado delas agora.—Você está bem?—Quando Clary não respondeu Emma virou seu olhar para Izzy.
—Eu estou bem.—disse Clary com um sorriso, isso fez com que a atenção de Emma voltasse para ela.—Vamos.—ela entrelaçou seus braço no de Emma.—Meus pais devem estar preocupados.
Izzy estava voltando para o quarto de Max agora que Clary estava com Emma. Ela queria ficar com a mãe e o irmão, não iria deixá-los sozinhos agora, mas seus pensamentos não estavam neles. Izzy não entendeu oque aconteceu naquele corredor, e nem o calafrio que a percorreu quando percebeu que Clary estava se aproximando.
Mas nada disso importava, não agora. Izzy tinha coisas piores para resolver. Ela passou pelos guardas que protegiam o quarto de Max e abriu a porta. Os dois ainda dormiam. Em silêncio, Izzy andou até a cama e se ajeitou ao lado de sua família.

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Realeza
FanfictionClarissa Morgenstern, princesa de Heosphoros, é dada a casamento a Alec Ligthwood, herdeiro do trono de Chiswick como forma de unir os dois reinos em um acordo para se tronarem aliados contra a guerra que se aproxima. Clarissa acreditava que mesmo s...